Petrobras apressa Odebrecht por venda da Braskem
Presidente da petrolífera, Castello Branco, quer vender participação da Petrobras na Braskem, que corresponde a algo entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões
EFE
Publicado em 5 de dezembro de 2019 às 06h43.
Última atualização em 5 de dezembro de 2019 às 06h44.
Nova York — A Petrobras cogita expandir o plano de desinvestimento com vários ativos extras, incluindo a participação na petroquímica Braskem, para a qual os seus executivos pediram nesta quarta-feira para o conglomerado Odebrecht, sócio controlador, para acelerar a venda.
A petrolífera organizou hoje na Bolsa de Valores de Nova York um dia para investidores, no qual apresentou novos detalhes do plano estratégico 2020-2024, anunciado há uma semana, que envolve um investimento de cerca de R$ 320 milhões, especialmente concentrado na exploração do pré-sal .
A empresa prevê para esse período um plano de desinvestimentos em ativos não essenciais de valor entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões (R$ 84 bilhões a R$ 126 bilhões), valor que pode aumentar em caso de venda de outros imóveis.
"Os ativos extras que não estão incluídos no plano são a BR Distribuidora, a Braskem e outros ativos (de exploração e produção) que estamos revendo e podemos vender. É um adicional ao plano de entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões", declarou a principal executiva financeira da Petrobras , Andrea Almeida.
Especificamente em relação à Braskem, considerada a maior empresa petroquímica da América Latina, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, abordou versões que indicam que a Odebrecht pretende vender sua participação de 30% em três anos, mas que inclui a maioria das ações com direito a voto.
"Parece o plano de alguém que não quer vender nada. A Odebrecht está em situação financeira complicada e deve acelerar a venda da Braskem. Queremos vender 100% de nossas ações", declarou Castello Branco, que avalia a participação da Petrobras entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões (R$ 8,4 bilhões a R$ 12,6 bilhões).
Os executivos disseram em sua apresentação em Wall Street que o plano estratégico, que além dos desinvestimentos envolvem cortes de custos e redução de dívidas, visa aumentar o valor da empresa em 45% até 2021.
"O setor de energia não deve contemplar qualquer mudança de cenário, pelo menos durante o primeiro semestre de 2020, e por isso espera-se que o preço do petróleo permaneça entre US$ 60 e US$ 65, sem tendências significativas de alta ou de baixa", analisou Castello Branco em entrevista à Agência Efe.
"Do lado da oferta, esperamos que a dos Estados Unidos continue a crescer, e, por outro lado, vemos que a economia global tem desacelerado", ponderou Castello Branco, que mencionou uma certa volatilidade após o recente ataque à Saudi Aramco, quando o preço disparou e depois voltou aos US$ 60.
"Em outras ocasiões, se a economia global estivesse crescendo fortemente, isso poderia estabelecer uma tendência ascendente, mas nada está acontecendo", comentou.
A executiva responsável pela refinaria e gás natural, Anelise Quintão Lara, afirmou que o plano inclui pela primeira vez dez compromissos de sustentabilidade para avançar para uma economia de baixo carbono.
"Estamos enfrentando a mudança climática: reduzimos firmemente nossas emissões nos últimos cinco anos e, nesse esforço, estamos apenas atrás da Equinor norueguesa", enalteceu Castello Branco, que completou dizendo que a Petrobras está aumentando a sua produção de gás natural e espera contribuir para reduzir custos industriais e para uma fabricação e transportes mais limpos, especialmente no Brasil.