A história da rua 25 de Março em 5 lojas
Conheça a história de cinco das lojas mais tradicionais da 25 de Março e dos empreendedores que as criaram
Da Redação
Publicado em 20 de dezembro de 2010 às 08h28.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h37.
São Paulo - Um dos pontos de comércio mais famosos do Brasil, a 25 de Março, no centro de São Paulo, tem mais de 145 anos de história. A rua nasceu em uma região onde costumava funcionar um porto, de onde partiam mercadorias diversas pelos Rios Tamanduateí e Anhangabaú, mais tarde desviados por conta de problemas com as enchentes. Registros históricos indicam que a primeira loja a ser aberta na região foi a Nami Jafet & Irmãos, em 1893. Nascia uma tradição de comerciantes libaneses que se estabeleciam na área e forneciam mercadorias para seus patrícios recém-chegados a São Paulo mascatearem em bairros mais distantes. Rapidamente, o comércio na região prosperou. Em 1901, já existiam centenas de pequenas lojas instaladas no local. Conhecida pelos bons preços e pela variedade de produtos, hoje a rua chega a atrair mais de 1 milhão de pessoas por dia nas datas mais movimentadas, segundo a União Dos Lojistas Da 25 De Março e Adjacências.
Conheça a seguir a história de cinco das lojas mais tradicionais da 25 de Março e dos empreendedores que as criaram.
Conheça a seguir a história de cinco das lojas mais tradicionais da 25 de Março e dos empreendedores que as criaram.
Fundada há mais de 100 anos, a Doural é uma das lojas mais tradicionais da 25 de Março. A história de seu criador, Assad Abdala, se confunde com a de muitos dos empresários que transformaram a rua no centro comercial que é hoje. Oriundo de uma família humilde da Síria, ele emigrou para o Brasil em 1895, aos 25 anos de idade. Ao chegar aqui, como muitos conterrâneos, começou mascateando produtos carregados nas costas pelas ruas de São Paulo. Em 1900, Abdala já abria suas duas primeiras lojas na região e pouco tempo depois se mudava com a família para o prédio da 25 de Março, que por muito tempo foi sua casa e sede da sua empresa. A tradição de trazer artigos importados da Europa foi iniciada por Abdala na época e levada à frente pelas gerações seguintes. Mas os herdeiros também tiveram um papel importante na reinvenção e no sucesso do negócio, transformando a loja - antes conhecida por vender tapetes e cortinas - em uma das primeiras da região a trabalhar com listas de casamento e chá bar. O portfólio da Doural hoje é vasto, reunindo desde os acessórios mais simples de cozinha até cobiçadas cafeteiras de expresso e panelas importadas que chegam a custar mais de 2 mil reais cada. A loja também ganhou uma versão na internet, mas a sede ainda funciona na mesma casa, que preserva a fachada do início do século passado.
Fernando dos Santos Esquerdo chegou ao Brasil no ano de 1954 aos 14 anos de idade, vindo de Portugal. Seu primeiro emprego foi na rua 25 de Março, como faxineiro dos Armarinhos Atanazio. Depois de 22 anos de carreira na loja, da qual chegou a se tornar gerente, decidiu abrir o próprio negócio. No ano de 1976, montou o Armarinhos Fernando em um apartamento no número 1.003 da 25 de Março. “Era uma salinha bem pequena, deviam caber uns 10 funcionários no máximo”, lembra o filho Eduardo Esquerdo. “Aos poucos foi crescendo, até chegar aos oito prédios que temos hoje”, conta. Hoje o grupo emprega cerca de 1.500 funcionários. Apostando desde o início na política de preços agressiva, o Armarinhos Fernando – que vende desde brinquedos até artigos de papelaria e decoração - tornou-se uma das maiores lojas da região. “A estratégia sempre foi comprar em grande quantidade e vender barato. Sempre que conseguia um desconto, meu pai repassava inteiramente para o cliente em vez de aumentar a margem. Nosso negócio sempre foi o volume”, conta Eduardo. Hoje a gestão do grupo é compartilhada com três filhos e um sobrinho, mas aos 70 anos, Fernando ainda faz questão de estar todos os dias logo cedo na 25 de Março. “Ele gosta de abrir a loja sempre que possível”, garante o filho.
Semaan Mouawad inaugurou sua primeira loja na rua 25 de Março em 1961. O segredo do sucesso da pequena loja - um misto de charutaria, loja de miniaturas e bijuterias – era o tratamento diferenciado dado pelo dono aos clientes. Semaan fazia questão de levá-los de volta ao hotel quando terminavam de fazer as compras no próprio carro, que ficava estacionado em frente ao estabelecimento. Em 1980, a Comercial Semaan ganhou um espaço maior e entrou no segmento que viraria seu carro chefe: os brinquedos. Para se diferenciar dos concorrentes da região, que não são poucos, a segunda geração da Semaan decidiu investir nos itens de colecionador, atraindo assim não só os filhos, mas também os pais para dentro da loja. É possível encontrar nas prateleiras das lojas peças cobiçadas como a Barbie Dorothy, que homenageia o Mágico de Oz, ou o Camaro 69 série T-Hunt 2008, edição limitada da Hot Wheels.
Antes de fundar o Depósito de Meias São Jorge, em 1955, os irmãos gêmeos Feiad e Salvador Dib vendiam meias em feiras livres de São Paulo. O nome da loja é uma homenagem à devoção da mãe pelo santo de mesmo nome. A libanesa Maroum Hanna Sadek casou-se com o sírio Jorge Feiad Dib na década de 20.
Mas o marido morreu quando os meninos ainda eram pequenos e Maroum teve que sair às ruas para mascatear. Os gêmeos também começaram a trabalhar cedo e aos 23 anos inauguraram a primeira loja. Oferecendo um variado acervo de meias, lingerie e moda fitness feminina e masculina, o Depósito de Meias São Jorge tem mais de 130 funcionários e também expandiu os negócios para a internet, com uma loja virtual.
Mas o marido morreu quando os meninos ainda eram pequenos e Maroum teve que sair às ruas para mascatear. Os gêmeos também começaram a trabalhar cedo e aos 23 anos inauguraram a primeira loja. Oferecendo um variado acervo de meias, lingerie e moda fitness feminina e masculina, o Depósito de Meias São Jorge tem mais de 130 funcionários e também expandiu os negócios para a internet, com uma loja virtual.
O libanês Georges Ambar chegou ao Brasil em 1948 e, como muitos compatriotas, trabalhava como mascate nas ruas de São Paulo. A primeira loja foi aberta em 1953, próximo ao Vale do Anhangabaú, mas as constantes enchentes que sempre castigaram a região fizeram com que a sede fosse transferida dali. Em 1965, o Armarinhos Ambar ganhava sua sede definitiva na sua 25 de Março. “Meu pai trouxe o irmão do Líbano para ajudar a tocar o negócio e continuaram sócios até 1973, quando separaram as suas lojas”, conta Elias Âmbar, filho de Georges. Hoje com duas lojas em funcionamento, o Armarinhos Ambar é administrado pela segunda geração da família e tem como principal produto lãs e linhas. As lojas atraem cerca de 6 mil pessoas todos os dias.