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R$ 88 bi não é indicativo de baixa da Petrobras, diz Bendine

O valor, citado pela Petrobras no balanço do 3º trimestre, não é indicativo das baixas contábeis que a empresa terá que fazer, disse o presidente da estatal

Aldemir Bendine, novo presidente da Petrobras: "esse balanço vai refletir a situação atual da empresa em 2014" (Valter Campanato/ABr)
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Da Redação

Publicado em 10 de fevereiro de 2015 às 22h03.

SÃO PAULO - O valor de 88 bilhões de reais citado pela Petrobras no balanço do terceiro trimestre não é indicativo das baixas contábeis que a empresa terá que fazer, disse nesta terça-feira o recém-empossado presidente da estatal, Aldemir Bendine, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo.

Bendine, que assumiu na sexta-feira no lugar de Maria das Graças Foster , prometeu apresentar um balanço do ano de 2014 que reflita a real situação da empresa, envolvida em um grande escândalo de corrupção que a impediu de divulgar o balanço auditado do terceiro trimestre.

"Nós estamos reavaliando uma série de ativos e as metolodogias empregadas. Há que separar e precisa deixar isso bem claro, que esse balanço vai refletir a situação atual da empresa em 2014. Ela pode estar sendo influenciada, sim, por conta da corrupção, mas também por outras variáveis, como o preço da commodity, que estarão apontando o valor real desses ativos", disse na entrevista.

No balanço do terceiro trimestre, divulgado no fim de janeiro, a Petrobras disse que um terço dos ativos da companhia passou por uma avaliação e foi constatado superavaliação de 88,6 bilhões de reais e subavaliação de 27,2 bilhões de reais, o que poderia indicar a necessidade de uma baixa contábil de 61,4 bilhões de reais.

Bendine ressaltou que no momento o mais importante para a empresa é a sua gestão de caixa e financeira, embora tenha observado que não considera elevado o endividamento da companhia, tendo em vista o poder de geração de resultados da estatal.

O novo presidente-executivo, que deixou a presidência do Banco do Brasil para assumir a Petrobras, disse ainda que recebeu do Conselho da Administração "total autonomia e liberdade" para comandar a petroleira.

Em relação à política de preços da empresa, Bendine afirmou que a Petrobras "nunca vai se sujeitar à volatilidade do mercado internacional", mas que não tem dúvida de que a estatal terá liberdade para praticar seus preços. A política do governo brasileiro de segurar os preços dos combustíveis para tentar controlar a inflação causou grandes perdas para estatal nos últimos anos.

São Paulo - O primeiro trimestre ainda nem acabou, mas a Petrobras já acumulou problemas neste período que podem valer para o ano inteiro. Entre processo de investigação de propina, preço das ações despencando e produção de petróleo menor, a petroleira dá indícios que não vive um bom momento. Veja, a seguir, 10 enroscos em que a Petrobras já se meteu neste ano:
  • 2. Investigação sobre propina

    2 /11(Sérgio Moraes/Reuters)

  • Veja também

    Em fevereiro, ex-funcionários da holandesa SBM, que aluga navios-plataformas, fizeram denúncias que apontam que empregados da Petrobras receberam propina para fechar negócios. O processo indica que funcionários e intermediários da petroleira receberam cerca de 140 milhões de dólares. A Petrobras abriu uma auditoria interna para apurar as denúncias. Segundo Graça, os primeiros resultados da auditoria levaram 30 dias para sair. A Comissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados aprovou hoje requerimento para que a empresa esclareça tais irregularidades.



  • 3. Endividamento bilionário

    3 /11(REUTERS/Nacho Doce)

  • A captação de  8,5 bilhões de dólares anunciada pela Petrobras nesta semana deve impactar ainda mais o endividamento da estatal. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a dívida líquida da petroleira deverá passar de 100 bilhões de dólares até 2018. De acordo com o novo plano de negócios quinquenal da Petrobras (2014-2018), 60,5 bilhões de dólares serão levantados em dívida bruta nos próximos cinco anos.

  • 4. Queda da produção

    4 /11(Pedro Lobo/Bloomberg News)

    Em 2013, a produção de petróleo da Petrobras caiu 2,5% no Brasil. Neste ano, em janeiro, a produção também recuou.  No primeiro mês do ano, a produção total de petróleo e gás natural ficou 2,2% abaixo do total produzido em dezembro de 2013, quando atingiu 2,36 milhões de barris de óleo equivalente por dia. Segundo a empresa, a interrupção da produção em duas unidades instaladas na Bacia de Campos e a venda de participação no Parque das Conchas impactaram a produção do período.


  • 5. Multa bilionária

    5 /11(REUTERS/Sergio Moraes)

    Entre outubro de 2013 e janeiro deste ano, a Petrobras recebeu cinco autuações da Receita Federal que somam 8,7 bilhões de reais. As informações estão no prospecto preliminar publicado na Securities and Exchange Comission (SEC), regulador do mercado de capitais da América do Norte. A Petroleira informou que já apresentou recursos em todos os casos. O processo ainda está em fase de julgamento.

  • 6. Ações despencaram

    6 /11(Alexandre Battibugli/EXAME)

    No final do mês passado, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras caíram  para o menor nível desde 2005 após a divulgação de que a dívida líquida da empresa havia crescido 50% no último ano. Os papéis preferenciais da empresa tiveram a maior queda da bolsa de São Paulo no dia 26 de fevereiro. As ações fecharam o dia cotadas a 13,70 reais, seu menor valor desde 27 de dezembro de 2005.

  • 7. Valor de mercado menor

    7 /11(Dado Galdieri/Bloomberg)

    A Petrobras foi a empresa que mais encolheu em valor de mercado no mês de fevereiro deste ano.
    Segundo dados da consultoria Economática, a estatal perdeu 12 bilhões de reais no mês passado na bolsa brasileira, período no qual o Ibovespa recuou 1,14%. Boa parte da queda é atribuída aos maus resultados de 2013 apresentados pela empresa.

    No final de fevereiro, o valor de mercado da estatal era de 172,8 bilhões de reais.

  • 8. Preço do dólar divergente

    8 /11(Bruno Domingos/Reuters)

    Durante evento para divulgar seu plano de investimentos para os próximos cinco anos, a Petrobras afirmou que vai trabalhar com um dólar de 2,23 reais neste ano.

    A cotação média do mercado, no entanto, ultrapassa a cifra de 2,40 reais e a diferença está preocupando o mercado, que não consegue entender como a estatal chegou a esse valor.
  • 9. Preço do combustível

    9 /11(Divulgação/Petrobras)

    A interferência do governo nos negócios da Petrobras também tem preocupado investidores, principalmente quando o assunto é o polêmico  reajuste no preço do combustível.

    A fim de não aumentar a inflação, o governo tem segurado os preços e a estratégia tem impactado negativamente a petroleira. A estimativa do mercado é que a empresa tenha deixado de ganhar 1,1 bilhão por não repassar alta do petróleo.

  • 10. Independência do governo

    10 /11(Francois Lenoir/Reuters)

    No mês passado, Silvio Sinedino, funcionário da Petrobras há 26 anos e presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), ganhou o direito de ocupar uma cadeira no conselho de administração da estatal. Ao que tudo indica, Sinedino quer deixar claro que os funcionários da companhia não compactuam com a ideia de que as decisões da empresa teriam de estar totalmente alinhadas às decisões do Governo Federal. Hoje o conselho da Petrobrás é formado por dez membros, sete indicados pelo governo, um pelos acionistas minoritários de ações minoritárias, um pelos acionistas de ações preferenciais e um pelos empregados.





  • 11. Agora, veja 20 empresas que dominam o país

    11 /11(AGÊNCIA BRASIL)

  • Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasGás e combustíveisIndústria do petróleoPetrobrasPetróleo

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