Santander inclui risco climático em cálculo de empréstimo para empresas
Medida passa a valer a partir da próxima semana. Taxas ficam mais altas para empresas expostas a alagamentos e outros eventos relacionados ao clima
Rodrigo Caetano
Publicado em 5 de março de 2020 às 17h12.
A partir da próxima semana, médias e grandes empresas expostas a eventos climáticos extremos poderão ter dificuldade em obter um empréstimo do Santander. O banco passará a considerar esse tipo de risco em suas avaliações de crédito.
Segundo Christopher Wells, chefe global de risco socioambiental do banco, a avaliação levará em conta a atividade da empesa, os processos de fabricação e a sua localização. Empresas que estejam em áreas sujeitas a alagamento, por exemplo, ou cujos produtos dependam de matérias primas sensíveis às mudanças climáticas, como insumos agrícolas, podem ser prejudicadas.
Já companhias que atuam em cadeias de baixa emissão poderão se beneficiar da nova política. “Uma fabricante de pás para turbinas eólicas, por exemplo, pode ser melhor avaliada”, afirma Wells. A nova política afeta a área de grandes clientes do banco, que inclui companhias com faturamento superior a 20 milhões de reais. “Analisamos cerca de 2 mil empresas por ano com esse perfil”, diz o executivo.
A medida faz parte dos esforços globais do banco em reduzir sua exposição aos chamados riscos de transição, que estão relacionados aos esforços para conter o aquecimento global em 2°C, como determina o Acordo de Paris.
Desde 2018, o Santander não financia novas usinas termoelétricas a carvão. Também não aceita como clientes empresas que operem esse tipo de empreendimento. Mais recentemente, o banco adotou a prática de não financiar operações de venda de equipamentos para usinas a carvão, mesmo que a empresa em questão não seja responsável pela operação.
Minas de carvão mineral também estão proibidas de receber empréstimos da instituição, embora a restrição não se aplique a operações destinadas à produção do carvão coque, utilizado na indústria siderúrgica.
Ao mesmo tempo, o banco vem intensificando novos negócios em cadeias limpas. Até 2025, os planos são de destinar, globalmente, 120 bilhões de euros para financiar empresas que atuem em setores de baixa emissão de carbono, como energias renováveis e agricultura sustentável.
No ano passado, a operação brasileira do banco destinou 4,5 bilhões de reais para o financiamento de energias renováveis e participou da emissão de 6,6 bilhões de reais em green bonds, que são títulos de dívida atrelados a projetos de baixo impacto ambiental.