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Como este ex-office boy criou clínicas que faturam R$ 40 mi

Geilson Silveira começou a trabalhar aos 13 anos de idade e abriu vários negócios. Um deles, chamado Docctor Med, tornou-se uma ideia de 40 milhões de reais

Geilson Silveira, da Docctor Med: ele começou a trabalhar como office-boy, ainda adolescente (Docctor Med/Divulgação)

Mariana Fonseca

Publicado em 16 de fevereiro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 16 de fevereiro de 2018 às 06h00.

São Paulo – Para muitos, a melhor escola do empreendedorismo é ter (e saber quando desistir de) diversas ideias de negócio , ao mesmo tempo em que se aproveita o tempo como empregado para adquirir conhecimentos.

O empreendedor Geilson Silveira compartilha dessa máxima. Ter passado por diversas experiências como funcionário e como dono de empresas foi fundamental para que um negócio de sucesso finalmente surgisse: a rede de clínicas populares Docctor Med, criada em 2009.

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Com foco nas classes C e D, a Docctor Med realiza hoje mais de 40 mil atendimentos por mês e tornou-se uma rede de 38 franquias. Apenas em 2017, o negócio faturou 40 milhões de reais. Para este ano, espera crescer em unidades e em receita.

Carreira e primeiros negócios

Natural de Porto Alegre (Rio Grande do Sul), Silveira começou a trabalhar aos 13 anos de idade, como office-boy em uma empresa de engenharia e depois em uma empresa de materiais de construção.

Na segunda empresa, o funcionário foi promovido quatro vezes. Silveira foi de office-boy para auxiliar de cobrança, para auxiliar de compras, para auxiliar financeiro e, finalmente, para assistente contábil. “Foi minha maior escola. Passei por diversas áreas e não há curso superior que ensina o funcionamento de tantos departamentos como essa experiência que tive”, conta.

Ao mesmo tempo, Silveira começou seu primeiro empreendimento. Abriu uma gráfica aos 16 anos de idade, junto com dois colegas de bairro, realizando as impressões no turno da noite.

O investimento no negócio foi de 23 mil reais. Dois anos depois, a gráfica foi vendida por um valor cinco vezes maior do que esse aporte inicial. “Sendo adolescentes, para nós era muito dinheiro. Comecei a me desenvolver nesse mundo de empreendedorismo.”

Ainda sem saber qual novo empreendimento abrir, Silveira fez de tudo um pouco. Tinha três empregos ao mesmo tempo: comprava e vendia carros, comercializava chocolates da marca Garoto e era promotor de eventos.

Aos 26 anos de idade, Silveira criou uma clínica de estética. “Trabalhando com estética, entendi mais sobre a estrutura de uma clínica e consegui proximidade com médicos. Comecei a ver a oportunidade que eram as clínicas populares. Fiquei um ano com estudos e cursos, como o Empretec, do Sebrae”, conta.

A primeira clínica de saúde popular Docctor Med foi inaugurada quando o empreendedor tinha 30 anos de idade, em 2009.

Docctor Med: começo e crescimento

“Uma clínica popular tem um nível de complexidade muito alto – nós trabalhamos com 35 especialidades, cada uma com sua particularidade de gestão e seus equipamentos específicos. Comprei ultrassons errados, coloquei mais funcionários do que o necessário, montei uma clínica de 700 metros quadrados sem necessidade”, conta Silveira.

Silveira havia investido 1,2 milhão nessa primeira clínica popular, quando 500 mil reais bastariam. Diante dos erros e da falta de experiência em gerir tantas equipes médicas, ele quase pensou em desistir. “Só consegui resolver porque mergulhei em como era cada departamento de uma clínica médica. Fui desde atendente externo de pacientes até recepcionista da clínica. No início de 2011, vi que a situação começou a melhorar.”

Segundo o empreendedor, por trás do crescimento estava a situação do sistema de saúde em Alvorada, no Rio Grande do Sul, e da pouca quantidade de players no setor de atendimento médico para as classes menos endinheiradas.

“Nós fomos a terceira empresa relevante de clínicas populares, e demos um serviço muito além de qualquer assistência médica da época. Fiz um volume de atendimento muito grande e consegui atrair consumidores sem muito esforço. Hoje os empreendedores têm uma situação mais difícil, já que temos 27 clínicas populares de 17 redes só nessa região.”

Em 2013, a Docctor Med resolveu entrar para o sistema de franchising. O empreendimento já atende mais de 50 mil pessoas por mês, entre três unidades próprias e 38 franqueadas. Em 2017, a rede faturou 40 milhões de reais.

Unidade da rede Docctor Med (Docctor Med/Divulgação)

Obstáculos e estratégias

Segundo Silveira, o maior desafio que a Docctor Med enfrenta hoje é a falta de cultura de medicina preventiva no país, além da crise econômica.

“A classe social C e D ainda deixa a saúde em segundo plano e só procura assistência médica quando possui patologias avançadas. Com a recessão, também sentimos muita dificuldade de o paciente dar continuidade aos tratamentos, pelo custo dos exames.”

Para continuar relevante, a rede decidiu parcelar o valor dos testes médicos em até dez vezes e também tentar reduzir o preço total dos exames. Segundo Silveira, os procedimentos pela Docctor Med costumam ser até 40% mais baratos em comparação a uma tabela particular.

Para o primeiro semestre de 2018, a rede de clínicas populares irá implantar mais 13 unidades franqueadas e outras três unidades próprias. O faturamento previsto para o ano é de 65 milhões de reais.

Até 2020, a projeção é ter mais 100 unidades do que hoje e faturar mais de 200 milhões de reais.

Docctor Med
Investimento inicial: 180 mil reais
Prazo de retorno: 18 a 36 meses

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