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Anuncia no Facebook? Veja como os escândalos da rede já afetam seu negócio

Vazamento de dados de usuários já está modificando a forma de anunciar na rede social, e os pequenos negócios são os mais afetados.

Facebook: vazamento de dados pode afetar anúncios de pequenos empreendedores (Dado Ruvic/Reuters)

Facebook: vazamento de dados pode afetar anúncios de pequenos empreendedores (Dado Ruvic/Reuters)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 26 de abril de 2018 às 06h00.

Última atualização em 26 de abril de 2018 às 11h30.

São Paulo – O Facebook, maior rede social da internet, está vivendo dias difíceis. Recentemente o fundador Mark Zuckerberg esteve no Congresso americano prestando esclarecimentos sobre seu modelo de negócio, depois de revelado o escândalo de vazamento de dados pessoais dos usuários para a empresa de consultoria Cambridge Analytica. Até agora sabe-se que 87 milhões de informações pessoais foram parar nas mãos da empresa, indevidamente.

O caso levantou sérios questionamentos sobre a privacidade dos usuários da rede e sobre o tipo de informação que o Facebook compartilha com as empresas que anunciam na plataforma ou a usam como fonte de informações sobre seu público alvo.

Com isso, a rede social já tem feito algumas mudanças. A questão é: quais podem ser as consequências disso para empreendedores que utilizam a plataforma?

Segundo Mônica Lobenschuss, especialista em marketing digital e fundadora da rede de franquias Social Lounge, o caso pode num primeiro momento parecer distante da realidade do empreendedor brasileiro, mas deve ter consequências por aqui, sim.

“Já sabemos que, por conta dos escândalos, eles adiaram o lançamento de produtos novos que ajudariam empreendedores a tomaram atitudes para levar mais privacidade ao usuário”, afirma a especialista.

Um dos efeitos do escândalo envolvendo a Cambridge Analytica é o encerramento da parceria do Facebook com a Serasa Experian. A ferramenta permitia o cruzamento de ambos os bancos de dados, do Facebook e da Serasa, visando a entrega de publicidade segmentada na plataforma segundo a renda da audiência. Hoje isso já não é possível.

Outro fator que merece a atenção é a debandada dos usuários do Facebook, que têm passado menos tempo na rede, segundo Samuel Pereira, co-autor do livro “Negócios Digitais”.

Pereira chama a atenção para o interesse do público pelo termo Facebook, medido pelo Google Trends. Segundo a ferramenta do Google, o interesse pelo termo chegou ao seu pico entre 2012 e 2013, e hoje atinge menos de 25% da popularidade atingida no auge. Os escândalos envolvendo a plataforma podem acelerar esse processo, avalia o especialista.

Vale lembrar, porém, que a quantidade de pessoas na plataforma ainda é gigantesca. Segundo dados da própria rede, no Brasil, o dado mais recente disponível, do fim de 2017, mostra que 125 milhões de pessoas no país acessam o Facebook todos os meses.

“Ainda é um mar gigantesco de pessoas, então o empreendedor é pouco afetado. Mas há uma tendência, e quem anuncia precisa se preparar”, afirma Pereira.

Pequenos são os mais afetados

Tanto a perda de usuários quanto as mudanças no funcionamento da plataforma devem ter um impacto maior para os pequenos negócios, diz Lobenschuss, da Social Lounge.

Isso porque o Facebook permite segmentar o público alvo da campanha por região, sexo, idade, interesses etc. “É uma ferramenta que permite restringir bem o público. Com isso o empreendedor não precisa desembolsar o valor de uma ação de massa. Quando você tem pouca verba isso é super importante”, explica a especialista.

A boa notícia para os anunciantes é que, sim, há vida fora do Facebook – e a dica dos especialistas é buscar alternativas desde já, caso o empreendedor queira ter mais segurança nesse mercado.

Lobenschuss sugere buscar formas de ter contato direto com o público, através de um cadastro próprio ou de listas de WhatsApp. “Uma boa alternativa é criar campanhas de indicação, para ampliar sua base sem depender do marketing social”, afirma.

Outra boa opção é ficar ligado nas possibilidades oferecidas por outras ferramentas, como Google, YouTube, Instagram, WhatsApp, LinkedIn e Outbrain, indica Pereira.

“É sempre bom lembrar que uma rede social é uma empresa e ela pode mudar a qualquer momento. Se você aposta todas as suas fichas de divulgação ali, seu negócio pode ir por água abaixo de um momento para o outro”, alerta a fundadora da Social Lounge.

A dica não é nova, mas é sempre bom lembrar: nunca é prudente deixar todos os ovos na mesma cesta.

O Facebook enviou um posicionamento sobre o tema. Leia a seguir:

"Existem mais de 80 milhões de páginas de negócios de todos os tipos e tamanhos no Facebook, que encontram na plataforma as ferramentas necessárias para crescer e gerar empregos. Por meio de conteúdo orgânico ou anúncios na plataforma, as marcas têm a oportunidade de alcançar melhores resultados e crescer. Esses negócios podem encontrar potenciais clientes dentro de um universo de quase 2,2 bilhões de pessoas que acessam o Facebook mensalmente em todo o mundo, conforme dados de março, acima dos 2,1 bilhões no fim de 2017."

Atualizado às 11h30 de 26/04 para inclusão do posicionamento do Facebook. 

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