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Presidente da Braskem deixa o cargo em meio a críticas da Petrobras

O presidente Fernando Musa será substituído pelo atual presidente do conselho de administração, Pedro Simões, a partir de janeiro do ano que vem

Fernando Musa, presidente da Braskem: em meio a prejuízo e problemas com sua mina em Maceió, a empresa tenta levar sua venda adiante  (Germano Luders/Exame)

Fernando Musa, presidente da Braskem: em meio a prejuízo e problemas com sua mina em Maceió, a empresa tenta levar sua venda adiante (Germano Luders/Exame)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2019 às 13h03.

Última atualização em 22 de novembro de 2019 às 13h04.

A petroquímica Braskem anunciou que seu presidente, Fernando Musa, vai deixar a liderança da companhia em dezembro deste ano.

O executivo será substituído pelo presidente do conselho de administração da Braskem, Roberto Simões, que está na empresa desde 1994. A saída de Musa só acontece efetivamente em dezembro. Até lá, a empresa passa por um período de transição para que Simões assuma.

O anúncio foi feito em fato relevante na noite de quinta-feira 21. Musa, que estava na presidência desde 2016, havia recebido críticas da Petrobras, segunda maior acionista da Braskem atrás da controladora Odebrecht, e que teria pedido à empresa a saída do executivo.

As insatisfações da Petrobras diziam respeito à crise com uma mina de sal-gema, matéria-prima usada na produção de plástico, em Alagoas. O complexo está no centro de um debate sobre as possíveis causas de rachaduras em casas do bairro de Pinheiro, na capital alagoana, onde centenas famílias foram removidas pela Defesa Civil. A Braskem anunciou o fechamento da mina em junho deste ano, conforme antecipado por EXAME, por entender que não há “mais licença social para operar” no local.

Em balanço sobre o terceiro trimestre divulgado neste mês, a Braskem apontou que estima gastar 48 bilhões de reais em questões judiciais relacionadas à mina, valor que antes era de 15 bilhões de reais. A Braskem fechou o trimestre com faturamento de 13,3 bilhões de reais e prejuízo de 887,8 milhões de reais (ante lucro de 1,3 bilhão no mesmo período do ano passado).

No fato relevante, a diretoria da Braskem escreve que "durante a liderança do atual diretor presidente, Fernando Musa, a Braskem consolidou a sua posição de sexta maior produtora de resinas plásticas do mundo", e que dentre as prioridades do novo presidente estão "a manutenção da competitividade de todas as operações da Companhia e a continuidade da estratégia de diversificação de matéria-prima e geográfica da Braskem".

Venda que não engrena

A Petrobras também deseja que a Braskem consiga vender a empresa a um comprador, de modo que a estatal consiga retirar seus investimentos. A situação do grupo Odebrecht, em recuperação judicial, também não ajuda. Em outubro, a imprensa veiculou que a Odebrecht contratou o banco Lazard para retomar a venda de sua participação na companhia, o que fez as ações da Braskem dispararem.

Não é de hoje que a Odebrecht tenta se desfazer da Braskem. No primeiro semestre, havia a expectativa de que a empreiteira vendesse sua parte à fabricante holandesa de produtos químicos LyondellBasell. O possível acordo, que girava em torno de 41 bilhões de reais, foi encerrado em junho. Na ocasião, os papéis da petroquímica despencaram 20%.

A associação com a Odebrecht, que recentemente entrou com um pedido de recuperação judicial, foi decisiva para os holandeses desistirem do negócio, apontou EXAME em reportagem publicada em julho sobre os crescentes problemas da petroquímica.

Grubisich

O anúncio da saída de Musa acontece dias depois de outra notícia envolvendo a Braskem, embora os dois casos não tenham qualquer relação direta. No fim de semana, o ex-presidente da Braskem, José Carlos Grubisich, foi preso em Nova York por acusações federais de corrupção, de acordo com uma autoridade norte-americana.

Grubisich liderou a Braskem entre 2002 e 2008 e ocupou vários cargos na Odebrecht.

Na acusação, conforme revelaram fontes à agência Reuters, os promotores disseram que Grubisich e outros funcionários da Braskem e da Odebrecht participaram de uma conspiração para desviar cerca de 250 milhões de dólares para um fundo secreto, que foi usado em parte para subornar funcionários. O esquema teria ocorrido entre 2002 e 2014.

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