Privatização da Petrobras não está madura, diz Parente
Segundo o executivo, em entrevista a uma rádio gaúcha, a decisão sobre uma eventual privatização da petroleira caberia ao acionista controlador
Da Redação
Publicado em 3 de junho de 2016 às 16h51.
Rio - Apontado por centrais sindicais como "ultra liberal" e "privatista", o novo presidente da Petrobras , Pedro Parente, afirmou nesta sexta-feira, 3, que a privatização da estatal "não está madura" para ser discutida com a sociedade.
Segundo o executivo, em entrevista a uma rádio gaúcha, a decisão sobre uma eventual privatização da petroleira caberia ao acionista controlador, a União, mas disse que o tema não foi abordado em conversa com o presidente Michel Temer.
"Não vim para cuidar de privatização da Petrobras. Não é este o meu mandato. Não vou perder tempo com essa questão, porque não está madura para uma discussão na sociedade", afirmou o executivo na entrevista, veiculada nesta manhã.
"Esse tema não se coloca para nós. Isso é uma decisão de acionista controlador. Eu não vejo essa discussão acontecendo no governo e não foi parte da conversa do presidente Temer comigo", completou.
Parente disse que sua missão à frente da petroleira é "resgatar" a companhia. Segundo ele, sua prioridade é a recuperação financeira da empresa, com a redução do endividamento.
Para tanto, ele voltou a descartar uma capitalização da estatal pelo governo, opção apontada por analistas de mercado como necessária nos próximos dois anos.
"Se o problema foi gerado dentro da companhia, nós temos que encontrar os meios para resolvê-lo dentro da própria companhia", resumiu o executivo na entrevista.
Na quinta-feira, em discurso na sede da estatal, Parente já havia descartado a opção. Segundo ele, a opção poderia diluir outros acionistas, onerar a Fazenda em tempos de rombo fiscal, além de penalizar o contribuinte.
Na entrevista, Parente indicou que não pode afirmar que a corrupção na empresa já acabou.
"É muito difícil responder a esta pergunta, está certo? E eu não sou irresponsável para dizer que já acabou ou que não acabou, está certo? A afirmação taxativa que eu faço é: essas investigações continuam com todo nosso apoio", completou.
Repercussão
O tom duro do discurso de Pedro Parente, na quinta-feira, na Petrobras, causou revolta entre petroleiros e sindicatos da categoria.
Em nota, a Federação Única dos Petroleiros (FUP), maior entidade da categoria, chamou o novo presidente de "tucano", em referência à sua atuação no governo de Fernando Henrique Cardoso.
"O tucano Pedro Parente deixou claro a que veio: retomar a agenda de privatização que iniciou no governo FHC, quando aprovou no conselho de administração mudar o nome da empresa para Petrobrax e entregar 30% da Refap à Repsol", informou a nota.
A Federação criticou a posição favorável à mudança nas regras de exploração do pré-sal, com a retirada da obrigatoriedade de participação da Petrobras.
"Se isso acontecer, a empresa perderá 82 bilhões de barris petróleo, levando em conta as estimativas de que o pré-sal tenha 273 bilhões de barris de reservas. Que petrolífera no mundo abriria mão de todo esse petróleo, como pretende fazer o recém empossado presidente da Petrobras?", completou.
Também a Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet) questionou o teor do discurso, como a proposta de mudanças no pré-sal e na política de conteúdo local.
"Pedro Parente mostrou a que veio na Petrobras: promover o desmonte da empresa, inclusive abdicando do pré-sal. A AEPET repudia veementemente as posições de Parente, que atentam contra a integridade da Petrobras", indicou a associação em nota.
Rio - Apontado por centrais sindicais como "ultra liberal" e "privatista", o novo presidente da Petrobras , Pedro Parente, afirmou nesta sexta-feira, 3, que a privatização da estatal "não está madura" para ser discutida com a sociedade.
Segundo o executivo, em entrevista a uma rádio gaúcha, a decisão sobre uma eventual privatização da petroleira caberia ao acionista controlador, a União, mas disse que o tema não foi abordado em conversa com o presidente Michel Temer.
"Não vim para cuidar de privatização da Petrobras. Não é este o meu mandato. Não vou perder tempo com essa questão, porque não está madura para uma discussão na sociedade", afirmou o executivo na entrevista, veiculada nesta manhã.
"Esse tema não se coloca para nós. Isso é uma decisão de acionista controlador. Eu não vejo essa discussão acontecendo no governo e não foi parte da conversa do presidente Temer comigo", completou.
Parente disse que sua missão à frente da petroleira é "resgatar" a companhia. Segundo ele, sua prioridade é a recuperação financeira da empresa, com a redução do endividamento.
Para tanto, ele voltou a descartar uma capitalização da estatal pelo governo, opção apontada por analistas de mercado como necessária nos próximos dois anos.
"Se o problema foi gerado dentro da companhia, nós temos que encontrar os meios para resolvê-lo dentro da própria companhia", resumiu o executivo na entrevista.
Na quinta-feira, em discurso na sede da estatal, Parente já havia descartado a opção. Segundo ele, a opção poderia diluir outros acionistas, onerar a Fazenda em tempos de rombo fiscal, além de penalizar o contribuinte.
Na entrevista, Parente indicou que não pode afirmar que a corrupção na empresa já acabou.
"É muito difícil responder a esta pergunta, está certo? E eu não sou irresponsável para dizer que já acabou ou que não acabou, está certo? A afirmação taxativa que eu faço é: essas investigações continuam com todo nosso apoio", completou.
Repercussão
O tom duro do discurso de Pedro Parente, na quinta-feira, na Petrobras, causou revolta entre petroleiros e sindicatos da categoria.
Em nota, a Federação Única dos Petroleiros (FUP), maior entidade da categoria, chamou o novo presidente de "tucano", em referência à sua atuação no governo de Fernando Henrique Cardoso.
"O tucano Pedro Parente deixou claro a que veio: retomar a agenda de privatização que iniciou no governo FHC, quando aprovou no conselho de administração mudar o nome da empresa para Petrobrax e entregar 30% da Refap à Repsol", informou a nota.
A Federação criticou a posição favorável à mudança nas regras de exploração do pré-sal, com a retirada da obrigatoriedade de participação da Petrobras.
"Se isso acontecer, a empresa perderá 82 bilhões de barris petróleo, levando em conta as estimativas de que o pré-sal tenha 273 bilhões de barris de reservas. Que petrolífera no mundo abriria mão de todo esse petróleo, como pretende fazer o recém empossado presidente da Petrobras?", completou.
Também a Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet) questionou o teor do discurso, como a proposta de mudanças no pré-sal e na política de conteúdo local.
"Pedro Parente mostrou a que veio na Petrobras: promover o desmonte da empresa, inclusive abdicando do pré-sal. A AEPET repudia veementemente as posições de Parente, que atentam contra a integridade da Petrobras", indicou a associação em nota.