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5 testes para avaliar ideias inovadoras

Como saber se suas ideias de negócio, daqui a alguns anos, poderão ser consideradas ideias inovadoras?

Ideia: para garantir o acerto, é bom ajustar o foco da análise da sua ideia ao momento de desenvolvimento atual (GuidoVrola/Thinkstock)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2015 às 09h00.

São Paulo - Antever o futuro não é algo fácil. Não são poucos os casos de projeções desastrosas. Em se tratando de novos produtos, o tema é ainda mais complexo.

A consultoria McKinsey, reconhecida mundialmente, teria dimensionado o potencial do mercado global de celulares para a AT&T em 900.000 usuários. Somente no Brasil, há mais de 200 milhões de linhas de telefone celular. Mas por que isso ocorre?

As técnicas convencionais de pesquisa de marketing e análise financeira utilizadas para avaliar ideias inovadoras não têm contribuído para aumentar as chances de criação de negócios com base em ideias inovadoras.

Pelo contrário, têm influenciado negativamente. Perguntar ao cliente se ele vai comprar algo tem pouca eficiência quando ele não sabe o que será esse algo. Montar detalhados modelos financeiros em Excel para descontar o fluxo de caixa de uma ideia que você mal sabe como irá gerar caixa pode ser pouco produtivo para tomada de decisão.

Nossa experiência auxiliando empreendedores e executivos na avaliação de projetos de inovação nos permitiu agrupar 5 testes para priorizar ideias de potencial inovador. O modelo baseia-se no entendimento de que as ideias evoluem num continuum de incerteza. No estágio inicial, apresentam alta incerteza. À medida que avançam na cadeia de valor da inovação, as incertezas têm que ir diminuindo.

Dessa forma, o mecanismo de avaliação de ideias inovadoras precisa levar esse processo em consideração. Cada momento demanda uma abordagem de análise de mercado.

1. A ideia aborda um problema relevante, frequente e mal resolvido?

O primeiro passo da avaliação de uma ideia é não avaliar a ideia. Esqueça as funcionalidades da ideia. Guarde seu Excel para depois. O foco inicial é o problema que a ideia se predispõe a resolver. Esse problema é importante para quem o vivencia? Ele ocorre uma vez na vida ou é algo diário? As soluções atuais são insatisfatórias?

Eu tenho uma filha pequena, de poucos meses. Tudo nesse momento é muito importante para nós. Mas o problema, para ser atraente, precisa ser também frequente. A troca de fraldas é algo que acontece várias vezes por dia, ao passo que a vacinação ocorre apenas uma vez por mês, dependendo do calendário de vacinas. Não adianta o problema ser relevante e frequente se estiver bem resolvido. As fraldas Pampers da P&G foram uma super inovação, décadas atrás, por abordarem um problema anteriormente mal resolvido. Se a nova ideia foca um problema bem resolvido, será árdua a tarefa de fazer o consumidor mudar seu comportamento.

2. A ideia apresenta uma forma diferente de resolver o problema?

Se a ideia endereça um problema com potencial, é a hora de seguir a avaliação. Chegou o momento de analisar a ideia e a forma como ela pretende resolver, de forma mais eficiente, barata e acessível, o problema em questão.

A ideia é uma melhoria ou uma potencial inovação? Tem potencial de replicabilidade? Tem viabilidade técnica? A tecnologia necessária está ou ficará disponível? Conseguirá erguer barreiras de imitação?

A Nespresso abordou de forma única a necessidade de tomar um café gourmet, fácil de preparar como parte de uma experiência social. Fazer uma análise crítica da ideia e sua proposta de valor frente as demais alternativas disponíveis bem como a potencial sustentabilidade da vantagem competitiva é o foco da segunda fase.

Cuidado com o mito de “não temos concorrentes”. O consumidor tem uma forma de resolver o problema e é com isso que ele irá comparar a nova idea.

3. A ideia tem um modelo de negócio consistente?

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O problema é relevante e a ideia tem uma forma diferente e eficiente de resolvê-lo. O diferente pelo diferente não vende. Não se esqueça disso. Para a ideia ser executável e economicamente viável, ela precisa de um modelo de negócio. Uma forma estruturada de gerar, entregar e capturar valor.

A Nespresso encontrou um modelo de “isca e anzol” que envolve máquinas e cápsulas. A empresa vende por meio de um clube online e lojas próprias. Captura valor das duas fontes, principalmente das cápsulas que, até pouco tempo, detinha a patente. A fabricação das maquinas é feita na China por meio de parceiros para ter custos menores. A empresa promove a marca com artistas globais que garantem o tom de exclusividade necessário. É fundamental entender e avaliar o modelo de negócio da ideia.

Tem um go-to-market adequado? Como será produzida ou operada? O modelo de receita captura todo o valor possível? Haverá complementadores para apoiar a ideia? Essas são algumas das perguntas necessárias para entender se existe um modelo de negócios que sustenta uma ideia que resolve de forma única um problema importante.

4. Existe um plano elaborado para aprender sobre as incertezas?

Quando a ideia está numa fase pre-piloto, o foco da avaliação deve ser nas incertezas existentes. Ainda não é a hora da análise financeira. É o momento de avaliar quais são os pressupostos sobre os quais a ideia e o plano de negócio estão baseados. Assim você pode entender se há um plano de aprendizagem de baixo custo e alta eficiência.

Identificar, avaliar e testar as incertezas de forma rápida e pouco dispendiosa é o ponto central nesse estágio. Uma empresa de cosméticos com que trabalhamos, ao invés de solicitar o fluxo de caixa descontado da ideia, preferiu fazer o rating da ideia buscando entender até que ponto os inovadores detinham o domínio daquilo que não sabiam sobre a ideia e e se dispunham de um plano criativo para responde-las.

5. A ideia pode ter resultado econômico interessante?

Quando a ideia está num estágio pós piloto, é útil começar a estabelecer análise de retorno financeiro. Projetar receitas, despesas, investimentos, necessidade de capital de giro, fluxo de caixa, VPL e payback. Nessa circunstância, é viável entender com mais clareza o risco do projeto.

Já consegue-se saber o que é a ideia, qual o problema pretende resolver, como irá se diferenciar, qual seu modelo de negócio e alternativas competitivas existentes. Isso permite simular a fase de entrada, crescimento e maturação da ideia bem como seu potencial declínio.

A análise financeira é ótima ferramenta quando aplicada no momento certo. Sua antecipação não aumenta as chances da ideia dar certo nem estabelece bases adequadas para sua avaliação. Fazer o fluxo de caixa descontado projetando receitas e despesas para 5 anos de uma ideia em estágio embrionário é tão útil quanto olhar para uma criança de 3 meses e ter que dizer o que ela vai ser quando crescer.

Projetar o futuro é muito difícil. Avaliar o potencial de ideias inovadoras é uma tarefa desafiadora e cada vez mais presente na vida de empreendedores e executivos.

Aplicar mentalidade, ferramentas e lógica adequadas em projetos de dia a dia para oportunidades de inovação reduz a chance de êxito. Ajustar o foco da análise ao momento de desenvolvimento da ideia garantirá maiores chances de acerto.

Até a próxima inovação!

*O artigo foi escrito por Maximiliano Carlomagno, sócio fundador da Innoscience.

2015 é um ano muito inspirador para novas ideias de negócios. Pode ser que seja um ano difícil, mas também pode marcar novos tempos. Enquanto alguns choram pela crise, outros vendem lenços de papel. Wilson Poit, por exemplo, vendia geradores de energia elétrica na época do apagão e vendeu sua empresa por mais de R$400 milhões. A Localiza viu, em plena crise do petróleo, a oportunidade de alugar carros, até se tornar a maior rede de aluguéis de automóveis da América Latina. É assim que podemos aproveitar tendências do mercado, boas ou ruins, para colocar essas ideias em prática. O que esse ano reserva para os empreendedores ? Veja agora 6 ideias de negócios que têm tudo para decolar em 2015.
  • 2. 1. Impressão 3D

    2 /8(Divulgação/M3D)

    A tecnologia de impressão de objetos em três dimensões nos faz lembrar de brinquedos. Em alguns casos, é isso mesmo que ela faz – como a 3D Mini, empresa que produz bonecos muitos fiéis de seu cliente e nos mínimos detalhes, como cores, fisionomia e as roupas. Mas a mesma técnica também pode ser usada para outras ideias de negócios e startups nesse setor. A Sirona, por exemplo, produz uma máquina que pode fazer uma prótese dentária em 30 minutos. O paciente chega ao consultório, o dentista escaneia sua boca com uma peça de mão, e na mesma consulta ele já sai com a prótese personalizada implantada na boca – sem necessidade de aguardar a fabricação em laboratório nem voltar para uma segunda consulta. Novos negócios que saibam usar a impressão 3D para realizar tarefas mais rápido têm grandes oportunidades de crescimento.
  • 3. 2. Gestão na nuvem

    3 /8(Thinkstock)

    Depois da onda das compras coletivas, uma outra vem tomando as ideias de negócios baseadas na internet: os aplicativos de administração na nuvem (conceito de cloud computing), como ZeroPaper, ContaAzul, Nibo e muitos outros. Os sistemas prometem facilidade de uso e baixo custo, e, por serem voltados para micro e pequenas empresas , têm grande potencial de crescimento, dado o número potencial de clientes. Mas fluxo de caixa, controle de estoque e emissão de notas fiscais e boletos não são os únicos atrativos dos serviços “na nuvem”. Por cobrarem mensalidades suaves em vez de uma cara licença anual, e também por serem acessíveis de qualquer lugar (incluindo o computador de casa, o laptop e o smartphone), vários novos negócios “na nuvem” estão atraindo clientes individuais e empresas. É o caso de serviços de gerenciamento de tarefas como Trello e Asana e também aplicativos de finanças pessoais como o Magnetis.
  • 4. 3. Vida frugal

    4 /8(/Thinkstock)

    O custo de vida cresce – do aluguel a serviços como internet, plano de dados para smartphone e TV paga. Ao mesmo tempo, o custo da eletricidade sobe e cresce a preocupação ambiental. Nesse ambiente, proliferam novos negócios que ajudem as pessoas a compartilhar objetos e reduzir custos. O Casa Virtual de Furnas, por exemplo, ajuda a monitorar (e portanto reduzir) a conta de luz. Já o Tem Açúcar? facilita as trocas e empréstimos de objetos entre vizinhos, ao mesmo tempo em que preserva a privacidade dos usuários. Na Suíça, existe o Pumpipumpe, uma espécie de versão low-tech do mesmo projeto. As pessoas colam na própria caixa de correio adesivos correspondentes aos objetos que podem emprestar. A economia compartilhada veio mesmo para ficar. Até quartos disponíveis para aluguel no Airbnb ganham reformas e destaque na imprensa. O desafio, claro, é monetizar o negócio e ganhar escala.
  • 5. 4. Segurança

    5 /8(Getty Images)

    O setor de segurança é o que registrou micro e pequenas empresas com crescimento mais acelerado entre 99 segmentos, segundo a pesquisa Estatísticas de Empreendedorismo. Há várias boas razões para apostar em ideias de negócios relativos à segurança. Com a proliferação dos smartphones, das redes sociais, dos aplicativos de bancos e da navegação na internet sem fio, nunca a privacidade das pessoas esteve tão vulnerável – incluindo informações como compras, número do cartão de crédito e outros dados pessoais. Episódios de vazamento de dados volta e meia disparam o alerta sobre a necessidade de produzir senhas fortes, navegar de forma segura e evitar spam e phishing. Fora do mundo virtual, empresas de vigilância, circuitos fechados de TV e cercas elétricas podem ser muito atraentes em grandes centros urbanos. Um ótimo exemplo é a Avantia, empresa de dois Empreendedores Endeavor, que desenvolve e opera sistemas proativos de monitoramento de imagens e alarmes capazes de proteger grandes empresas e até cidades inteiras.
  • 6. 5. Comidinhas

    6 /8(Divulgação/Buzina Brasil)

    Temakerias, itens “gourmet”, food trucks, paletas mexicanas e espetinhos: é forte a tendência de novos negócios que apostam em refeições rápidas, localização conveniente e produtos de elevada margem de lucro. As razões são várias. Uma é o aumento dos aluguéis em pontos comerciais tradicionais, o que tem afastado os lojistas. Nesse cenário, os food trucks, que além de evitar o aluguel ainda podem se deslocar em busca de pontos mais movimentados, têm grande margem de manobra. A Diletto, por exemplo, garante a presença de seus gelattos com carrinhos abastecidos, que podem estacionar em lojas, shoppings e até eventos. Só em 2013, a empresa faturou R$50 milhões.
  • 7. 6. Experiências

    7 /8(Thinkstock)

    A atual geração de consumidores é bem diferente da anterior. Bens como carros e imóveis são sonho de consumo para menos gente. Os carros próprios tendem a perder espaço para bicicleta, transporte público, car sharing e aplicativos de táxi. Já os imóveis, além do custo proibitivo, dão lugar a um estilo de vida mais móvel – com carreiras menos estáveis e a possibilidade de trabalhar de qualquer lugar, mais gente tenta optar por estilos de vida como o de trabalhar remotamente por um ano, ou de trabalhar menos horas na semana. Nesse sentido, crescem oportunidades para novos negócios que exploram experiências e eventos em vez de bens de consumo. A EventBrite ajuda a criar eventos inesquecíveis. Já a 4bts aposta no turismo de experiência, como aquele voltado para eventos esportivos. O sucesso de eventos como Color Run e a crescente vinculação de marcas de bebidas a festas específicas diz muito sobre o valor crescente dado à frase “eu estive lá”. Por causa das constantes atualizações no Facebook com notícias de viagens e festas de nossos amigos, o mal da atual geração já recebeu até um nome – “FOMO”, ou “fear of missing out”, isto é, o receio de que não estamos aproveitando plenamente a vida. Ideias de negócios baseadas em criar experiências diferentes e/ou aproveitar melhor o tempo têm tudo para decolar em 2015 e além. Qual a sua grande ideia de negócios para 2015? Entre na conversa deixando um comentário.
  • 8. Agora, leia mais sobre empreendedorismo

    8 /8(Reprodução)

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