Renner dá mais descontos e vende menos, mas anima investidores
Para a varejista de moda, o pior momento já passou e, apesar dos impactos sentidos no trimestre, está recuperando vendas e margens
Karin Salomão
Publicado em 1 de setembro de 2020 às 18h00.
Última atualização em 1 de setembro de 2020 às 19h55.
Com a pandemia do novo coronavírus, a Renner precisou fechar todas as suas lojas bem em um momento em que apresentava a coleção de outono e inverno. Quando as lojas começaram a reabrir, a varejista de moda passou logo a dar descontos para circular o estoque, antes da chegada da primavera, e antecipou as remarcações normalmente previstas para o fim da estação. "Tomamos uma estratégia mais agressiva e entendemos que foi uma decisão adequada, por causa do baixo fluxo", afirmou Laurence Gomes, diretor financeiro e de relações com investidores, em teleconferência sobre os resultados.
Com isso, a margem bruta da operação de varejo recuou 11,6 pontos, para 44,8%. Gomes acredita que esse número deve voltar a um equilíbrio nos próximos meses com a normalização do fluxo de visitantes nas lojas.
A receita líquida das vendas caiu 73,3% no trimestre. Em termos ajustados, a companhia teve prejuízo de 228 milhões de reais, ante lucro de 230,7 milhões de reais um ano antes. Porém, considerando os efeitos da vitória de uma ação sobre exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da Cofins, que resultou num ganho líquido de 1 bilhão de reais, a Lojas Renner passou a ter lucro líquido de 818,1 milhões de reais.
Canais digitais, do WhastApp aodrive-thru
Assim como para outras varejistas , o destaque foi o canal digital que cresceu mais de 200% no período, atingindo 36% das vendas no segundo trimestre. Uma das dúvidas em relação ao comércio eletrônico é se esse modelo continuará crescendo nos trimestres seguintes ou se ganhou força apenas ao substituir as lojas físicas. De acordo com a companhia, as vendas digitais continuaram fortes em agosto, com alta de 200%, mesmo com a reabertura de todas as lojas físicas.
Além do site e aplicativo, a empresa investiu nas vendas pelo WhatsApp. Cerca de 70 lojas já têm o recurso, que tem tíquete médio mais alto e conversão de 30%, muito maior do que nas outras ferramentas digitais.
A empresa ainda alavancou novas modalidades de entrega. Cerca de 180 lojas, das 602 unidades da marca Renner, são usadas como minicentros de distribuição para entregas de compras feitas pela internet. Já o drive-thru para entregas está disponível em 216 shoppings e entregou 13.000 pedidos. Hoje 10% dos pedidos virtuais são atendidos a partir de alguma loja.
Otimismo com a retomada
Para a empresa, o pior momento já passou e, apesar dos impactos sentidos no trimestre, está recuperando vendas e margens. "Estamos em um momento de retomada", diz o presidente executivo da empresa, Fabio Faccio. "É um dos períodos mais desafiadores que já vivemos, sem precedentes, mas tomamos ações ancoradas nas nossas convicções e valores. Tudo isso nos fez mais fortes, mais rápidos e ainda mais resilientes."
A visão positiva animou investidores. "A companhia afirmou que as vendas em lojas físicas seguem se recuperando, enquanto as vendas online se expandiram 200% em base anual em julho e agosto mesmo com a reabertura das lojas", afirmou Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos. "O resultado foi fraco, o que era esperado, mas é algo que ficou no retrovisor. A sinalização que a empresa deu de que já está entregando o mesmo volume de vendas de 2019 parece estar fazendo mais preço", diz ele. As ações hoje chegaram a subir 5% e estão em alta de 4% às 17h30.