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Zara cede parte do controle de vendas na internet a Alibaba

Objetivo é estimular o crescimento as vendas online


	Manequins da Zara: empresa é uma das redes de varejo ocidentais mais fortes na China
 (Miguel Riopa/AFP)

Manequins da Zara: empresa é uma das redes de varejo ocidentais mais fortes na China (Miguel Riopa/AFP)

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Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2014 às 18h04.

Madri - Desde que inaugurou seu primeiro site, quatro anos atrás, a Inditex SA mantém pleno controle sobre as vendas online da Zara, sua marca principal. Para ganhar uma base mais robusta na China, a empresa espanhola de varejo planeja ceder parte da supervisão das vendas pela internet da rede e uma fatia de seu lucro.

Neste mês, a Zara abrirá uma loja online no Tmall, um site chinês da Alibaba Group Holding Ltd. no qual empresas como Nike Inc., Burberry Group Plc e The Gap Inc. vendem seus produtos. O Tmall, que supera a Amazon.com como maior loja online da China, com mais de 100.000 marcas representadas, fica com 0,5 por cento a 5 por cento das vendas feitas pelo site.

A Zara é uma das redes de varejo ocidentais mais fortes na China, onde a Inditex possui 456 lojas. Mas seu site Zara.cn, que tem dois anos e continuará existindo, não está nem sequer entre os 10.000 destinos web mais populares da China, enquanto o Tmall é o número 7, segundo dados da empresa de monitoramento Alexa.

“Para iniciar o comércio eletrônico na China as empresas de varejo estão decidindo fazê-lo por meio do Tmall devido à amplitude de sua audiência”, disse Jamie Merriman, analista da Sanford C. Bernstein Co. “Não é tanto uma questão de lucratividade, mas sim do potencial de expandir a participação de mercado”.

A Alibaba levantou US$ 25 bilhões neste mês em Nova York na maior oferta pública inicial do mundo e agora vale mais do que a Amazon.com Inc.

O prospecto do IPO levantou pelo menos um sinal de alerta para empresas de varejo que estudam vendas nos sites da companhia chinesa: o governo dos EUA apontou os sites-irmãos do Tmall, o Taobao.com e o Alibaba.com, como “notórios mercados” de produtos falsificados.

Depósitos antifalsificação

O Tmall procurou acalmar as preocupações a respeito de falsificações exigindo que os vendedores varejistas depositem dinheiro como garantia de que seus produtos são legítimos. Essa postura antifalsificação aumentou o apelo do site para empresas como Inditex, segundo Christodoulos Chaviaras, analista do Barclays Plc em Londres.

A falsificação é um “problema bem documentado na China, nós vimos isso no passado e lá o Tmall vem como uma solução”, disse Chaviaras.

Bob Christie, assessor de imprensa da Alibaba, não respondeu a um e-mail em busca de comentário.

Atrativo fundamental

Antes de a Zara ingressar no Tmall, a projeção de crescimento das vendas da Inditex na China era de até 20 por cento nos próximos anos, estima o Barclays. O banco não atualizou sua estimativa, mas Chaviaras disse que o acordo provavelmente impulsionará o crescimento das vendas.

A China responde por cerca de 8 por cento das vendas da Inditex, segundo o banco Société Générale SA. A empresa espanhola não separa as informações de vendas por país. Duas marcas menores da Inditex, Pull Bear e Bershka, já estão presentes no Tmall.

Embora a Alibaba assuma uma parcela dos lucros no Tmall, ela permite que as empresas de varejo mantenham o controle sobre sua interação com os clientes. Para a Inditex, isso foi parte fundamental de sua atratividade, segundo Pablo Isla, CEO da empresa varejista.

“Não é diferente das vendas online por meio de nossa própria página na internet, então é como abrir uma loja em um shopping center”, disse Isla, em uma teleconferência, no dia 17 de setembro. A Inditex também ingressará no site por causa da “relevância da China para nós e da relevância do Tmall na China”.

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