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Vale lidera investimento de empresas brasileiras no exterior em 2018

Total de investimentos brasileiros no exterior somou US$ 14,7 bilhões no ano passado, queda de 31% em relação a 2017, devido à cautela com eleições

Mineração: em 2018, Vale anunciou o relançamento de um grande projeto de mineração de níquel no Canadá (Germano Lüders/Exame)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de novembro de 2019 às 08h15.

Última atualização em 27 de novembro de 2019 às 08h17.

São Paulo - O investimento de empresas brasileiras no exterior somou US$ 14,7 bilhões no ano passado, uma queda de 31% em relação a 2017, quando os aportes de companhias nacionais tinham somado US$ 21,3 bilhões. Segundo a Fundação Dom Cabral (FDC), que realizou o Estudo Global Latam, levantamento sobre a América Latina encomendado pelo governo da Espanha, o resultado sofreu forte impacto das eleições brasileiras em 2018, que deixaram os empresários mais cautelosos em relação a investimentos em moeda estrangeira.

Entre as empresas brasileiras, a mineradora Vale lidera os projetos internacionais. Em 2018, a companhia anunciou o relançamento de um grande projeto de mineração de níquel no Canadá, em um investimento que, sozinho, vai consumir US$ 2 bilhões. No total, a companhia investiu US$ 2,8 bilhões fora do Brasil em 2018.

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Entre outros casos de empresas brasileiras de sucesso lá fora, o levantamento cita Petrobras (petróleo), Iochpe-Maxion (fabricante de autopeças), Marcopolo (carrocerias de caminhões e ônibus) e Magnesita (mineradora), além das gigantes dos alimentos Minerva, BRF e Marfrig. Entre os nomes emergentes na atuação internacional, o estudo enumera a Natura (cosméticos), a Embraer (fabricante de aeronaves) e a Stefanini (tecnologia).

Entre 2003 e 2019, o país com o maior número de projetos de empresas brasileiras foram os Estados Unidos, com um total de 207. Entre os principais destinos de investimentos brasileiros destacam-se também Argentina (2.ª posição, com 108 projetos de investimento) e Colômbia (3.º lugar, com 59 investimentos diretos).

De forma geral, aponta a Fundação Dom Cabral, o investimento estrangeiro das empresas nacionais parece sentir claro impacto das turbulências internas da economia e da política. O levantamento mostra essa flutuação em vários anos das últimas duas décadas, sendo o caso mais evidente o de 2015, quando o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro teve uma retração de 3,6%. Naquele ano, a queda em relação a 2014 foi de quase 85%.

Financiamento

O estudo também mostra que o papel do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem sido mais discreto no que se refere ao financiamento da internacionalização das empresas brasileiras desde a eclosão da crise econômica. "As empresas que conseguiram se reestruturar durante a crise têm capacidade de investir com meios próprios em fusões e aquisições", avalia Paul Ferreira, professor da FDC.

Hoje, as companhias buscam financiamento próprio para suas ambições fora do País, como é o caso da Natura, que desde 2013 fez três grandes aquisições globais: a australiana Aesop, a britânica The Body Shop e a americana Avon. Esta última aquisição - a maior de todas, que formará um grupo de US$ 10 bilhões - ainda está em fase de aprovação por órgãos reguladores, devendo ser concluída em 2020.

Além da Natura, o estudo lembra casos como o da Embraer, que buscou parcerias no exterior. No ano passado, a empresa brasileira vendeu 80% de seu negócio de jatos comerciais à americana Boeing, além de realizar uma parceria com a multinacional para a comercialização de cargueiros militares no mercado internacional.

Já a Stefanini, que fornece serviços de tecnologia da informação, utilizou as operações internacionais para expandir seus negócios. O setor de TI se destaca no ranking de aquisições de empresas de outros países, com cinco negócios fechados apenas em 2018. Em primeiro lugar estão as companhias de internet, com 13 transações.

Na avaliação de Ferreira, o resultado mostra a valorização do setor de tecnologia, embora ele ressalve que o movimento pode ser apenas conjuntural. "O que é certo é que, neste momento, essas empresas estão tendo mais protagonismo, mas não podemos dizer que é uma tendência", afirma.

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