10 passos para empreender em 2015
Fernando de la Riva, especialista em negócios digitais, afirma que é essencial validar o modelo de negócios da forma mais barata possível
Da Redação
Publicado em 26 de janeiro de 2015 às 09h55.
10 passos para empreender em 2015
Escrito por Fernando de la Riva, especialista em negócios digitais
Se você está lendo este artigo, provavelmente é um empreendedor de primeira viagem na área de tecnologia ou está no seu primeiro negócio. Neste caso, é importante validar o seu modelo de negócio para decidir se você tem uma startup de breakeven rápido ou um modelo de crescimento que vai buscar monetização depois.
Esta decisão vai afetar toda a estrutura de financiamento futura. Agora, vamos focar em como você valida se tem uma visão que vai gerar um modelo de negócios viável ou teve uma alucinação de fim de semana.
1. Leia, aprenda, faça networking e participe de eventos
Leia alguns livros e acompanhe blogs para obter referências; escolha seus ícones e entenda a trajetória deles como Peter Thiel, Mark Zuckerberg e Jorge Paulo Lemann. Escolha pelo menos um curso em uma plataforma como o Coursera e cheque como está a sua disciplina. Procure meetups sobre o assunto que mais te interessa na sua cidade e vá a todos que puder; e, por fim, procure em sua rede de contatos quem são os empreendedores digitais e marque o maior número de conversas que puder para entender como eles começaram e o que eles fariam diferente.
2. Faça uma reflexão pessoal
Antes de começar, você vai ter que responder pelo menos três questões fundamentais. A primeira delas é s e você está em um bom momento para isso, e este ano essa análise tem que ser feita com um pouco mais de cuidado considerando o momento econômico que o Brasil está vivendo. Este ponto não é apenas uma análise pessoal, mas de contexto geral econômico e social.
A segunda é por que você está empreendendo. Ou você empreende no modo startup escalável ou você empreende por estilo de vida, o que significa odiar o chefe e resolver gerenciar os custos pessoais. Este último perfil não quer ficar rico, mas ter uma vida sustentável.
E, por fim, você deve se perguntar no que é bom. Vale a máxima de que você tem que tentar estar em um domínio que você ou alguém do seu time conheça bem, e não em algo que você gosta. Você não abre um restaurante porque gosta de comer, mas porque alguém no time sabe cozinhar bem.
3. Defina a estratégia e a primeira hipótese de modelo de negócios
Dependendo do tipo de startup você quer montar, o processo de definição do modelo de negócio é diferente. Se for uma startup de estilo de vida, você está fazendo algo que você já fazia como empregado por meio da sua startup e tem que buscar uma oportunidade de venda tática.
Por outro lado, se é uma startup escalável é preciso saber qual é o mercado, o problema e a solução. Neste caso, você tem que fazer uma engenharia reversa levando em conta uma taxonomia simples proposta por Steve Blank. Você pode estar em qualquer um dos quatro cenários: produto novo em um mercado existente, produto existente em um mercado novo, produto novo em um mercado novo e produto existente em um mercado existente.
Qualquer que seja o cenário, você deve estimar o tamanho do mercado potencial, checar se o problema que você está resolvendo está relacionado a alguma necessidade ou tendência e se existe competição local ou paralela em outro mercado. Por fim, é bom olhar também se existe alguma barreira regulatória intransponível.
4. Procure sócios
É quase impossível empreender sozinho, você deve conseguir convencer pelo menos uma pessoa para começar essa trajetória com você. Quando se tem os sócios errados, o empreendedorismo se torna também muito difícil. É importante entender qual papel você assumirá na empresa e quem pode assumir as outras responsabilidades para gerar equilíbrio.
5. Crie uma plataforma sustentável para o bootstraping
É essencial pensar em como você vai largar o seu emprego do horário comercial progressivamente, saber se você ou seu sócio têm reservas o suficiente para esta fase e definir qual é o tempo de voo que você precisa para sobreviver antes de ter que voltar ao mercado para procurar financiamento.
6. Valide sua visão inicial de cliente-alvo da maneira mais barata possível
Comece rápido a perceber se seu público tem uma dor ou problema relevante, por meio de alguma ferramenta barata como uma landing page, por exemplo. Converse com seu público e perceba o tamanho da dor que eles tem ou se você realmente tem um cliente. Defina um grupo pequeno com características bem definidas. Algumas áreas, como educação, saúde e mercado imobiliário estão fortes em 2015, pelo contexto em que estamos, e podem ser uma inspiração.
7. Comece a validar o seu produto
Depois de saber quem é o seu público e se seu produto resolverá um problema relevante, é hora de começar a validar se ele está resolvendo o problema, fase que chamamos de descoberta de produto. Para validá-lo, é preciso definir hipóteses de um “produto mínimo viável” que represente o seu modelo de negócios; fazer protótipos de fidelidade cada vez mais alta, validando esses protótipos diariamente em campo; rever suas hipóteses com conhecimento validado; e repetir esse processo.
8. Repita os passos 1 e 4
Depois de todo o aprendizado conseguido com os passos de 1 a 7, é hora de rever o seu checklist de capacidades em empreendedorismo em tecnologia e procurar um novo sócio que preencha as lacunas do seu negócio. Dentro desse checklist pode ter empreendorismo, marketing digital, métricas, desenvolvimento de software, desenvolvimento de produto, finanças para startups, conhecimento específico de domínio (varejo, saúde, educação, etc.) e até mesmo reserva financeira.
9. Procure financiamento tático
Para a fase de financiamento com recurso próprio é muito comum o esquema “FFF” (Friends, Family and Fools), mas você também pode procurar programas de fomento de empreendedorismo como a Startup Brasil ou a Startup Rio, por exemplo.
10. Evolua de forma contínua seu produto
Durante todo o tempo do negócio é preciso tomar decisões de continuar, investir, manter ou fechar. Por isso, você deve repetir o passo 6 até chegar à conclusão de que tem um produto sustentável ou que você precisa pensar em outra coisa para resolver aquele problema.
Se sua solução parece não parar em pé, você tem que ser muito maduro para entender se aquele problema que você acha que as pessoas pagariam para você resolver é realmente relevante, e iterar do início um novo produto para o mesmo problema, ou se a proposição central do modelo de negócios está furada. Neste último caso, volte à prancheta: consegue seguir e abrir outro negócio ou precisa voltar ao mercado e curar as feridas antes de empreender de novo?
Enfim, o problema de empreender no domínio de tecnologia é tão complexo que temos que definir condições claras de contorno para que um passo a passo seja minimamente aplicável. Se você realmente está começando, sua primeira startup vai ser um veículo de aprendizado que tem que ter o menor custo possível e que te machuque só o suficiente para que aquela lição seja bem aprendida e você possa voltar para a briga mais preparado.
Fernando de La Riva é diretor-executivo da Concrete Solutions, consultoria global de TI.
10 passos para empreender em 2015
Escrito por Fernando de la Riva, especialista em negócios digitais
Se você está lendo este artigo, provavelmente é um empreendedor de primeira viagem na área de tecnologia ou está no seu primeiro negócio. Neste caso, é importante validar o seu modelo de negócio para decidir se você tem uma startup de breakeven rápido ou um modelo de crescimento que vai buscar monetização depois.
Esta decisão vai afetar toda a estrutura de financiamento futura. Agora, vamos focar em como você valida se tem uma visão que vai gerar um modelo de negócios viável ou teve uma alucinação de fim de semana.
1. Leia, aprenda, faça networking e participe de eventos
Leia alguns livros e acompanhe blogs para obter referências; escolha seus ícones e entenda a trajetória deles como Peter Thiel, Mark Zuckerberg e Jorge Paulo Lemann. Escolha pelo menos um curso em uma plataforma como o Coursera e cheque como está a sua disciplina. Procure meetups sobre o assunto que mais te interessa na sua cidade e vá a todos que puder; e, por fim, procure em sua rede de contatos quem são os empreendedores digitais e marque o maior número de conversas que puder para entender como eles começaram e o que eles fariam diferente.
2. Faça uma reflexão pessoal
Antes de começar, você vai ter que responder pelo menos três questões fundamentais. A primeira delas é s e você está em um bom momento para isso, e este ano essa análise tem que ser feita com um pouco mais de cuidado considerando o momento econômico que o Brasil está vivendo. Este ponto não é apenas uma análise pessoal, mas de contexto geral econômico e social.
A segunda é por que você está empreendendo. Ou você empreende no modo startup escalável ou você empreende por estilo de vida, o que significa odiar o chefe e resolver gerenciar os custos pessoais. Este último perfil não quer ficar rico, mas ter uma vida sustentável.
E, por fim, você deve se perguntar no que é bom. Vale a máxima de que você tem que tentar estar em um domínio que você ou alguém do seu time conheça bem, e não em algo que você gosta. Você não abre um restaurante porque gosta de comer, mas porque alguém no time sabe cozinhar bem.
3. Defina a estratégia e a primeira hipótese de modelo de negócios
Dependendo do tipo de startup você quer montar, o processo de definição do modelo de negócio é diferente. Se for uma startup de estilo de vida, você está fazendo algo que você já fazia como empregado por meio da sua startup e tem que buscar uma oportunidade de venda tática.
Por outro lado, se é uma startup escalável é preciso saber qual é o mercado, o problema e a solução. Neste caso, você tem que fazer uma engenharia reversa levando em conta uma taxonomia simples proposta por Steve Blank. Você pode estar em qualquer um dos quatro cenários: produto novo em um mercado existente, produto existente em um mercado novo, produto novo em um mercado novo e produto existente em um mercado existente.
Qualquer que seja o cenário, você deve estimar o tamanho do mercado potencial, checar se o problema que você está resolvendo está relacionado a alguma necessidade ou tendência e se existe competição local ou paralela em outro mercado. Por fim, é bom olhar também se existe alguma barreira regulatória intransponível.
4. Procure sócios
É quase impossível empreender sozinho, você deve conseguir convencer pelo menos uma pessoa para começar essa trajetória com você. Quando se tem os sócios errados, o empreendedorismo se torna também muito difícil. É importante entender qual papel você assumirá na empresa e quem pode assumir as outras responsabilidades para gerar equilíbrio.
5. Crie uma plataforma sustentável para o bootstraping
É essencial pensar em como você vai largar o seu emprego do horário comercial progressivamente, saber se você ou seu sócio têm reservas o suficiente para esta fase e definir qual é o tempo de voo que você precisa para sobreviver antes de ter que voltar ao mercado para procurar financiamento.
6. Valide sua visão inicial de cliente-alvo da maneira mais barata possível
Comece rápido a perceber se seu público tem uma dor ou problema relevante, por meio de alguma ferramenta barata como uma landing page, por exemplo. Converse com seu público e perceba o tamanho da dor que eles tem ou se você realmente tem um cliente. Defina um grupo pequeno com características bem definidas. Algumas áreas, como educação, saúde e mercado imobiliário estão fortes em 2015, pelo contexto em que estamos, e podem ser uma inspiração.
7. Comece a validar o seu produto
Depois de saber quem é o seu público e se seu produto resolverá um problema relevante, é hora de começar a validar se ele está resolvendo o problema, fase que chamamos de descoberta de produto. Para validá-lo, é preciso definir hipóteses de um “produto mínimo viável” que represente o seu modelo de negócios; fazer protótipos de fidelidade cada vez mais alta, validando esses protótipos diariamente em campo; rever suas hipóteses com conhecimento validado; e repetir esse processo.
8. Repita os passos 1 e 4
Depois de todo o aprendizado conseguido com os passos de 1 a 7, é hora de rever o seu checklist de capacidades em empreendedorismo em tecnologia e procurar um novo sócio que preencha as lacunas do seu negócio. Dentro desse checklist pode ter empreendorismo, marketing digital, métricas, desenvolvimento de software, desenvolvimento de produto, finanças para startups, conhecimento específico de domínio (varejo, saúde, educação, etc.) e até mesmo reserva financeira.
9. Procure financiamento tático
Para a fase de financiamento com recurso próprio é muito comum o esquema “FFF” (Friends, Family and Fools), mas você também pode procurar programas de fomento de empreendedorismo como a Startup Brasil ou a Startup Rio, por exemplo.
10. Evolua de forma contínua seu produto
Durante todo o tempo do negócio é preciso tomar decisões de continuar, investir, manter ou fechar. Por isso, você deve repetir o passo 6 até chegar à conclusão de que tem um produto sustentável ou que você precisa pensar em outra coisa para resolver aquele problema.
Se sua solução parece não parar em pé, você tem que ser muito maduro para entender se aquele problema que você acha que as pessoas pagariam para você resolver é realmente relevante, e iterar do início um novo produto para o mesmo problema, ou se a proposição central do modelo de negócios está furada. Neste último caso, volte à prancheta: consegue seguir e abrir outro negócio ou precisa voltar ao mercado e curar as feridas antes de empreender de novo?
Enfim, o problema de empreender no domínio de tecnologia é tão complexo que temos que definir condições claras de contorno para que um passo a passo seja minimamente aplicável. Se você realmente está começando, sua primeira startup vai ser um veículo de aprendizado que tem que ter o menor custo possível e que te machuque só o suficiente para que aquela lição seja bem aprendida e você possa voltar para a briga mais preparado.
Fernando de La Riva é diretor-executivo da Concrete Solutions, consultoria global de TI.