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Brasileiros faturam com delivery de coxinhas em Nova York

O casal Ricardo Rosa e Vanessa Oliveira viajou aos Estados Unidos para estudar inglês – e acabou tendo uma grande ideia de negócio.

Petisco Brazuca: negócio surgiu a partir de uma ideia dada em uma festa (Petisco Brazuca)

Mariana Fonseca

Publicado em 30 de outubro de 2016 às 08h00.

Última atualização em 30 de outubro de 2016 às 08h00.

São Paulo – Os empreendedores Ricardo Rosa e Vanessa Oliveira conseguiram realizar o sonho de muitos brasileiros: ter um negócio nos Estados Unidos. E, para isso, bastou pôr em prática uma ideia de negócio que surgiu durante uma festa com outros brasileiros.

Essa ideia, tida em 2012, viraria a Petisco Brazuca: um aplicativo apenas para quem quer pedir salgadinhos brasileiros por delivery – sendo a coxinha o carro-chefe.

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Começando apenas com o público brasileiro que vive nos EUA, logo o negócio conquistou americanos e empresas como Google e Samsung. Tanto é que a Petisco Brazuca fechará este ano com um faturamento entre 180 mil e 200 mil dólares. No horizonte estão a construção de uma fábrica e a expansão para outras regiões americanas.

Ideia de negócio

O então publicitário e a então bancária chegaram aos Estados Unidos em 2012. O plano era passar um ano no país, aperfeiçoando o inglês e tirando um tempo do estresse de suas carreiras. Porém, um encontro acabou mudando a rota do casal.

“Já em 2013, fomos chamados para a festa de um amigo, também brasileiro. Ficamos encarregados de levar petiscos. Nós morávamos perto do centro de Manhattan e procuramos negócios que oferecessem salgadinhos por delivery, mas não encontramos nenhum”, conta Ricardo.

Então, o casal resolveu pegar uma receita de coxinha na internet e fazer os salgadinhos por conta própria. “Foi um sucesso, e uma amiga acabou sugerindo que a gente começasse a vendê-las. Há quase 300 mil brasileiros só em Nova York, e fiquei pensando que muita gente deve sentir falta dos salgadinhos. E não havia nenhum serviço que os entregasse direto no endereço sugerido.”

Mesmo que a ideia tenha surgido de forma despretensiosa, Ricardo e Vanessa já começaram a montar um plano de negócios e a testar receitas.

“Queríamos montar algo que funcionasse só com delivery, sem precisar de uma loja, e que fosse algo paralelo a nossas atividades”, explica o empreendedor. “Em um primeiro momento, não nos preocupamos muito se haveria diversos pedidos: fomos fazendo conforme a demanda, e se não desse certo tudo bem.”

O negócio foi batizado de Petisco Brazuca. O pedido é feito da mesma forma vista em aplicativos de delivery de comida comuns, como o iFood ou o Pedidos Já.

“O cliente entra, marca o tamanho do box que deseja, escolhe o tipo de salgado e pode tanto agendar a entrega quanto pedir para entregar no momento. É ideal para quem tem um evento e quer se programar com antecedência”, diz Ricardo.

São três boxes disponíveis: com 30, 50 ou 100 unidades. Alguns salgadinhos disponíveis são coxinha tradicional, coxinha de queijo, coxinha de calabresa com queijo, coxinha de doce de leite, coxinha vegana, pão de queijo, mini kibe, empadinha de frango com palmito e croquete de mandioca com carne. Para beber, guaraná.

“Mesmo criando novos sabores, todos são inspirados no Brasil. Não tem nada americanizado”, ressalta. Alguns dos produtos usados são importados do Brasil, como farinha de rosca e temperos. Já outros itens, como farinha de trigo, frango e batatas, são comprados nos Estados Unidos. Misturar esses ingredientes de origens distintas e chegar à receita ideal demorou cerca de um ano.

Vanessa Oliveira e Ricardo Rosa: eles foram aos EUA, em um primeiro momento, só para estudar inglês e desestressar (Petisco Brazuca/Divulgação)

Modelo de vendas

O aplicativo, na verdade, é uma ideia que foi colocada em prática este mês pelos empreendedores, após um ano de estudo sobre o comportamento de seus clientes.

“Percebemos que 70% dos nossos consumidores chegavam ao nosso site de forma mobile. E, enquanto no Brasil costuma haver apenas o acesso aos sites, aqui o consumo pelo celular é algo bem generalizado. As pessoas não têm medo de colocar suas informações, e serviços como Grubster e UberEats funcionam bem”, analisa Ricardo.

O casal, então, resolveu criar um aplicativo para fazer uso desse hábito mobile, baseando-se nessas plataformas de sucesso. “Queríamos uma postura mais ativa do que a de outros restaurantes brasileiros, que não incorporam os hábitos americanos de venda.”

Hoje, o Petiscos Brazuca atende pelo site (70% dos pedidos), pelo aplicativo para Android e para iOS (20%) e pelo telefone (10%). Com o tempo, a ideia é que o app se torne a grande maneira de se comunicar com os clientes: além de fazer pedidos, será possível ver novidades e vídeos, por exemplo.

Tela do aplicativo da Petisco Brazuca: app foi lançado este mês (Petisco Brazuca)

Perfil de clientes

Nos dois primeiros anos de operação da Petisco Brazuca – que começou para valer em 2014, com a receita final já desenhada -, a estratégia foi se voltar aos brasileiros que vivem nos Estados Unidos. Depois, a ideia se espalharia aos amigos americanos deles.

Eventos como as Olimpíadas de 2016, porém, fizeram com que o mercado americano se interessasse muito pelos produtos brasileiros. “Diversos canais americanos de culinárias procuraram receitas para servir já durante a Copa do Mundo de 2014 mas, principalmente, durante as Olimpíadas deste ano. Por exemplo, trouxeram chefs brasileiros para fazerem coxinha, croquete e pastel.”

Para Ricardo, os americanos hoje sabem quais são os petiscos brasileiros, mesmo que ainda não tenham experimentado. “Depois desses grandes eventos, vejo uma abertura muito grande dos americanos para os produtos brasileiros, especialmente para os snacks. É um quadro bem diferente de quando começamos, em 2013”, afirma o empreendedor.

Hoje, 70% do público é composto por brasileiros que vivem nos Estados Unidos. A Petisco Brazuca entrega em toda a região de Nova York e New Jersey. Este ano, expandiram sua atuação também para o sul da Flórida. São 30 mil unidades de salgadinhos vendidas por mês.

O negócio atende grandes empresas e instituições instaladas nos EUA, como Bradesco, BTG Pactual, o Consulado Brasileiro, Google, Havaianas, HSBC, Michael Kors, Nike, ONU, Samsung, Schutz e Yahoo!. Ricardo conta que isso ocorreu porque funcionários brasileiros dessas empresas haviam pedido pessoalmente o serviço, e então espalharam para eventos e festas das companhias. “Recentemente, algumas empresas vieram diretamente pelo contato de americanos, como foi o caso do Google e da Samsung.”

Planos para o futuro

Depois de passar por uma fase de experimentação e outra de planejamento dos próximos passos, a Petisco Brazuca agora pretende expandir-se, adotando mais atitudes no cardápio, no marketing, nas vendas e na expansão do negócio.

Primeiro, haverá um incentivo para aumentar as linhas vegetariana e vegana – uma escolha de consumo que se torna cada vez mais popular. Para sustentar a produção, o negócio também pretende abrir uma fábrica.

Haverá uma opção por conquistar mais os americanos e menos os brasileiros que moram nos EUA, como ocorreu nos últimos anos, investindo em comunicação e estratégia de marketing voltada para estes novos consumidores.

O objetivo é chegar a 50% dos pedidos feitos por americanos por volta do fim de 2017 (hoje, são 30%), além de 100 mil unidades vendidas por mês. Em 2018, a expectativa é subir para 200 mil.

Segundo Ricardo, será possível dar esse passo por conta da expansão para outras regiões dos Estados Unidos (com a nova fábrica para acompanhar o surgimento de novos mercados).

“Os estados funcionam de forma muito independente, incluindo na forma de consumir, nos impostos cobrados e na influência de diferentes culturas. Em Nova York, por exemplo, há uma abertura maior a produtos de diversas partes do mundo, por ter muitos imigrantes”, diz o empreendedor. “Queremos estudar calmamente os mercado e ir com planejamento, como fazemos agora na Flórida.”

A expectativa é chegar até Califórnia, Filadélfia e Texas entre 2017 e 2018. Com todos esses planos, o faturamento para 2017 é estimado por Ricardo em 500 mil dólares.

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