As 20 principais razões que levam uma empresa ao fracasso
Veja como não agir no seu negócio -- 135 falaram sobre o que levou ao fracasso da empresa.
Mariana Desidério
Publicado em 18 de outubro de 2015 às 06h00.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h28.
São Paulo – O que leva uma empresa ao fracasso? Essa pergunta foi feita pelo instituto CB Insights a 135 startups que saíram do mercado e participaram de uma pesquisa “post-mortem”. As empresas toparam falar sobre as principais falhas que as levaram a fechar as portas, e o resultado levou a uma lista valiosa de 20 erros básicos cometidos por empreendedores . Navegue pelas fotos acima e veja quais são as razões que mais levam startups ao fracasso.
Não mudar de rumo de forma rápida quando se tem um produto, uma contratação ou uma decisão ruins foi citado como a razão para o fracasso em 7% das finadas startups consultadas. Manter-se ligado com uma má ideia pode drenar recursos e deixar os funcionários frustrados devido à falta de progresso. “Fomos pegos no meio de um giro. Tínhamos um pé numa estratégia que sabíamos que não funcionaria e outro em uma nova estratégia que poderia ter sido bem-sucedida, mas que não pôde ser plenamente aplicada”, contou o CEO da finada Imercive.
O equilíbrio na vida profissional não é algo comum entre os fundadores de startups, portanto o risco de um esgotamento é alto. Esta foi a razão do fracasso para 8% das startups consultadas. O CEO da finada Blurtt falou sobre isso. “Eu comecei a me sentir esgotado. Eu era o líder destemido da Blurtt, mas o problema com o esgotamento é que você fica sem esperança e perde toda a sua criatividade. Eu ia para o trabalho me sentido exausto”.
Uma das razões do fracasso de startups foi o fato dos empreendedores não usarem sua rede de contatos em benefício do negócio. O ponto foi levantado em 8% das empresas fechadas. “Acho que nós cometemos o erro de tentar fazer tudo sozinhos, talvez por insegurança, por sermos tão novos no mundo dos negócios”, afirmou um dos CEOs entrevistados.
Às vezes, uma startup pode ir de uma simples ideia a um mundo de complexidades legais que chegam a ser a causa do fechamento da empresa. Esse problema foi apontado em 8% dos casos. “Recebemos um aviso de que nós não estávamos em dia com as normas legais e, a menos que mudássemos isso, eles suspenderiam nossa conta, que era provavelmente mais de 80% da nossa receita”, relata a startup Decide.com.
Juntamente com questão da falta de dinheiro, algumas startups relataram a falta de interesse dos investidores no negócio como uma das causas para o fracasso. A resposta apareceu para 8% das empresas.
Problemas relacionados à localização da empresa apareceram em algumas frentes e foram relatados por 9% das startups. A primeira delas refere-se à necessidade de ganhar escala. A Meetro, uma das empresas finadas, afirmou: “O software e o conceito simplesmente não escalaram para além de suas fronteiras físicas”. Outra questão que apareceu foi a da comunicação entre a equipe, quando cada um está num lugar diferente e necessário falar de maneira remota.
Um ponto chave para 9% das startups que não sobreviveram foi a falta de paixão e a falta de conhecimento sobre a área do negócio, por melhor que fosse a ideia inicial. A finada NewsTilt, uma startup que criou um serviço para comentários em sites de notícias na internet, afirmou: “Nós não nos importávamos de fato com o jornalismo, não éramos ávidos leitores de notícias. Se a primeira coisa que nós fizéssemos todos os dias fosse entrar no site da BBC, nós deveríamos fazer este produto. Mas como nós poderíamos construir um produto no qual nós só estávamos interessadas numa perspectiva de negócios?”
Uma mudança estratégica pode dar extraordinariamente certo, como do Burbn para o Instagram. Mas ela também pode dar muito errado. E para 10% das startups consultadas, esse foi um dos motivos para o fracasso. “Uma mudança de rumo precisa ser calculada, com modificações no modelo de negócio, hipóteses testadas e resultados mensurados. Caso contrário, você não consegue aprender nada”, afirma a finada startup Flowtab.
Desentendimentos com um dos fundadores da empresa, ou ainda com os investidores podem gerar um quadro bem difícil de administrar, levando a empresa ao fracasso em pouco tempo. O problema foi apontado por 13% das startups consultadas.
Perder o foco em distrações, questões pessoais e outros projetos foi apontado por 13% das startups como um dos pontos que as levaram ao fracasso. Uma dessas empresas, a MyFavorites afirmou: “Nós todos começamos a perder o interesse, a equipe estava se perguntando aonde iríamos parar, e eu me perguntava se eu realmente queria gerir uma startup, ter responsabilidades com empregados e responder a um grupo de investidores”.
Se você lança um produto antes da hora, os usuários podem avaliá-lo mal, o que torna difícil depois trazê-los de volta. Se você lança o produto muito tarde, pode perder a janela de oportunidade do mercado. O problema foi apontado por 13% das empresas. Um funcionário da finada startup Calxeda afirmou: “Nós andamos mais rápido do que nossos consumidores. Trabalhamos com uma tecnologia que não estava realmente pronta para eles. Estávamos adiantados”.
Ignorar seus clientes é um verdadeiro caminho para o fracasso. Na pesquisa, 14% das startups relataram que este foi um dos problemas que as levaram aos insucesso. Uma das startups consultadas, a eCrowds, afirmou: “Nós gastamos muito tempo construindo o negócio para nós mesmos e não pegando feedback, o que é um jeito fácil de criar uma visão limitada. Eu recomendaria não passar mais que dois ou três meses entre o início e o momento de ter em mãos perspectivas verdadeiramente objetivas”.
Conhecer o seu público-alvo, saber como conseguir sua atenção e então transformá-los em consumidores é uma das habilidades mais importantes para se ter um negócio de sucesso. Pois a inabilidade em realizar esse trabalho foi apontada por 14% das startups como causadora do seu fracasso. “A linha tênue entre vida e morte para serviços na internet é o número de usuários. Em determinado momento, nós chegamos ao limite do que conseguiríamos atingir sem muito esforço. Era hora de investir em marketing. Infelizmente nenhum de nós tinha habilidades nessa área. Pior ainda, ninguém tinha tempo hábil para preencher essa lacuna”, relatou uma das startups consultadas.
Os empreendedores parecem concordar que ter um modelo de negócio é importante. Se a empresa não encontrar uma forma de ganhar dinheiro em escala, os investidores ficam hesitantes e os fundadores não têm como capitalizar o negócio. O problema foi apontado por 17% das empresas. “Apesar de termos conseguido muito, nós falhamos em criar um negócio escalável. Nossa empresa não tinha escala porque dependíamos de uma frente apenas, e ela mudou radicalmente”, afirmou a startup Tutorspree.
Coisas ruins acontecem quando você ignora a vontade e a necessidade do seu usuário, seja de forma consciente ou inconsciente. Problemas com os produtos foram apontados por 17% das startups como causa do seu fracasso. Um startup de jogos afirmou: “Olhando para trás, acredito que nós precisávamos engolir nosso orgulho e fazer alguma coisa com a qual fosse mais fácil se divertir já nos primeiros momentos de interação”.
Dar preço ao seu produto ou serviço é uma arte complexa quando se trata do sucesso da sua startup. O problema foi apontado por 18% das startups que não deram certo. “Nosso plano mais caro era de 300 dólares por mês. Os clientes nunca reclamaram do preço. Nós apenas não entregávamos o que eles esperavam”, afirmou uma das startups consultadas.
Assim como ficar obcecado com a concorrência não é saudável, ignorá-la também não é uma boa ideia. Não dar a atenção para os concorrentes foi o que levou 19% das startups consultadas à falência. Um dos criadores da startup Wesabe afirmou: “Entre o pior método de agregação de dados e o grande volume de trabalho que a Wesabe te dava era mais fácil ter uma boa experiência na Mint [concorrente], e essa boa experiência era muito mais rápida”.
Ter uma equipe diversa, com diferentes habilidades frequentemente é citado como algo crucial para o sucesso de uma empresa que está começando. E, de fato, as lacunas na equipe foram apontadas como causadoras do fracasso para 23% das startups. “Se a equipe fundadora não consegue criar o produto por si mesma, ela não deveria fundar uma startup. Nós deveríamos ter trazido fundadores adicionais, mas não fizemos isso”, lamentou uma das empresas consultadas.
Dinheiro e tempo são recursos que devem ser usados com sabedoria. Não por acaso, a falta de recursos foi apontada por 29% das startups com causa do seu fracasso. Muitas vezes, a falta de dinheiro está atrelada a outras questões. “Na verdade, o que matou nossa empresa foi que ela não estava apta para levantar fundos adicionais. Apesar das diversas abordagens para monetizar o produto, acabamos ficando sem dinheiro”, lembra a startup Flud.
A falha número um das empresas que não deram certo foi criar soluções para problemas que não existem. A falta de necessidade do mercado foi citada por 42% das startups como causa do seu fracasso. “Percebi que não tínhamos clientes porque ninguém estava realmente interessado em nosso modelo”, afirmou a startup Patient Communicator. “As startups falham quando elas não resolvem um problema do mercado. Nós tínhamos ótima tecnologia, ótimos dados, ótima reputação, ótima expertise, ótimos conselheiros. Mas nós não tínhamos uma tecnologia ou um modelo de negócio que resolvesse um problema crítico de uma forma escalável”, afirmou a Treehouse.