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A Wet'n Wild no Brasil vende ingressos - mas não só isso

Em 2007, o engenheiro Alain Baldacci assumiu a operação do Wet’n Wild no Brasil, que dava prejuízo. Hoje, a empresa cresce 15% ao ano

Alain Baldacci, sócio do Wet’n Wild no Brasil: "Para o Wet’n Wild ter lucro, passamos a organizar eventos, como casamentos e formaturas, para diversificar a fonte de receitas " (Fabiano Accorsi / EXAME PME)

Alain Baldacci, sócio do Wet’n Wild no Brasil: "Para o Wet’n Wild ter lucro, passamos a organizar eventos, como casamentos e formaturas, para diversificar a fonte de receitas " (Fabiano Accorsi / EXAME PME)

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Da Redação

Publicado em 7 de maio de 2014 às 14h25.

São Paulo - Em agosto do ano passado, quase quatro anos depois de se conhecerem, os paulistas Sofia Prado e Lucas Moreno, ambos de 23 anos, realizaram o sonho de se casar.

Do tempo de namoro, os últimos oito meses foram dedicados a procurar um local para realizar a festa. “Sou exigente”, diz Sofia. “Não gostava de salão nenhum, porque pareciam todos iguais, e eu queria um casamento diferente.”

Quando ficou sabendo que o parque aquático Wet’n Wild — que fica em Itupeva, no interior de São Paulo — havia inaugurado recentemente um espaço para festas, Sofia quis ir conhecer.

Na semana seguinte, o casal já havia assinado o contrato para o casamento acontecer lá e mandado fazer convites para mais de 400 pessoas. “Achei muito descolado casar num parque de diversões”, diz Sofia. “E, quando vi a vista à noite, tive certeza que era o que eu queria.”

Em noites de festa, o lugar fica todo iluminado e, do espaço para eventos, dá para ver a piscina de ondas. “Parecia que estávamos nos casando na praia”, diz Moreno. A área de eventos é novidade no Wet’n Wild.

Há um ano e meio, foi construído um pavilhão para abrigar casamentos, formaturas e convenções de grandes empresas, como Volkswagen e Claro. Também são organizados shows de artistas como Felipe Dylon e Jota Quest. No ano passado, 5% da receita de 33 milhões de reais da empresa veio de eventos.

A ideia de diversificar o faturamento foi do engenheiro paulistano Alain Baldacci, de 61 anos, sócio do Wet’n Wild no Brasil. “Não era possível viver só da venda de ingressos, apesar de esse ser nosso principal negócio”, diz Baldacci. Para Marco Militelli, consultor especializado em gestão para pequenas e médias empresas, Baldacci está certo em procurar soluções para incrementar as receitas.


"Isso pode acelerar o retorno financeiro de um parque, que costuma demorar, já que os brinquedos são caros e importados”, diz ele.
Baldacci assumiu a operação em 2007, quando a empresa dava prejuízo.

O Wet’n Wild de Itupeva, que inicialmente fazia parte da rede americana, havia sido vendido para um grupo de empresários brasileiros, que queria desativá-lo porque não dava dinheiro.

Baldacci propôs um plano de revitalização. Hoje, o Wet’n Wild cresce 15% ao ano e, desde 2010, tem lucro.

A rede americana, por outro lado, sempre foi um enorme sucesso. O Wet’n Wild de ­Orlando, por exemplo, recebe mais de 1,3 milhão de visitantes por ano — três vezes mais do que o de Itupeva (claro que o fato de estar numa cidade onde não se faz outra coisa a não ser brincar e fazer compras em ­outlets ajuda um bocado).

“As famílias americanas já têm o costume de ir a parques de diversões nas férias”, diz Francisco Donatiello Neto, presidente da associação que representa as empresas de parques de diversões do Brasil. “Aqui, a maioria das pessoas prefere levar as crianças para a praia. A cultura dos parques ainda está se formando.”

Os parques fazem parte da vida de Bal­dacci há tempos. Na década de 80, ele e o irmão, Daniel, de 60 anos, foram sócios da ­Interplay, rede de parques espalhados em ­shoppings de Salvador, Aracaju e Maceió (hoje não existe mais).

Outros projetos vieram depois do Interplay — um deles foi uma fábrica de brinquedos para parques (que também foi desativada).

Nos anos 90, Baldacci foi sócio do apresentador Gugu Liberato no Parque do Gugu, que ficava no shopping Market Place, em São Paulo (agora no local funciona o parque O Mundo da Xuxa).

À frente do Wet’n Wild, Baldacci tem sido responsável por mudanças significativas na gestão. Uma delas foi abrir as portas durante o ano todo. Até três anos atrás, os brinquedos ficavam fechados entre maio e agosto por causa do frio. “O público seria tão reduzido que não justificaria abrir as portas”, afirma Baldacci. Isso não era nada bom para a rentabilidade do negócio.


“Para cobrir despesas fixas, como impostos, salários e manutenção dos equipamentos, precisávamos pedir empréstimos a bancos”, diz ele. A ideia para atrair visitantes todos os meses do ano até que foi bastante simples, mas nunca havia sido posta em prática — aquecer a água das piscinas.

“Agora temos mais capital de giro e não precisamos recorrer a bancos”, diz Baldacci. “Foi um grande alívio.”
Baldacci encontrou espaço para crescer ao oferecer mais conveniência para os visitantes.

Há cinco anos, os cartões magnéticos usados pelos clientes para fazer compras nas lojas de lembranças e nas lanchonetes foram substituídos por pulseiras com código de barras.

Agora a compra de cada visitante é registrada num sistema — e a conta, debitada diretamente no cartão de crédito. “Ninguém mais perde tempo na fila para reabastecer o cartão”, diz Baldacci.

“Dessa forma, o público acaba consumindo mais.” Um ano depois da troca, os resultados já apareceram — o tíquete médio aumentou 14%. Hoje, é possível comprar ingressos antecipadamente pela internet — 25% dos visitantes já fazem isso. Neste ano, a loja virtual vai vender itens que também aparecem na vitrine das lojas de lembranças, como boias e relógios que funcionam com água.

Outra medida foi inaugurar todo ano uma atração — a de 2014 foi um tobogã de 100 metros de extensão em que quatro pessoas podem escorregar de uma vez só. Em uma pesquisa com clientes, Baldacci descobriu que muitos deles voltariam com mais frequên­cia se encontrassem novidades a cada visita.

“Aos olhos do público, o Wet’n Wild tinha envelhecido, porque estava sempre igual”, diz. É por isso que, de tempos em tempos, parques de sucesso inauguram alguma ala nova — em 2010, a Universal, em Orlando, inaugurou um segundo parque, onde os brinquedos replicam filmes da saga Harry Potter.

As novas atrações e a água quentinha estão ajudando o Wet’n Wild a atrair mais visitantes — hoje, o parque recebe um público 45% maior do que em 2007. Uma atração que fez bastante sucesso foi a Ilha Misteriosa do Cascão, inaugurada em julho de 2012 — um brinquedo com tobogãs, mangueiras de esguicho e quedas d’água criado em parceria com Mauricio de Souza, criador da Turma da Mônica.

Bem no meio do brinquedo, há um boneco do personagem Cascão, que, como se sabe, tem medo de água. Apavorado, ele está segurando um guarda-chuva gigante para não se molhar. “Na época da inauguração do brinquedo, havia filas de até 2 horas”, diz Baldacci. “As crianças adoram, ficam loucas.”

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