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Remdesivir, remédio usado contra coronavírus, vai custar US$ 3.000 nos EUA

A Gilead Sciences, empresa que fabrica o remédio, divulgou os preços nesta segunda-feira, 29, e terá valores menores para países em desenvolvimento

Remdesivir: Gilead, dona do remédio, foi acusada no passado de cobrar preços excessivamente altos por medicamentos patenteados (Gilead Sciences Inc/Handout/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2020 às 10h38.

Última atualização em 29 de junho de 2020 às 13h20.

A Gilead Sciences, farmacêutica que fabrica o remdesivir , disse que o remédio vai custar mais de 3.200 dólares (ou 17.000 reais na cotação de hoje ou pelo menos 15.000 reais nos mais prováveis cenários de câmbio para 2020) nos Estados Unidos, para um tratamento padrão de paciente com plano de saúde. Em países em desenvolvimento, fica abaixo desse valor, pouco mais de 2.000 dólares o tratamento de cinco dias (ou cerca de 11.000 reais). O remédio vem sendo testado com sucesso contra o coronavírus , e resultados mostram que tem sido capaz de reduzir o tempo de internação.

Os preços foram divulgados pela empresa nesta segunda-feira, 29. O remédio passará a ser cobrado em julho nos EUA, mas ainda será o governo americano quem decidirá os hospitais para os quais entregá-lo. Até lá, o governo americano vem usando doações feitas pela Gilead. O remdesivir foi autorizado para uso emergencial em maio.

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A Gilead afirmou que vai oferecer um preço menor para pacientes de programas governamentais nos Estados Unidos e para outros países em desenvolvimento. O preço para estes compradores será de 390 dólares por dose -- ou cerca de 2.340 dólares por paciente em um tratamento comum, de cinco dias, que usa seis doses do remédio.

Os compradores não-governamentais nos EUA, como hospitais e convênios, vão pagar 520 dólares por dose -- 3.120 dólares para um tratamento menor, mais comum, ou 5.720 dólares para o tratamento com duração maior.

"Em circunstâncias normais, nós iríamos precificar um remédio de acordo com o valor que ele proporciona", escreveu em nota o presidente da Gilead, Daniel O’Day. A empresa cita os estudos que mostram que o remdesivir pode ajudar com que pacientes com coronavírus tenham alta quatro dias mais cedo, o que pode ajudar as redes hospitalares a economizarem 12.000 dólares. "Nós decidimos precificar o remdesivir bem abaixo deste valor", disse O'Day.

A ação da Gilead opera em alta na casa dos 2% na manhã desta segunda-feira, na bolsa de Nova York. No ano, a empresa acumula alta de 17%.

Caro ou barato?

O Institute for Clinical and Economic Review (ICER), uma organização não-governamental que avalia preços de medicamentos nos EUA, publicou relatório dizendo que um custo efetivo (cost-effectiveness ) do remdesivir, levando em conta seus resultados, seria a partir de 4.580 dólares por tratamento. Ou seja, o preço para o setor público anunciado hoje estaria dentro dessa linha.

Caso a dexametasona, uma substância mais barata que vem sendo testada, seja eficaz, o preço efetivo para o remdesivir ficaria mais barato, a partir de 2.520 dólares.

O ICER diz ainda que, se quisesse cobrar somente o preço que gasta para fabricar o remédio, a Gilead poderia cobrar entre 10 dólares e 600 dólares, ou, se inclusos os custos de pesquisa, de 1.010 dólares a 1.600 dólares por paciente.

A Gilead não confirma que estes são os custos do remédio. A empresa diz que gastou 50 milhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento para o remédio no primeiro trimestre, ou 4,5% de todo o seu orçamento para pesquisa e desenvolvimento. A expectativa é investir mais de 1 bilhão de dólares até o fim de 2020 para ampliar a fabricação do remdesivir. A farmacêutica diz que "o compromisso se mantém em 2021 e nos próximos anos".

A Gilead é dona de outros remédios, como contra hepatite C e HIV. No passado, a Gilead e outras companhias farmacêuticas dos Estados Unidos já foram acusadas de cobrar preços altos por remédios.

 

 

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