Negócios

Técnicos da Anvisa consideram que herbicida glifosato não é cancerígeno

Agência de regulação também deve estipular uma distância segura a ser mantida em relação a áreas habitadas na utilização do produto químico

GLIFOSATO: empresas disseram que décadas de uso e centenas de estudos apontaram que o glifosato não é cancerígeno (Sean Gallup/Getty Images)

GLIFOSATO: empresas disseram que décadas de uso e centenas de estudos apontaram que o glifosato não é cancerígeno (Sean Gallup/Getty Images)

R

Reuters

Publicado em 26 de fevereiro de 2019 às 10h42.

Brasília - Técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) chegaram à conclusão de que o herbicida glifosato não causa câncer, embora tenham recomendado uma série de precauções no seu uso, em meio à crescente pressão internacional para reduzir a utilização do produto químico.

As descobertas vêm em meio a uma batalha legal nos Estados Unidos sobre casos de câncer supostamente causados ​​pelo glifosato e um novo estudo que o relaciona com a doença.

A equipe de análise de risco da Anvisa apresentará suas conclusões na manhã desta terça-feira aos diretores da agência, que decidirão sobre a abertura de uma consulta pública sobre o relatório antes de sua aprovação final.

O Brasil proíbe qualquer agroquímico que eventualmente cause câncer, e os resultados permitiriam a continuidade das vendas de glifosato, o herbicida mais vendido no país.

A Bayer vende o herbicida sob a marca Roundup, da antiga Monsanto, comprada pela companhia no ano passado, que historicamente tem sido a maior vendedora de produtos à base de glifosato no Brasil. A empresa se recusa a revelar sua participação no mercado. A Bayer tem enfrentado reações legais em todo o mundo devido a alegações de que o glifosato causa câncer.

A Monsanto foi condenada a pagar 78 milhões de dólares em reparações depois que um júri na Califórnia no ano passado chegou à conclusão de que seus produtos causaram câncer em um homem e a empresa não conseguiu alertar os clientes sobre os perigos de seu uso.

Um julgamento similar deve começar nesta semana, também na Califórnia.

As empresas disseram que décadas de uso e centenas de estudos apontaram que o glifosato não é cancerígeno.

A França e a Alemanha estão tentando reduzir o uso do produto químico.

Se os diretores da Anvisa derem sua aprovação preliminar, as conclusões dos analistas avançam para um período de consulta pública por 180 dias, durante os quais o público pode apresentar novas evidências à agência, segundo Daniel Coradi, coordenador de reavaliação de produtos agrotóxicos.

Isso poderia incluir quaisquer estudos recentes sobre o glifosato que não foram considerados na análise técnica da Anvisa, disse ele. Em um estudo publicado no início deste mês na revista Mutation Research, acadêmicos norte-americanos associaram a alta exposição a produtos à base de glifosato ao linfoma não-Hodgkin, um tipo de câncer no sangue. Além da questão de se o glifosato causa ou não o câncer, os analistas da Anvisa dizem que os riscos para a saúde permanecem para aqueles expostos à substância quando ela está sendo aplicada às plantações e sugeriram novos limites à exposição. A agência também recomendará a proibição de certos produtos de glifosato em emulsão em água, a adoção de tecnologias de aplicação mais seguras e melhores práticas para limitar a exposição.

A Anvisa também deve estipular uma distância segura a ser mantida em relação a áreas habitadas na utilização do produto químico.

(Por Jake Spring; reportagem adicional de Ana Mano, em São Paulo)

Acompanhe tudo sobre:AgriculturaAnvisaBayerCâncer

Mais de Negócios

As 15 cidades com mais bilionários no mundo — e uma delas é brasileira

A força do afroempreendedorismo

Mitsubishi Cup celebra 25 anos fazendo do rally um estilo de vida

Toyota investe R$ 160 milhões em novo centro de distribuição logístico e amplia operação