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Quem é a empresa do Paraná que fará casas 'tipo Lego' a preço de custo para as vítimas da enchente

Cada casa custa R$ 25 mil; elas estão sendo pagas com doações e com a mobilização de empresários gaúchos

Luciano e Pierro Zatti, da Mademape: ideia é entregar 240 casas para vítimas das enchentes (Mademape/Divulgação)
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 6 de junho de 2024 às 16h46.

Mais de um mês depois da tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul alcançar seu pico, cerca de 570.000 pessoas seguem fora de casa. Muitas, inclusive, perderam suas moradias, arrastadas pelas águas dos rios, principalmente na região dos Vales.

Em meio à devastação causada pelas enchentes por ali, uma luz de esperança vem do Paraná — mas com apoio de muitos empresários gaúchos.

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A Mademape, empresa especializada em eucaliptos fundada há 18 anos pelos irmãos Luciano e Pierro Zatti no Paraná, está construindo casas pré-fabricadas de madeiras para as vítimas das enchentes no sul do país.

A ideia é fabricar cerca de 240 casas, cada uma com o custo de 25.000 reais. O objetivo, porém, é que essas moradias sejam doadas, com apoio de entidades empresariais. O Grupo Front, por exemplo, um movimento de empresários gaúchos, já mobilizou apoio para 14 casas. Outras 40 devem ser viabilizadas via um movimento de empresários do agronegócio.

Da parte da Mademape, o trabalho está sendo feito a preço de custo. Além disso, a empresa também mandará ao Rio Grande do Sul funcionários para auxiliar na construção das casas.

Como surgiu a ideia

Luciano começou o projeto da Casa Solidária há dois anos. À época, ele desenhou uma casa de 21 metros quadrados para oferecer a prefeituras que precisavam realocar moradores de perto de rios ou que estavam em situação precária.

O projeto, porém, nunca tinha efetivamente saído do papel até agora.

A Mademape já trabalhava com casas pré-moldadas, mas todas num estilo de luxo. Nessa modalidade de construção, as paredes são feitas por painéis que vão se encaixando, quase como um lego. É um modelo já usado com frequência em países como os Estados Unidos, mas que nos últimos anos também ganhou força no Brasil.

Agora, porém, esses legos serão para ajudar pessoas desalojadas.

Como são as casas solidárias

Com 21,06 metros quadrados, cada casa possui um quarto, banheiro, sala e cozinha. As moradias são construídas em cima de pilares de madeira, com paredes duplas e forro de madeira maciça. O telhado é feito de telhas de zinco, protegendo contra chuvas de granizo, e a estrutura já vem com toda a parte elétrica e hidráulica instalada. As janelas são de alumínio e o banheiro é revestido com placas cimentícias.

“Os painéis são pré-fabricados na fábrica da Mademape e montados no local, o que garante uma montagem rápida e precisa”, diz Luciano. “Com essa abordagem, é possível entregar uma casa solidária em apenas cinco ou seis dias”.

Onde serão as primeiras casas

As primeiras casas solidárias serão construídas em Arroio do Meio, uma cidade fortemente afetada pelas enchentes no Rio Grande do Sul. A Mademape, em parceria com a prefeitura local, já assinou o terreno e está pronta para iniciar a montagem das primeiras unidades.

A primeira carreta com cinco casas já está a caminho, e a meta inicial é entregar dez casas para atender as famílias mais necessitadas da região.

Além de Arroio do Meio, outras localidades, como Roca Sales, também serão beneficiadas pelo projeto, com o objetivo de construir um total de 240 casas para as vítimas das enchentes.

As vítimas das enchentes podem entrar em contato com a prefeitura para solicitar as casas, que são oferecidas como doações. Em alguns casos, como aquelas doadas pelo Grupo Front, haverá também cestas básicas, eletrodomésticos e geladeiras.

Negócios em Luta

A série de reportagensNegócios em Lutaé uma iniciativa da EXAME para dar visibilidade ao empreendedorismo do Rio Grande do Sul num dos momentos mais desafiadores na história do estado. Cerca de 700 mil micro e pequenas empresas gaúchas foram impactadas pelas enchentes que assolam o estado desde o fim de abril.

São negócios de todos os setores que, de um dia para o outro, viram a água das chuvas inundar projetos de uma vida inteira. As cheias atingiram 80% da atividade econômica do estado, de acordo com estimativa da Fiergs, a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul.

Os textos doNegócios em Lutamostram como os negócios gaúchos foram impactados pela enchente histórica e, mais do que isso, de que forma eles serão uma força vital na reconstrução do Rio Grande do Sul daqui para a frente. Tem uma história? Mande paranegociosemluta@exame.com.

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