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Pressão do câmbio provoca alta de 30% no ovo da Páscoa

A valorização do dólar no ano passado foi um duro golpe para a indústria de chocolate e vai comprometer a Páscoa, uma das datas mais importantes para as empresas do setor. Os produtos chegam às prateleiras dos pontos de vendas com um aumento médio de 30%. "O consumidor, que está com o salário apertado, vai […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

A valorização do dólar no ano passado foi um duro golpe para a indústria de chocolate e vai comprometer a Páscoa, uma das datas mais importantes para as empresas do setor. Os produtos chegam às prateleiras dos pontos de vendas com um aumento médio de 30%. "O consumidor, que está com o salário apertado, vai sentir", diz Antonio Salgado Peres Filho, presidente do sindicados das indústrias do setor (Sicab). Mas levando em conta o tamanho dos aumentos nos insumos, considero o reajuste até baixo.

Entre os componentes do chocolate que aumentaram estão matérias-primas importantes como o cacau (125%), o açúcar (85%) e o leite (25%). Pesou também a alta no preço das embalagens (55%), pois a grande maioria é confeccionada a partir de produtos plastificados da indústria petroquímica e sofre impacto do preço do petróleo. Segundo Peres, as indústrias reduziram as margens e adotaram novos processos produtivos para evitar um repasse maior aos preços. A aposta da temporada, por exemplo, são os ovos menores, em embalagens atraentes que oferecem preços mais leves. Mas as indústrias sabem que por conta do aumento vão enfrentar a resistência do consumidor. Tanto que a produção, o sinalizador das expectativas de vendas, caiu em relação ao ano passado. Foram fabricadas 18 mil toneladas de produtos, contra 18,6 mil toneladas no ano passado.

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O líder de vendas na Páscoa, a Lacta, dá o tom do mercado neste momento: Adotamos o conservadorismo nas projeções , diz Marcelo Izzo, gerente de marketing da empresa. A Lacta tem 32% do mercado de chocolates na Páscoa e a liderança nas vendas de ovos. Entre as 10 marcas mais vendidas no ano passado, cinco eram Lacta incluindo as três primeiras da lista. A Garoto, com 16% do mercado de Páscoa, também projeta uma temporada de negócios estáveis. A empresa reforçou a verba de marketing em 16% sobre o ano passado. Vai colocar 3 milhões de reais em divulgações, principalmente para promover os ovos com brinquedinhos feitos para o consumidor infantil.

A Bauducco levou o conservadorismo do momento ao extremo: abandona o mercado de ovos de chocolates. Tradicional fabricante de panetones, a empresa buscava um espaço na Páscoa há 10 anos. Jogou a toalha. Há algum tempo estávamos avaliando a saída desse mercado e o aumento nos custos nos levou a focar a produção dentro do nosso negócio , diz Ana Luiz Alves, representante da empresa. A marca permanece como concorrente, mas oferecendo colombas (bolo tradicional originário da Itália).

Os únicos a contrariar a tendência de estabilidade nas vendas são os fabricantes de chocolates finos. A Kopenhagen, por exemplo, reformulou as embalagens, lançou uma linha infantil e está investindo um milhão de reais em marketing para ampliar as vendas em 20% nesta Páscoa. Percebemos novos nichos depois do último Natal, quando as vendas cresceram acima do esperado , diz Renata Moraes, diretora de Marketing. Também voltada ao mercado de produtos finos, a CacauShow espera um aumento de 28% nas vendas da temporada. A projeção leva em conta a expansão da rede. A empresa abriu 22 pontos de vendas nos últimos 14 meses, elevou as vendas por catálogos e tem 20 mil vendedoras no país. Faturou 9,7 milhões no ano passado e estima uma receita de 14 milhões em 2003.

Concorrência

A pressão dos custos teve outro reflexo, além do financeiro: deu um novo perfil à acirrada concorrência na Páscoa. Quando se fala desse mercado, é preciso lembrar: o Brasil é o segundo maior fabricante mundial de ovos de Páscoa, com uma produção de 21 mil toneladas. A data responde por 11,5% da produção nacional estimada em 159 mil toneladas. Nesse período, o brasileiro dobra o consumo de chocolates. A temporada é ideal para conquistar consumidores.

A Nestlé pretende aproveitar a conjuntura para diminuir a margem de diferença em relação ao líder. A empresa pretende elevar em 5% as vendas. Os argumentos de Felipe Buckup, diretor de negócios: A Páscoa será em abril, bem depois da pressão dos gastos escolares e numa época de clima mais ameno, o que facilita a venda de chocolates. Mas a Nestlé pretende também dar uma força nas escolhas do consumidor. Está investindo 10 milhões de reais em marketing nesta Páscoa. Parte da verba vai para o ponto de venda: nos novos displays e na contratação de 2.500 moças que vão divulgar os produtos Nestlé. O cliente define a compra no ponto de venda e vamos estar lá para atendê-lo , diz Buckup.

As pequenas empresas, que respondem por 14% das vendas, entram na disputa com outra arma: a criatividade. A Cory, de Ribeirão Preto, inclui em sua linha o ovo quadrado e o ovo verde. A Fachga Chocolatier, uma pequena indústria paulistana com 38 funcionários, coloca no mercado o chocolate com pimenta (estilizado no formado da fruta picante). Os preços mais competitivos e o diferencial das linhas são nossos trunfos diante dos grandes , diz Lúcia Fachga, diretora da empresa.

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