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VarigLog arremata Varig por US$ 24 de milhões

Ex-subsidiária foi a única a confirmar participação; além de realizar o depósito prévio, nova controladora se comprometeu a investir um total de US$ 485 milhões na aérea

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

A VarigLog arrematou a Varig no leilão que começou pouco depois das 10 horas desta quinta-feira (20/7) pelo valor de 24 milhões de dólares (52,324 milhões de reais), com o compromisso de investir na companhia um total de 485 milhões de dólares. A aérea vinha enfrentando um processo de recuperação judicial há mais de um ano.

"Renasce aqui uma nova Varig. Não há futuro que possa nos amedrontar, já que passamos tantas dificuldades no passado e no futuro", afirmou o presidente da companhia, Marcelo Bottini. Além da VarigLog, que participou do leilão como Aéreo Transportes Aéreos S/A, um segundo grupo, a Cooper Data (Cooperativa de Trabalho dos Profissionais de Processamento de Dados), também apresentou interesse na Varig durante o período de pré-qualificação. A proposta, no entanto, foi desqualificada porque a empresa não realizou depósito prévio, pedido pela Justiça.

Pelas regras estipuladas pela Justiça do Rio de Janeiro, os interessados em participar do leilão deveriam depositar, com 24 horas de antecedência, uma quantia de 24 milhões de dólares - valor que iria para a VarigLog como forma de compensação pelos empréstimos que tem feito à Varig caso outro investidor arrematasse a aérea. No entanto, o Tribunal de Justiça do Rio declarou, na noite de ontem (19/7), que nenhum outro grupo depositou os milhões.

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Obrigações

Agora a VarigLog terá de efetuar um aporte inicial de 75 milhões de dólares em até 48 horas após a homologação da operação pela Justiça, e um investimento de 150 milhões de dólares dentro de 30 dias. Atendidas as exigência, a ex-subsidiária se tonará a proprietária das operações nacionais e internacionais da Varig. Os planos de reestruturação da aérea já declarados pela VarigLog incluem o enxugamento da companhia, com a demissão de cerca de 8 mil funcionários. O objetivo é operar a Varig com apenas 2 mil funcionários e 13 dos atuais 61 aviões.

A "nova Varig" também ficará com o programa de milhagem Smiles e se responsabilizará pelo passivo referente a passagens já emitidas e não usadas. A companhia terá ainda a obrigação de emitir duas séries de debêntures, no valor de 50 milhões de reais cada, que serão usadas para pagar parte da dívida contraída com trabalhadores e com o fundo de pensão Aerus - também terá como alternativa o pagamento à vista das debêntures no valor de 41,481 milhões de reais cada uma.

A Varig remanescente, chamada de "Varig velha", deve ficar com 50 funcionários, pois operará apenas uma rota - Congonhas/Porto Seguro, ida e volta -, sob a marca Nordeste. Ela continuará em recuperação judicial e herdará o passivo da atual companhia.

Credores

Na segunda-feira (17/07), os credores haviam rejeitado a proposta de compra da Varig feita pela VarigLog no valor de 500 milhões de dólares, mas a decisão acabou revertida pela Justiça do Rio - o juiz responsável pela recuperação da companhia área, Luiz Roberto Ayoub, anulou os votos contrários à proposta que partiram de empresas de leasing ligadas à GE Capital, porque estas não detinham créditos da Varig.

Com a reversão do veto, o plano de recuperação judicial da Varig proposto pela VarigLog foi considerado aprovado e abriu caminho para a realização do leilão de hoje. No primeiro leilão da aérea, realizado no início de junho, o único grupo a apresentar proposta foi o NV Participações, formado pela associação Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) e investidores. Declarado vencedor com restrições pela Justiça, o grupo não conseguiu efetuar o depósito de 75 milhões de dólares exigido pela Justiça, e o leilão acabou sendo anulado.

Endividada em 7,9 bilhões de dólares, a Varig vinha desde então esperando por novo comprador. Sem recursos para manter suas operações, a companhia foi obrigada, em 21 de junho, a reduzir suas operações internacionais e nacionais. Além disso, a empresa vem enfrentando batalhas nos tribunais da Justiça dos Estados Unidos para não ter de devolver aeronaves a empresas de leasing. Uma liminar que protege a Varig do arresto tem prazo até esta sexta-feira (21/07).

Primeiras medidas

A nova administração da Varig já anunciou suas primeiras ações. A partir de amanhã (21/7), a companhia aumentará a freqüência dos vôos da ponte aérea Rio-São Paulo de dez para 36.

Em contrapartida, todas as demais rotas nacionais e internacionais serão suspensas até o dia 28 de julho. A partir desta data, os vôos serão gradativamente retomados. Segundo a Varig, passageiros com reservas ou bilhetes emitidos para destinos suspensos serão acomodados em outras companhias aéreas, de acordo com o previsto no plano de contingência da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em vigor desde 21 de junho.

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