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Por que investidores se decepcionaram com o lucro bilionário da Amazon

A empresa desenvolveu melhorias em seus centros de distribuição e sistemas de logísticas para diminuir o tempo de entrega dos produtos para os membros Prime

Centro de distribuição: Apesar de prejudicar o lucro no curto prazo, os investimentos devem se pagar em breve (Chris JRatcliffe/AFP)

Karin Salomão

Publicado em 27 de julho de 2019 às 08h00.

Última atualização em 27 de julho de 2019 às 08h00.

O crescimento acelerado e os constantes recordes da Amazon deixaram investidores mal-acostumados e custaram caro para a gigante do varejo. Com custos maiores de entrega, o lucro da companhia chegou a 2,6 bilhões de dólares no trimestre, abaixo das previsões de analistas. A quebra da expectativa, bem como uma perspectiva menor de alta para o trimestre seguinte, levaram as ações da companhia a caírem até 2,5%.

"A história dos últimos trimestres da Amazon tem sido de crescimento vertiginoso em suas linhas de negócios mais rentáveis, como nuvem e publicidade", disse Andrew Lipsman, analista da eMarketer. "No entanto, os recentes sinais de moderação das taxas de crescimento nesses segmentos - além do crescimento do comércio eletrônico, que agora está apenas ligeiramente acima do setor geral - podem pesar nos ganhos".

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O negócio da companhia continua forte, com receitas de 63,4 bilhões de dólares  20% maiores no trimestre em relação ao ano anterior e acima das expectativas dos analistas. Para o trimestre que vem, a perspectiva é que as receitas alcancem 66 bilhões de dólares.

Investimentos

No entanto, o principal motivo de pressão no lucro foram os custos maiores, consequência de um grande investimento de 800 milhões de dólares no segundo trimestre.

A empresa desenvolveu melhorias em seus centros de distribuição e sistemas de logísticas para diminuir o tempo de entrega dos produtos para os membros Prime, que pagam uma assinatura anual de 119 dólares para ter entrega grátis e acesso a outros serviços como streaming de música e vídeos.

Depois de impulsionar uma crise generalizada no varejo norte-americano e levar ao fechamento de centenas de lojas físicas, a Amazon precisa aprender com o que o varejo físico tem de melhor, a comodidade. "O delivery rápido é uma estratégia necessária para competir com a vantagem para o consumidor da velocidade das lojas físicas", afirmou Charlie O'Shea, analista da Moody's.

Perder para ganhar

Embora esses gastos tenham se concentrado no segundo trimestre do ano, o objetivo de alcançar um dia de entrega ainda deve demorar para ser conquistado, afirmou o diretor financeiro da companhia, Brian Olsavsky.

Apesar de prejudicar o lucro no curto prazo, os investimentos devem se pagar em breve. Ao entregar mais rapidez e conveniência para seus consumidores, eles respondem com mais compras. As vendas online cresceram 16% no trimestre, ritmo mais acelerado dos últimos anos.

Com entregas mais rápidas, os consumidores tendem a comprar mais e com mais frequência, segundo uma pesquisa da corretora de investimentos RBC Capital. Cerca de 48% dos consumidores com acesso a entrega em um dia gasta mais de 800 dólares com ano na companhia, comparado com 33% dos consumidores sem essa modalidade de entrega.

Cerca de 77% dos consumidores que recebem os produtos em até um dia usa um dos produtos da empresa de duas a três vezes por mês, contra 50% dos consumidores que levam mais tempo para receber suas compras.

Investigações

A companhia cresceu ultrapassando concorrentes e ganhando mercado. Agora, a Amazon, bem como outras empresas de tecnologia, está sob investigação. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos lançou uma investigação antitruste para avaliar as taxas que grandes empresas de tecnologia cobram de desenvolvedores de aplicativos.

A investigação fez as ações de Apple, Google, Amazon e Facebook caírem e as empresas perderam bilhões de dólares em valor de mercado em conjunto.

Acostumados com recordes de lucro e crescimento, investidores podem precisar se adaptar ao novo momento da companhia, pressionada por consumidores que exigem mais conveniência, reguladores e concorrentes.

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