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Unicórnio chilena de impacto social, Betterfly adquire a startup brasileira Seu Vale

A compra da startup de benefícios flexíveis vai acelerar a transição da empresa para o modelo SaaS no país

João Figueira, da Betterfly: "Mais do que querer ser um benefício que tinha com o lado social, saúde física e saúde mental dos colaboradores, a gente quer ser one-stop-shop de benefícios" (Betterfly/Divulgação)

João Figueira, da Betterfly: "Mais do que querer ser um benefício que tinha com o lado social, saúde física e saúde mental dos colaboradores, a gente quer ser one-stop-shop de benefícios" (Betterfly/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 10 de novembro de 2022 às 05h00.

Última atualização em 17 de abril de 2024 às 12h18.

A startup chilena de impacto social Betterfly, pioneira em esquemas para empresas incentivarem hábitos saudáveis entre seus funcionários, anuncia nesta quinta a aquisição da empresa brasileira de benefícios flexíveis SeuVale.

O valor da transação não foi revelado.

Unicórnio desde fevereiro deste ano após receber uma rodada de investimentos série C no valor de 125 milhões de dólares, a Betterfly começou há quatro anos como um programa de incentivo para exercícios físicos.

Pelo modelo da companhia sediada em Santiago, horas empregadas pelos funcionários em atividades físicas, como musculação ou yoga, por exemplo, são convertidas numa moeda virtual.

O objetivo disso tudo tem um quê de ESG. O recurso virtual, convertido em moeda corrente, vai para doações feitas pela área de responsabilidade social das empresas — tudo isso mérito dos funcionários atléticos.

Nos últimos tempos, a Betterfly tem espalhado sua atuação para outros hábitos considerados saudáveis para as empresas incentivarem em seus funcionários.

Na lista estão meditação, alimentação saudável, saúde financeira e a aquisição de seguros.

O que é o segmento de benefícios flexíveis

A compra da SeuVale é a segunda no mercado de benefícios flexíveis, modelo em que as empresas podem estipular um valor e dar a possibilidade dos funcionários definirem como querem usá-lo em categorias específicas.

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O processo foi iniciado com a compra da Flexoh, na Espanha, há quatro meses, e marcou a entrada da unicórnio latino-americano de impacto social no país europeu.

“Mais do que querer ser um benefício que tinha com o lado social, saúde física e saúde mental dos colaboradores, nós queremos ser one-stop-shop de benefícios em que a parte de propósito social e ambiental estará presente em todos os produtos”, afirma João Figueira, VP de estratégia e expansão global da Betterfly.

Com a nova estratégia, a ideia da startup é de reunir todos os seus produtos na plataforma, incluindo os seguros de vida, em parceria com a Icatu, e as soluções de saúde física, mental e financeira.

“Nós estamos consolidando todos esses produtos em um único guarda-chuva. Isso está acontecendo e terá velocidades diferentes para cada país”, diz o executivo, egresso da Xerpay, empresa comprada pela Betterfly em setembro de 2021 como uma forma de acelerar a entrada no país e onde atuava como COO.

O Brasil, primeiro destino no processo de internacionalização da startup, é onde esse processo já está mais avançado, segundo o executivo. A partir desta quinta-feira, 10, as empresas já terão acesso às opções que prometem mais flexibilidade no processo de escolha.

Outro resultado direto da aquisição é que a Betterfly começará a oferecer o cartão de benefícios “SeuVale by Betterfly”, ao qual será embutido propósito social. A cada uso, uma percentual do valor será direcionado para ONGs parceiras da startup no Brasil como Ação Cidadania, Hospital Pequeno Príncipe e Gerando Falcões.

Como foi a negociação

A compra da SeuVale se deu como uma forma de acelerar a transformação da Betterfly para o modelo SaaS (Software as a Service). Em outros mercados, a Betterfly optou por construir plataformas do zero a adquirir soluções prontas como as da SeuVale.

A explicação, de acordo com Figueira, está no timing. Como o Brasil está mais adiantado e representa o segundo maior mercado da empresa, fazia mais sentido encontrar meios para acelerar a expansão por aqui.

A expectativa é de que o País supere o Chile em pouco tempo e ocupe a primeira posição entre os maiores mercados da Betterfly.

Além disso, a empresa chilena encontrou na SeuVale um “conjunto de coisas” que ofereciam sinergias ao negócio dela.

Criada em 2020 pelos sócios César Costa e Paulo Fonseca, em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, a SeuVale começou operando uma plataforma de distribuição de benefícios digitais e foi usada em um projeto social piloto para a distribuição de vales de auxílio para mais de 800.000 pessoas no estado do Paraná.

Passada a experiência, a startup lançou em 2022 o modelo que permite que as companhias personalizem as escolhas para gestão de benefícios flexíveis.

“A proposta tecnológica deles é bem feita”, afirma o executivo sobre a rápida negociação, feita em pouco mais de dois meses. Os fundadores e os funcionários serão incorporados ao time da Betterfly, hoje com 86 pessoas no país.

Como está a operação brasileira

A Betterfly tem mais de 3 mil empresas como clientes globalmente, e o Brasil responde por cerca de 200 delas, entre as quais Ambev, Sodexo, Red Bull, Banco BV. Com a nova proposta de negócios, a expectativa é de crescer entre três e quatro vezes no curto prazo no país.

O ritmo é similar ao que a startup espera de expansão em faturamento global em 2022 em relação ao ano anterior. A alta tem sido impulsionada pela entrada em novos mercados ao longo do ano, incluindo a chegada ao Brasil e a países como Peru, Colômbia, México, Argentina, Equador e Espanha.

Para 2023, ainda sem data definida, a Betterfly prevê a entrada nos Estados Unidos e em Portugal.

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