Exame Logo

Como a dona do sonho mais famoso do ABC fatura R$ 60 milhões

Empresa familiar de 64 anos já passou por três gerações, virou rede de franquias e aposta na qualidade para fazer sucesso

Sonhos: Brasileira vendeu mais de 1,6 milhão de unidades do quitute em 2016 (Divulgação)

Anderson Figo

Publicado em 5 de março de 2017 às 07h00.

Última atualização em 6 de março de 2017 às 10h50.

São Paulo - Os famosos saquinhos azuis dificilmente ficam mais do que cinco minutos em cima do balcão, e tem sempre alguém perguntando se vai demorar para sair uma nova leva sabor tradicional ou doce de leite. Muitas vezes, as pessoas ficam com um de cada.

Se você mora no ABC Paulista ou frequenta as cidades da região, provavelmente já sabe que estamos falando do sonho da Padaria Brasileira.

Veja também

A empresa familiar conseguiu se adaptar às necessidades dos clientes nos últimos 64 anos e se tornou uma rede de franquias que fatura, hoje, entre 50 e 60 milhões de reais por ano.

Qual a receita disso? Foco na qualidade e boa gestão, segundo Antônio Afonso Junior, sócio-diretor da Brasileira. "Nosso modelo de negócio passa por modernizações de tempos em tempos, mas o objetivo é sempre manter a oferta de produtos de excelente qualidade."

A estratégia funciona tão bem que a Brasileira conseguiu se tornar referência no ABC quando se fala em dois produtos que são feitos por outras centenas de estabelecimentos na região: o sonho e a coxinha de frango com Catupiry.

São um verdadeiro sucesso: apenas em 2016, foram vendidos mais de 1,63 milhão de sonhos e 453 mil unidades de coxinhas. E eles são apenas dois exemplos dos mais de 2,5 mil produtos vendidos pela rede.

Gerações

A sede da Brasileira, que fica na Vila Bastos, em Santo André , foi comprada pelos avós de Junior em 1953. A padaria passou pela primeira grande reformulação em 1977, quando decidiu proibir a venda de bebidas alcoólicas e oferecer serviço de rotisserrie, servindo pratos prontos como carnes, saladas e massas, além de começar a produzir seu próprio sorvete.

Em 1959, foi a vez dos membros da segunda geração da família —os pais e tios de Junior— assumirem o controle do negócio. "Foi quando as pessoas começaram a expandir o hábito de comer fora de casa, e nossa confeitaria começou a ficar bem conhecida", diz.

"Entre 1986 e 1987, no Plano Cruzado, conseguimos conquistar muitos clientes porque não repassamos o ágio do congelamento de preços. Foi nessa época que eu e meus primos começamos a ajudar nossos pais a gerir o negócio", afirma Junior.

Em comum acordo, Junior, sua irmã e mais quatro primos decidiram comprar a Brasileira dos pais em 1989, assumindo sozinhos a direção da companhia. "É uma preocupação nossa manter o negócio na família. Já temos todo o projeto de transição para a quarta geração, nossos filhos, que deve acontecer daqui alguns anos."

Lojas

Durante a transição de gestões, em 1987, foi inaugurada a primeira filial da Brasileira. O local era inusitado: em um shopping. "Era o primeiro shopping da região, o Mappin (hoje Shopping ABC), que queria focar em grandes redes varejistas mas também em lojas reconhecidas e tradicionais do ABC, como a nossa."

Foi também o primeiro modelo lançado da Brasileira Express, a rede de franquias da Brasileira. De lá para cá, a Brasileira abriu mais oito unidades: quatro lojas convencionais e quatro franquias da Brasileira Express (todas as lojas convencionais e uma franquia são próprias), inclusive uma fora do ABC, na Rua Augusta, em São Paulo.

"Nós decidimos centralizar a produção de todas as lojas em nossa fábrica própria, por isso a expansão é um processo complexo. Além disso, as próprias lojas foram passando por adequações ao longo do tempo, de acordo com a demanda do público", diz Junior.

Na Brasileira, o cliente não vai encontrar apenas produtos de confeitaria, rotisserie e patisserie, mas também cafés, jornais e produtos de supermercado. "É uma operação complexa. No mesmo lugar, tem gente comendo pizza, hambúrguer e sopa. É ótimo porque temos movimento o dia todo, não apenas em um determinado horário", afirma o sócio-diretor.

Coxinha da Padaria Brasileira: Foram vendidas mais de 450 mil unidades em 2016 (Divulgação)

Sonho e coxinha

O cuidado para manter a qualidade dos produtos é um diferencial da Brasileira. A empresa tem uma equipe de profissionais, como nutricionistas e técnicos, que constantemente testam novos processos e receitas para aprimorar a oferta de alimentos.

"Há 15 anos, a gente comprou uma máquina para automatizar a produção das coxinhas. Demoramos um mês para ajustar o equipamento para que os produtos não perdessem a qualidade. Deu certo", diz Junior.

"A ideia era fazer o mesmo com o sonho, mas para isso o equipamento precisava de ajustes mais difíceis. Foram cinco anos em contato com a fabricante até que eles finalmente conseguiram fazer uma máquina pra gente automatizar a produção dos sonhos sem perder a qualidade", completa.

Segundo o sócio-diretor da Brasileira, o segredo do sucesso dos sonhos, além da receita própria, está na montagem do alimento. "Os outros lugares primeiro fritam a massa para depois rechear. Aqui não, a gente monta o sonho com o recheio dentro e fritamos tudo junto."

Segundo Junior, os sonhos são feitos na Brasileira desde a década de 1960 e foram passando por mudanças ao longo do tempo. "Antes, eles eram grandes, 100/120 gramas. Durante o processo de modernização da empresa em 1977, decidimos fazer os modelos pequenos, e deu certo", conta. Hoje menores, os sonhos são vendidos em saquinhos com dez unidades.

A fama do quitute é tão grande na região que a Brasileira tem uma campanha com a APAE (Associação Pais Amigos Excepcionais Santo André) chamada "Alimente este sonho". Por duas semanas, a empresa reverte parte das vendas líquidas dos sonhos para o projeto social.

 

Modernização

Para manter o crescimento e enfrentar a crise, os sócios da Brasileira estão atualmente trabalhando na modernização da rede de franquias da padaria.

"A ideia é trabalhar nas franquias com o que a gente tem de melhor, que é a padaria. Estamos estudando tirar o serviço de refeições dessas unidades e focar na montagem de pães especiais e patisserie. Nos metrôs da Alemanha, por exemplo, eles têm diversas redes que funcionam dessa forma, e dão certo", afirma Junior.

No modelo atual, para montar uma franquia Brasileira Express o franqueado tem que desembolsar pelo menos 550 mil reais, que incluem a taxa de franquia e instalação. "Esse valor certamente vai mudar após a modernização. Estamos estudando como disponibilizar os produtos para os franqueados e focando em um modelo que ofereça lucro não apenas para a gente, mas para eles também, obviamente."

Sede da Padaria Brasileira em Santo André (Divulgação)

 

Taxa de franquia e instalação: a partir de 550 mil reais

Prazo de retorno: em torno de 36 meses

Acompanhe tudo sobre:gestao-de-negociosPadarias

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de PME

Mais na Exame