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Depois de "tormenta" de custos, BRF vê "bonança" com inovação até 2030

Investimento em comidas à base de planta, ração para pets e novas linhas de produto devem nortear busca por novos produtos dentro da companhia

(Victor Moriyama/Bloomberg)
KS

Karina Souza

Publicado em 8 de dezembro de 2021 às 15h50.

Última atualização em 8 de dezembro de 2021 às 16h47.

Continuar investindo em inovação, preservar margens e lançar novos produtos com maior valor agregado. É o sonho de qualquer empresa, reforçado pela BRF em conferência nesta quarta-feira, durante o BRF Day. Depois de considerar que “o pior já passou” em termos de custos, a companhia estima, dentro do projeto denominado “Visão 2030” que deve ter receita de 65 bilhões até 2024, com aumento de duas vezes do Ebitda (em comparação aos 12 meses finalizados em setembro de 2020), empurrando a meta apresentada em 2020 em um ano. Para continuar à frente ao longo dos próximos anos, a companhia mantém o o valor de investimento em inovação para os próximos anos, de R$ 55 bilhões, considerando os investimentos de 2021. Mas afinal, para onde deve ir esse dinheiro?

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Bem, não custa lembrar que a BRF deu passos importantes em novos mercados em 2021. Acelerou os investimentos em comida para pets – a partir dos acordos com Mogiana e Hercosul, com os quais atingiu 10% do segmento –, além de entrar no mercado de carne cultivada (produzida em laboratório a partir de células-tronco) a partir do acordo com a Aleph Farms. Dentro de casa, expandiu o segmento de carne à base de plantas, com o lançamento de novos produtos (como o Hot Pocket) em versão vegetariana, além do aumento do portfólio da linha Veg&Tal.

Analisando ponto a ponto, o segmento de comidas para pet foi um investimento e tanto em um setor que cresceu consideravelmente na pandemia. Dados do Instituto Pet Brasil mostram que o mercado pet movimentou R$ 40,8 bilhões no ano passada – mais do que o setor de linha branca, que movimentou R$ 29 bilhões no mesmo período. Desse total, alimentação e saúde para os bichinhos se tornaram essenciais, e a BRF aproveita esse bom momento para continuar investindo em mais produtos para o setor ao longo dos próximos anos.

“Cada vez mais tutores estão dando ração em vez de comida caseira, o que continua sendo um fator importante para o crescimento nos próximos anos. Estimamos 10 anos de crescimento muito consistente nesse segmento, acima do duplo dígito”, diz Marcel Sacco, vice-presidente de Negócios e Inovação da BRF.

Para crescer – em comidas para pets e para humanos – a companhia vai investir, como afirmou em coletiva nesta quarta-feira, em produtos com maior valor agregado. O retorno desse tipo de investimento está sendo, em certa parte, comprovado: em 2021, o investimento nas unidades produtivas já resultou em aumento de 30% na produção de itens de alto valor agregado. Sem dar detalhes do que vem pela frente, Marcel se limita a dizer que é o casamento entre tecnologia e inteligência para entender cada vez melhor a demanda dos consumidores e, é claro, trazer margens melhores aos produtos vendidos, que deve tomar o protagonismo.

Isso não significa, entretanto, trazer produtos necessariamente mais caros aos consumidores. Nessa conta, entram desde pesquisas com consumidores para identificar novas necessidades – caso dos produtos de Natal recém-lançados, como a lasanha de chester e a versão da ave para churrasco – bem como a busca por maior conveniência para a rotina que se tornou mais corrida no pós-pandemia, com a ampliação da linha Livre&Leve, que tem foco no consumidor que tem uma rotina mais corrida. A linha de pratos prontos teve alta de 20% na produção da companhia neste ano ante o ano passado, com mais de 20 novos itens para as gôndolas, segundo a companhia.

Ainda em tendências para os próximos anos, é impossível ignorar o papel que comidas à base de planta e a carne cultivada (produzida em laboratório) devem ter dentro da BRF, primeira companhia da América Latina em investir em carne feita a partir de céulas-tronco. Em relação a esse segmento, a previsão da companhia é ter uma oferta comercial dentro dos próximos dois a três anos. O desafio ainda é ganhar escala e acessibilidade em termos de custos. Já temos um padrão interessante de textura e mastigação, bastante parecida com a carne ‘convencional’”, diz Marcel.

No primeiro trimestre do próximo ano, deve começar o processo de testes na planta da companhia, a partir do conhecimento adquirido com a startup de Israel. E, para o futuro, o executivo projeta evolução das discussões regulatórias – o que ainda está relativamente incerto, dada a novidade que o assunto representa nacionalmente.

Entre todas as incertezas que o futuro pode trazer, uma coisa, para a companhia, é certa: o futuro da inovação da BRF corresponde diretamente à diversificação e ao maior investimento em tecnologia. Assim como no velho conselho de investimentos, a companhia está longe de colocar “todos os ovos em uma única cesta”. Para a companhia de alimentos, a combinação de proteína animal com vegetal e novas formas de produção é o que deve garantir as metas para os próximos anos. Nesse jogo, a BRF quer mostrar que está atenta e vigilante ao que pode surgir – sem medo de abraçar as novidades.

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