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Remdesivir, HIV e a Bíblia: conheça os pontos-chave na história da Gilead

Remdesivir foi aprovado nesta sexta-feira pela Anvisa para o tratamento de casos graves de covid-19; farmacêutica é principal fornecedora de tratamento contra a aids

Gilead: com a epidemia de HIV e a eficácia de seus medicamentos contra o desenvolvimento do vírus que leva a Aids em soropositivos, a empresa alcançou um forte sucesso financeiro (Justin Sullivan/Getty Images/AFP)

Gilead: com a epidemia de HIV e a eficácia de seus medicamentos contra o desenvolvimento do vírus que leva a Aids em soropositivos, a empresa alcançou um forte sucesso financeiro (Justin Sullivan/Getty Images/AFP)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 12 de março de 2021 às 14h49.

Última atualização em 12 de março de 2021 às 16h52.

A farmacêutica Gilead é mais um dos nomes desta bilionária indústria que veio à tona no último ano devido à pandemia de covid-19. Jansen e AstraZeneca são alguns outros exemplos.

No caso da Gilead, os negócios são focados em remédios antivirais. É ela quem está por trás do Remdesivir, medicamento que foi aprovado nesta sexta pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para combater casos graves de pacientes internados com covid-19.

Por trás de seu desenvolvimento, está o gigantesco poder da Gilead, que foi fundada em 1987, mas a farmacêutica se consagrou por outros rótulos, como o Truvada, utilizado por pacientes soropositivos.

Desde o fim da década de 80, a Gilead foca no desenvolvimento de medicamentos antivirais, que ainda é o seu forte, como no combate ao HIV e à hepatite.

Fundada pelo médico Michael L. Riordan sob o nome de Oligogen, a empresa foi logo rebatizada após sua fundação em homenagem ao Bálsamo de Gilead, um ingrediente bíblico lendário que tinha poderes curativos.

O bálsamo citado na Bíblia refere-se à região de Gileade, onde acredita-se que hoje fica o país da Jordânia, no Oriente Médio.

A árvore ou arbusto que produz o bálsamo é comumente identificada como a Commiphora gileadensis, mas alguns estudiosos da botânica concluíram que a fonte real era uma árvore de terebinto do gênero Pistacia.

Na época em que mudou o nome da empresa, Michael L. Riordan a administrava ao lado de Peter Dervan, Doug Melton e Harold M. Weintraub. No início, eles receberam um aporte inicial de 2 milhões de dólares, mas o sucesso logo chegou.

Com a epidemia de HIV na década de 80 e a eficácia de seus medicamentos contra o desenvolvimento do vírus que leva a aids em soropositivos, a empresa alcançou o sucesso financeiro.

Hoje, ela é listada no índice Nasdaq, na bolsa de valores americana e compõe o S&P 500, que reúne as maiores companhias dos Estados Unidos.

Planta que dá origem ao Bálsamo de Gilead exposto em museu em Jerusalém: inspiração para o nome da empresa

Em 2020, os resultados financeiros da companhia mostram que a descoberta de que o Remdesivir poderia ajudar na cura da covid-19 teve um impacto forte na receita da empresa. No ano passado, a receita total foi de 24,6 bilhões de dólares, um crescimento de 10% em relação a 2019.

A maior parte das vendas vem do que a empresa classifica como produtos contra o HIV, que incluem a Truvada.

Desse valor, 2,8 bilhões de dólares foram gerados pelas vendas do Remdesivir. Apesar de o uso do medicamento no tratamento de pacientes internados com covid-19 ter sido desaconselhado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ele é usado de maneira emergencial nos Estados Unidos desde novembro.

Remdesivir contra a covid-19

O Remdesivir tinha como objetivo inicial tratar doenças como hepatite C e RSV (um vírus que, assim como o coronavírus, causa infecções respiratórias), mas é capaz de imitar uma parte do RNA viral da covid-19, o que o faz ser uma prevenção necessária para que o RNA não se instaure de forma mais grave no organismo humano.

Dessa forma, o vírus não consegue se reproduzir ou se replicar e todo o processo de infecção se torna mais lento. O remédio pode ser armazenado em temperatura ambiente e com prazo de validade de 36 meses.

De acordo com Gustavo Mendes, gerente de medicamentos da Anvisa, apesar de haver muita discussão sobre o uso do medicamento, a decisão foi tomada com base em "qualidade, segurança e eficácia".

O medicamento aprovado é indicado em casos mais graves da doença, nos quais os pacientes se encontram hospitalizados e entubados.

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