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A virtude está no meio

Euforia e pânico são lados da mesma moeda. Quem comemora antes um negócio que ainda não foi fechado pode ir da euforia ao fundo do poço em questão de segundos

Ilustração de mulher tomando susto (Divulgação)

Ilustração de mulher tomando susto (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 22 de janeiro de 2015 às 05h00.

São Paulo - Moro numa cidade localizada na área das represas que abastecem a região da Grande São Paulo. Estão quase vazias, e muita gente foi tomada pelo pânico. Donos de pousadas e restaurantes não sabem o que fazer, pois os turistas sumiram. Por outro lado, o senhor que cava postos artesianos está eufórico. Sua clientela e os preços só aumentam. Ele até trocou de carro.

Tanto a euforia quanto o pânico são um grande perigo. Faz parte do meu trabalho de consultor analisar as diversas oportunidades de vendas que o cliente pode aproveitar. Nessa hora, peço que ele avalie seu sentimento em relação às chances de sucesso ao fechar negócios. Uso uma escala: eufórico, entusiasmado, seguro, confortável, normal, preocupado, desconfortável, aflito, com medo e em pânico. 

Fico preocupado com quem opta por um dos extremos. Um empreendedor eufórico tende a ficar parado, olhando as coisas acontecerem naturalmente, contando com o ovo antes de sair da galinha. É quando abrem-se brechas para a concorrência.

O impulso do empreendedor em pânico é fazer alguma coisa, qualquer coisa, muitas coisas ao mesmo tempo. O risco, aqui, é não resolver ou até piorar o problema que se queria resolver.

Todos nós conhecemos alguém que vive no limite. É aquele colega que vive reclamando e dizendo que tudo vai dar errado. As oportunidades passam diante de seu nariz, mas ele está ocupado demais com seu pessimismo para enxergá-las. Ou aquele outro que sempre acha que tudo vai dar certo, enquanto tudo está dando errado.

Se ficarem lá em seu canto, provavelmente não prejudicarão ninguém. Mas, se os outros forem contaminados, o perigo é grande. Euforia e pânico são contagiantes, mexem com as expectativas das pessoas e as expectativas das pessoas alteram a realidade.

Em muitos investimentos financeiros, a expectativa é mais importante do que os fatos. Se todo mundo acha que o dólar vai cair, todo mundo vende suas posições e o dólar cai mesmo. O contrário também acontece. É o que chamamos de profecia autorrealizável.

Euforia e pânico são dois lados da mesma moeda. Quem está comemorando antecipadamente um negocião fundamental para a empresa e recebe a notícia de que o cliente fechou contrato com o concorrente pode ir da euforia ao pânico num segundo.

Dizem que nós, brasileiros, somos passionais e exagerados, como todo latino. Mas não acho que seja uma característica que vem com a nacionalidade ou com a origem. É da natureza humana. Acredito que todos somos 8 ou 80 em algum aspecto de nossas vidas — no amor, na política, nos esportes ou em alguma outra coisa.

O que fazer? Desconfie de extremos — nos negócios e na vida em geral. Comer demais, por exemplo, leva à obesidade. Não comer, à desnutrição. Procure sempre o caminho do meio, pois não há mal ou felicidade que dure para sempre.

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