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Apenas 16% das pequenas empresas que procuraram crédito conseguiram

Desde o início da crise, cerca de 6,7 milhões de pequenos negócios buscaram empréstimos em bancos; pesquisa foi feita pelo Sebrae em parceria com a FGV

Pequenas empresas: CPF com restrições foi a principal razão apontada pelos bancos para a negativa do crédito (João Alvarez/Fotoarena)

Pequenas empresas: CPF com restrições foi a principal razão apontada pelos bancos para a negativa do crédito (João Alvarez/Fotoarena)

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Carolina Ingizza

Publicado em 29 de junho de 2020 às 11h13.

Última atualização em 29 de junho de 2020 às 19h29.

Quatro meses depois da confirmação do primeiro paciente no país, a pandemia de covid-19 continua provocando danos também na economia brasileira. Levantamento feito pelo Sebrae mostra que entre a primeira semana de abril (dia 7) e o início de junho (dia 2), período em que as pesquisas foram concluídas, a proporção de pequenos negócios que buscou crédito variou 9 pontos percentuais (de 30% para 39%). Isso significa que desde o início da crise, cerca de 6,7 milhões de pequenos negócios buscaram empréstimos em bancos.

Por outro lado, a mesma pesquisa também aponta que continua elevado o número de empresários que tiveram o crédito negado ou ainda aguardam resposta das instituições financeiras. Dos 6,7 milhões de empreendedores de pequeno porte que tentaram, cerca de 1 milhão efetivamente conseguiu obter crédito desde o início das medidas de isolamento social.

"Nos países desenvolvidos, existem políticas de crédito a juros zero porque os pequenos negócios são essenciais para o funcionamento do sistema econômico. No Brasil, o crédito continua caro e burocrático. Em cada sete pequenos negócios que buscam empréstimo em banco só um consegue. Elas são 99% das empresas e respondem por a maior parte dos empregos. Em tempos de pandemia, a prioridade deveria ser manter as empresas vivas. Se não socorrermos as empresas que precisam de crédito, não vai haver empresa para voltar a produzir e não sairemos dessa crise tão cedo”, explica o presidente do Sebrae, Carlos Melles.

Segundo os entrevistados, o CPF com restrições foi a principal razão (19%) apontada pelos bancos para a negativa do crédito. A negativação no CADIN/Serasa também foi citada por 11% dos entrevistados para a negação dos empréstimos, este foi o quarto item mais citado. Outros 11% dos empresários ouvidos afirmaram que a falta de garantias ou avalistas teria sido o principal obstáculo.

O mais recente levantamento feito pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (quarta edição da série de pesquisas iniciada em março), ouviu 7.703 donos de pequenos negócios de todos os 26 Estados e do Distrito Federal. Além de confirmar a dificuldade no acesso a linhas de crédito, a pesquisa mostrou também um crescimento do número de empresas com dívidas/empréstimos em atraso (a variação foi de 33% para 41%) entre a primeira semana de maio (dia 5) e o início de junho (dia 2).

Mudança de comportamento

A pesquisa do Sebrae e FGV revela outros aspectos da realidade enfrentada pelos microempreendedores individuais e donos de micro e pequenas empresas e identifica um movimento de retomada da atividade econômica que já começa a acontecer na maior parte do país.

Entre as mudanças apontadas pelo levantamento, está uma elevação significativa do número de empresas que conseguiram se adaptar à conjuntura de isolamento social e passaram a usar as redes sociais, aplicativos ou internet para realizar vendas. Antes da crise essas empresas representavam 47% dos pequenos negócios. No último levantamento do Sebrae, esse percentual subiu para 59% dos empreendedores.

Confira outros dados da Pesquisa

  • Para 87% das MPE o impacto da Covid-19 continua sendo a diminuição do faturamento. Entretanto, melhorou o nível de faturamento. Na segunda sondagem, o resultado estava, em média, 69% abaixo do normal. Na última pesquisa o faturamento médio estava 55% abaixo do normal
  • Mais empresas que estavam paradas voltaram a funcionar. A interrupção temporária caiu de 59% para 43%
  • WhatsApp é o principal meio de venda pelas redes sociais, seguido pelo Instagram e pelo Facebook
  • Mais de 2/3 das empresas afirmaram que já adotaram (ou será fácil adotar) protocolos de segurança e higiene no combate à covid-19 no retorno às atividades
  • A expectativa de retorno à normalidade, na média dos empreendedores ouvidos, passou de março de 2021 para julho de 2021.
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