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Cabe mais um nesse portal de caronas?

Os caminhos que o empreendedor Fernando De Bellis pode seguir depois de ter conquistado grandes clientes para sua empresa de caronas

Fernando Doria De Bellis,  sócio-criador do portal Carona Brasil (Fabiano Accorsi)

Fernando Doria De Bellis, sócio-criador do portal Carona Brasil (Fabiano Accorsi)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2011 às 08h00.

Nos últimos tempos, os empreendedores paulistanos Fernando De Bellis, de 35 anos, e Edgard Azzam, de 45, têm penado para conseguir atender todos os executivos de grandes empresas que ligam para saber mais sobre o Carona Brasil, um portal criado por eles em 2008 para organizar caronas entre usuários que viajam pelo país.

Por trás da proposta da empresa está uma lógica relativamente simples — juntar gente disposta a repartir um espaço no carro com caroneiros que queiram dividir os custos da viagem. 

A inspiração veio de sites estrangeiros frequentados por estudantes universitários que precisam fazer o vai e volta entre a faculdade e suas cidades de origem.

O formato anda chamando a atenção de executivos de empresas preocupados em criar alternativas para o transporte dos funcionários. "Compartilhar um automóvel pode ajudar a reduzir os custos que algumas empresas têm com locomoção", diz De Bellis. É o caso, por exemplo, de companhias com um número alto de pessoas que solicitam vale-transporte.

Elas se dispõem a subsidiar parte dos gastos que têm com fretamento de ônibus ou com táxis que levam para casa funcionários que trabalham até altas horas.   


Foi com um argumento assim que ele convenceu clientes importantes, como a Totvs, a John­son&Johnson e o Santander, a comprar os serviços da empresa, que em 2010 faturou 200 000 reais — 150% mais do que em 2009. “A presença de grandes empresas na nossa carteira de clientes foi importante para o negócio deslanchar”, diz De Bellis. 

Quando rabiscaram seus primeiros planos no papel, De Bellis e Azzam pretendiam ganhar dinheiro com anúncios no site. “Achávamos que era possível atrair publicidade desde que conseguíssemos um grande número de usuários”, diz De Bellis. Em 2009, quando a primeira empresa buscou o Carona Brasil, o acerto foi um tanto improvisado.

“No primeiro contato de um executivo da Volks­wagen, ainda nem tínhamos um modelo formatado para o mercado corporativo”, diz De Bellis. Hoje há um produto especial para empresas, que pagam a partir de 9 000 reais por ano para que o Carona Brasil monte um site na intranet e, dependendo do contrato, divulgue o sistema de caronas dentro da empresa. 

Os sócios acreditam na existência de pelo menos dois mercados em que o Carona Brasil poderia crescer rapidamente: o de eventos e o de faculdades. Em 2010, a empresa fechou um contrato com os organizadores do festival de música SWU e outro com o banco Santander, patrocinador da Copa Santander Libertadores.

“Nossa função era organizar caronas para as partidas de futebol e para os shows”, afirma De Bellis. No ca­so das faculdades, fechar contratos está di­fícil. "Em algumas ins­tituições de ensi­no que prospec­tamos, nos disse­ram que a ideia é boa, mas falta garantir a segurança dos estudantes", diz De Bellis.

Para discutir possibilidades de expansão para o Carona Brasil, Exame PME ouviu Franco Machado, sócio da Mogai, empresa capixaba de softwares para planejamento logístico, e Maure Pessanha, sócia da consultoria Artemisia, que ajuda empresas a colocar em prática iniciativas de cunho social.

Também opinou o em­preen­de­dor Luiz Antônio Germano da Silva, da Luftech, que fornece serviços de tratamento de efluentes. Eis o que eles disseram.


 

Próximos  Passos

1 Luiz Antônio Germano da Silva 

Luftech - Porto Alegre, RS: Projetos ambientais para grandes empresas 
Faturamento: 10 milhões de reais (em 2010)

Comboio dos verdes

Perspectivas: Ir de um lugar para outro está ficando cada vez mais difícil nas grandes metrópoles. E mesmo os habitantes de cidades médias começam a sentir o problema provocado pelo excesso de carros. Por isso, a proposta de ajudar a racionalizar a locomoção das pessoas, como a do Carona Brasil, está na ordem do dia.

Oportunidades: A combinação de menos poluição com economia de combustíveis — um efeito indireto da diminuição do uso desnecessário do automóvel — deveria ser mais bem aproveitada. Além das grandes empresas, que já estão procurando os serviços do Carona Brasil, os sócios deveriam firmar parcerias com organizações de proteção ao meio ambiente, como Greenpeace e WWF, para trazer mais usuários engajados com a causa verde.

O que fazer: Para conquistar esse público mais rapidamente, De Bellis e Azzam poderiam associar a imagem da empresa a portais que tenham o mesmo ideal do Carona Brasil. Isso significa, por exemplo, procurar ­ONGs de apoio à preservação ambiental, e divulgar os serviços em blogs de sustentabilidade pode levar muita gente a se interessar pelo que o site oferece. E, quando a empresa tiver um número grande de cadastros, talvez seja possível ganhar algum dinheiro com publicidade.


2 Franco Machado

Mogai - Vitória, ES: Softwares para planejamento de logística
Faturamento: 3 milhões de reais (em 2010)

Mais agressividade

Perspectivas: Cada vez mais as grandes empresas precisam criar maneiras de incentivar o uso consciente dos recursos naturais. Essa é uma exigência para obter certificações importantes no mercado. As ações promovidas pelo Carona Brasil têm um bom apelo e podem ser de grande interesse para quem precisa melhorar as práticas ambientais de seus negócios.  

Oportunidades: Conquistar mais clientes entre as grandes empresas é um bom caminho para o Carona Brasil crescer. Ao analisar o site da empresa, percebi que os empreendedores desenvolveram uma calculadora que mostra a quantidade de gás carbônico que se deixa de emitir a cada viagem compartilhada. Esse tipo de ferramenta é essencial, pois permite ao cliente mensurar os benefícios de um contrato de longo prazo. 

O que fazer: Até agora, De Bellis e Azzam têm atendido apenas os clientes corporativos que batem às portas do Carona Brasil, espontaneamente, depois de indicados por outras empresas. Acho que é hora de adotar uma postura mais ativa. Os empreendedores devem contratar uma equipe comercial que se dedique a prospectar clientes de grande porte. Esses profissionais deverão ser preparados para adequar a proposta do Carona Brasil às certificações mais comuns no mercado em que atuam os potenciais clientes. Isso vai ser importante para diversificar as fontes de receita e pode ajudar a melhorar o fluxo de caixa. 


3 Maure Pessanha

Artemisia - São Paulo, SP: Consultoria para negócios socioambientais

Carona para quem precisa

• Perspectivas: Não é necessário entender muito do público jovem para saber quanto ele valoriza o rótulo sustentável. Essa geração cresceu ouvindo falar que os recursos do meio ambiente são limitados. Mas acredito que o principal atrativo do Carona Brasil seja mesmo a economia. Por isso, os sócios têm de reforçar a proposta de tornar o transporte do dia a dia mais barato.

 • Oportunidades: Nos últimos anos, a oferta de cursos em universidades voltadas para o público de baixa renda tem aumentado consideravelmente. É comum que os alunos dessas instituições precisem sair cedo de casa para trabalhar e só à noite frequentem as aulas. A economia propiciada por uma carona de casa para o trabalho e do trabalho para a faculdade é enorme. 

O que fazer: Na hora de procurar as faculdades, os sócios devem concentrar a prospecção nas destinadas a alunos de baixa renda. Nessa abordagem, po­dem argumentar com a direção ou com o centro acadêmico que o Carona Brasil é o parceiro ideal para que a instituição fomente um serviço ecologicamente correto e, ao mesmo tempo, ofereça uma alternativa para baratear o transporte dos alunos. 

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