Petrobras é sensível ao impacto dos preços dos combustíveis, diz diretor
Valor dos combustíveis nas refinarias da Petrobras segue cotação internacional do petróleo, que tem subido nos últimos meses
Victor Sena
Publicado em 5 de agosto de 2021 às 11h37.
Última atualização em 5 de agosto de 2021 às 11h39.
A Petrobras tem contribuído com o governo nas discussões sobre um fundo de estabilização dos preços de combustíveis, apesar de ter a avaliação de que as cotações da empresa devem seguir parâmetros de mercado, disse o diretor de Comercialização e Logística da estatal, Cláudio Mastella.
Ao responder pergunta de analista sobre o tema nesta quinta-feira, ele ressaltou que a Petrobras avalia que preços de derivados desalinhados às cotações internacionais podem comprometer o abastecimento, reafirmando ainda que a companhia evita repassar volatilidade do petróleo aos consumidores.
"Nós somos sensíveis sobre o impacto social dos nossos preços na sociedade", disse ele, lembrando que a companhia busca não repassar a volatidade de câmbio e de valores do mercado internacional.
"Tendo essa percepção e consciência de impacto, a gente contribui sim nas discussões no âmbito do Ministério de Minas e Energia quanto a eventuais programas, como, por exemplo, o fundo de estabilização de preços", declarou.
Ele disse que é importante lembrar que os preços percebidos pelo consumidor final estão distantes dos praticados pela Petrobras, pois na bomba os valores consideram tributos, custos operacionais e logísticos dos distribuidores e revendedores.
Segundo o executivo, os preços do diesel da Petrobras representam hoje, por exemplo, 52% do valor na bomba.
Resultados
Nesta quarta-feira, a empresa divulgou os resultados financeiros do segundo trimestre.
A Petrobras apresentou bons resultados financeiros na noite desta quarta-feira, acima do que esperava o mercado. A receita de vendas da petroleira brasileira no segundo trimestre foi de 110 bilhões de reais, valor impactado principalmente pela valorização do barril de petróleo.
A Ativa Investimentos esperava uma receita de 98 bilhões, enquanto o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) de 105 bilhões.
A petroleira, que é a maior estatal do país, também teve uma forte redução em sua dívida bruta, que caiu de 70,9 bilhões de dólares para 63,3 bilhões.
Com os resultados positivos, não só a dívida bruta da petroleira diminuiu, mas a chamada alavancagem também.
A alavancagem é a razão entre a dívida líquida e o EBITDA (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que atingiu 1,49x em junho de 2021, a melhor marca desde o terceiro trimestre de 2011.
Desde a gestão de Pedro Parente, no governo de Michel Temer, a empresa tem focado em reduzir o endividamento e a alavancagem, que dispararam nos anos anteriores.
Em termos mais simples, essa relação quer dizer o seguinte: com o caixa atual, em quantos anos a companhia levaria para pagar sua dívida?
O lucro líquido recorrente foi de 40,7 bilhões de reais. Já o EBITDA ajustado, que costuma ser um pouco maior que o resultado líquido, foi de 61,9 bilhões de reais, 26,5% acima do trimestre anterior.
Com esses dados positivos, a empresa decidiu adiantar o pagamento de dividendos. O pagamento referente ao exercício de 2021
é de R$ 31,6 bilhões (US$ 6 bilhões), sendo R$ 21 bilhões (US$ 4 bilhões) a serem pagos em 25 de agosto de 2021 e R$ 10,6 bilhões (US$ 2 bilhões) em 15 de dezembro de 2021.