A Telmex confirmou nesta quarta-feira (23/6) a indicação de Carlos Henrique Moreira para presidir a Embratel, e de José Formoso Martinez para a diretoria geral da empresa. A confirmação ocorreu um dia após a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovar a venda da operadora brasileira, controlada pela americana MCI, ao grupo mexicano. Os executivos assumirão suas funções quando o processo de transferência de controle for concluído, o que se prevê para a segunda quinzena de julho. Até lá, trabalharão em conjunto com a atual diretoria.

Moreira substituirá o atual presidente, já demissionário, Jorge Rodriguez. A indicação foi bem recebida pelo mercado, que vê, em Moreira, alguém familiarizado com a Telmex e com a regulamentação brasileira. O executivo preside, atualmente, a operadora de telefonia celular Claro, também da Telmex. Além disso, já atuou na própria Embratel e em entidades setoriais como o Conselho Nacional de Telecomunicações e a União Internacional de Telecomunicações. "É um bom nome. A Telmex realmente não precisava trazer ninguém de fora, porque ele já conhece o grupo e as leis do país", disse o analista de telecomunicações do BES Securities, Eduardo Roche.

O futuro presidente também contará com um cenário mais favorável. Primeiro, porque, sob controle da Telmex, a operadora brasileira ampliará seu leque de serviços, suprindo as deficiências que enfrentava na área de internet banda larga e telefonia móvel. "A Embratel hoje precisa competir com empresas que já estão integradas, como a Telemar e a Brasil Telecom", afirmou a analista de telecomunicações do Banco Brascan, Roberta Kosaka. Neste sentido, a experiência de Moreira com telefonia móvel pesa a seu favor.

As perspectivas para Moreira também melhoram do ponto de vista financeiro. Ancorada num grupo internacional, a Embratel tende a captar recursos com mais facilidade, seja internamente, seja no exterior. Diante das dificuldades da companhia, que acumulava, no final de março, uma dívida total de 4,1 bilhões de reais (apenas metade protegida por hedge), a retaguarda da Telmex é bem vista pelo mercado.

As dívidas de curto prazo representavam 28% do total, em março, ou 1,1 bilhão de reais. Das dívidas de longo prazo, parte importante vence em 2005. "Havia a possibilidade de a Embratel não gerar os recursos suficientes para os vencimentos de 2004 e 2005 e ficar muito perto do default", disse Roberta. Espera-se, agora, que a Telmex procure os credores da operadora para renegociar as dívidas.

Moreira é engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e possui especialização em gestão, finanças e marketing nas universidades de Harvard, Boston e Pensylvania. Já José Formoso Martinez foi vice-presidente da Telmex para a América Latina. Também ocupou a diretoria geral da América Móvil para a América Central. É engenheiro eletrônico e em comunicações pela Universidade La Salle.