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Para analistas, reajuste mantém ingerência na Petrobras

Cresceu a percepção de que a estatal continuará a ser punida pela decisão do governo de usá-la para controlar a inflação

Bomba de abastecimento: para o Deutsche Bank, o anúncio de um reajuste pontual em detrimento a uma solução permanente para os prejuízos da estatal é uma "solução inadequada" (Divulgação/Petrobras)
DR

Da Redação

Publicado em 3 de dezembro de 2013 às 07h34.

Rio, São Paulo e Brasília - O reajuste de 4% na gasolina e de 8% no diesel, divulgado na sexta-feira, 29 de novembro, reflete, segundo analistas, não apenas um aumento inferior ao esperado (5% para gasolina e 10% para diesel), mas também a evidência de que a ingerência política sobre os negócios da companhia permanece.

Para o analista Marcus Sequeira, do Deutsche Bank, o anúncio de um reajuste pontual da gasolina e do diesel, em detrimento a uma solução permanente para os prejuízos apurados pela estatal na operação de importação e revenda de combustíveis, é uma "solução inadequada" para um problema considerado "estrutural".

"A companhia permanecerá tendo uma forte interferência governamental, mesmo com o management ‘novo’ técnico", destacou a XP Investimentos, em relatório assinado pelo analista William Castro Alves. "O alinhamento de interesses do acionista majoritário com os minoritários foi por água abaixo."

O tom usado pela instituição reflete o comunicado divulgado na sexta-feira. Ao contrário do que esperavam analistas e investidores, o texto não trazia novidade sobre a aplicação de uma política de preços que trouxesse previsibilidade e alinhamento aos valores dos combustíveis vendidos pela Petrobras no Brasil em relação às cotações internacionais.

Sem essa política, cresceu a percepção de que a estatal continuará a ser punida pela decisão do governo de usá-la para controlar a inflação.


A ausência de um parecer governamental sobre uma política que permita equiparar os preços dos combustíveis aos valores internacionais anulou até mesmo o efeito positivo esperado com o anúncio do reajuste. Embora os analistas sejam obrigados a elevar as estimativas de receita, lucro e Ebitda para 2014, a percepção predominante após o anúncio foi negativa.

O Credit Suisse, por exemplo, reduziu a recomendação para as ações da Petrobras de outperform (desempenho acima da média do mercado) para underperform (desempenho abaixo da média) e revisou a projeção de preço-alvo para o título da empresa negociado em Nova York (ADR) da companhia brasileira de US$ 25 para US$ 14.

No mesmo documento, assinado pelos analistas Vinicius Canheu e André Sobreira, a instituição lembra que 2014 será um ano eleitoral, o que aumenta a desconfiança na divulgação de novos reajustes de combustíveis diante de "crescentes preocupações a respeito da inflação e da desvalorização do real".

Cálculos dos analistas Luiz Carvalho e Filipe Gouveia, do HSBC, indicam que, mesmo após o reajuste, os preços cobrados pela Petrobras são 7% menores na gasolina e 14% inferiores no diesel, na comparação com os valores do exterior.

Em 2014, com a continuidade da trajetória de desvalorização do real ante o dólar, a diferença deve subir para 14% (gasolina) e 21% (diesel). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Para o analista Marcus Sequeira, do Deutsche Bank, o anúncio de um reajuste pontual da gasolina e do diesel, em detrimento a uma solução permanente para os prejuízos apurados pela estatal na operação de importação e revenda de combustíveis, é uma "solução inadequada" para um problema considerado "estrutural".

"A companhia permanecerá tendo uma forte interferência governamental, mesmo com o management ‘novo’ técnico", destacou a XP Investimentos, em relatório assinado pelo analista William Castro Alves. "O alinhamento de interesses do acionista majoritário com os minoritários foi por água abaixo."

O tom usado pela instituição reflete o comunicado divulgado na sexta-feira. Ao contrário do que esperavam analistas e investidores, o texto não trazia novidade sobre a aplicação de uma política de preços que trouxesse previsibilidade e alinhamento aos valores dos combustíveis vendidos pela Petrobras no Brasil em relação às cotações internacionais.

Sem essa política, cresceu a percepção de que a estatal continuará a ser punida pela decisão do governo de usá-la para controlar a inflação.


A ausência de um parecer governamental sobre uma política que permita equiparar os preços dos combustíveis aos valores internacionais anulou até mesmo o efeito positivo esperado com o anúncio do reajuste. Embora os analistas sejam obrigados a elevar as estimativas de receita, lucro e Ebitda para 2014, a percepção predominante após o anúncio foi negativa.

O Credit Suisse, por exemplo, reduziu a recomendação para as ações da Petrobras de outperform (desempenho acima da média do mercado) para underperform (desempenho abaixo da média) e revisou a projeção de preço-alvo para o título da empresa negociado em Nova York (ADR) da companhia brasileira de US$ 25 para US$ 14.

No mesmo documento, assinado pelos analistas Vinicius Canheu e André Sobreira, a instituição lembra que 2014 será um ano eleitoral, o que aumenta a desconfiança na divulgação de novos reajustes de combustíveis diante de "crescentes preocupações a respeito da inflação e da desvalorização do real".

Cálculos dos analistas Luiz Carvalho e Filipe Gouveia, do HSBC, indicam que, mesmo após o reajuste, os preços cobrados pela Petrobras são 7% menores na gasolina e 14% inferiores no diesel, na comparação com os valores do exterior.

Em 2014, com a continuidade da trajetória de desvalorização do real ante o dólar, a diferença deve subir para 14% (gasolina) e 21% (diesel). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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