Negócios

Protestos e Covid paralisam negócios em arranha-céu de Hong Kong

Depois de inicialmente obter lucros rápidos com negócios na torre de 73 andares, compradores se deram mal com uma combinação explosiva

Edifício em Hong Kong, China. (Justin Chin/Bloomberg)

Edifício em Hong Kong, China. (Justin Chin/Bloomberg)

B

Bloomberg

Publicado em 3 de outubro de 2020 às 13h14.

Há um ditado no mercado imobiliário de Hong Kong que se o homem mais rico da cidade, Li Ka-shing, está vendendo, você não quer ser o comprador. Agora, um grupo de investidores que pagou US$ 5,2 bilhões pela participação de Li no The Center há quase três anos - o que tornou o arranha-céu o mais caro do mundo - descobriu o motivo.

Depois de inicialmente obter lucros rápidos com negócios na torre de 73 andares, a combinação de protestos contra o governo, a pandemia de coronavírus e a escalada das tensões EUA-China fez com que a taxa de vacância aumentasse, os aluguéis caíssem e os negócios secassem.

Apenas uma venda foi feita neste ano - com um desconto de 35% em relação aos preços do início de 2019, de acordo com o provedor de dados imobiliários Real Capital Analytics. Quase 20% do prédio está vazio - uma das maiores taxas de desocupação no concorrido distrito de negócios de Hong Kong - e os aluguéis caíram cerca de 20% em relação ao ano anterior.

“Foi uma decisão de investimento razoável naquela época”, disse Thomas Lam, diretor-executivo da Knight Frank. Os preços de mercado estavam mais altos do que o custo médio pago pelo grupo, e fazer o “flipping” (comprar e vender um imóvel no curto prazo) parecia fácil, disse. “Mas agora, com o rendimento dos aluguéis e a demanda por escritórios diminuindo em meio à piora da economia, os compradores estão muito mais reservados.”

Quando um grupo de investidores locais com apelidos como “Minibus King” e “Queen of Shells” se uniram para comprar a participação de 75% de Li no final de 2017, o mercado imobiliário de Hong Kong estava em alta. Os preços na região central subiram 20% em pouco menos de um ano, segundo a Savills, e a taxa de vacância de escritórios no distrito era de apenas 2%.

Depois que o negócio foi fechado em meados de 2018, o grupo rapidamente dividiu 47 andares, 402 vagas de estacionamento, escritórios e lojas e começou a revendê-los. Em um ano, venderam mais de oito andares e uma dúzia de suítes de escritório por cerca de US$ 1,3 bilhão, lucrando centenas de milhões de dólares.

Então, em junho de 2019, a cidade foi abalada por protestos que provocaram a recessão mais profunda de todos os tempos. A agitação começou no Ano Novo, quando a pandemia de coronavírus se consolidou, enquanto a escalada da tensão entre China e EUA também esfriou as perspectivas para o futuro do centro financeiro da Ásia.

Tudo isso praticamente paralisou os negócios no The Center. Uma venda que estava em contrato quando os protestos estouraram foi cancelada no final de 2019, e o comprador abriu mão de um depósito de US$ 1,1 milhão, de acordo com a Real Capital Analytics. E apenas uma venda foi fechada neste ano, apesar de haver três andares no mercado.

(Com a colaboração de Apple Lam).

Acompanhe tudo sobre:CoronaHong KongProtestos

Mais de Negócios

Ford aposta em talentos para impulsionar inovação no Brasil

Fortuna de Elon Musk bate recorde após rali da Tesla

Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2024: conheça as vencedoras

Pinduoduo registra crescimento sólido em receita e lucro, mas ações caem