Os planos da petroleira que passou a integrar o Ibovespa nesta semana
Especializada na revitalização de campos maduros, a Petrorio agora faz parte do principal índice da B3, com uma estratégia de baixo custo e novas aquisições
Juliana Estigarribia
Publicado em 8 de setembro de 2020 às 12h26.
A centenária indústria do petróleo é conhecida por seus nomes tradicionais, mas no Brasil as petroleiras de menor porte vêm ganhando destaque no mercado. Uma delas é a Petrorio , especializada na revitalização de campos maduros. Nesta terça-feira, 08, a companhia passou a integrar a carteira do Ibovespa, principal índice da B3, composto pelas ações com o maior volume negociado nos últimos 12 meses.
O acontecimento vem para reforçar as oportunidades que o setor de petróleo tem apresentado nos últimos tempos, no Brasil, principalmente com o avanço do programa de desinvestimentos da Petrobras. É aí que entra boa parte da estratégia da Petrorio.
A indústria petrolífera tem diversas etapas e a companhia do Rio de Janeiro escolheu o caminho dos campos maduros, onde a produção já está amplamente desenvolvida - por isso as cifras investidas são muito menores. Com a queda da produtividade dos campos, empresas de grandes estruturas acabam vendendo estes ativos para petrolíferas especializadas na sua revitalização.
A Petrorio opera, atualmente, 100% do Campo de Polvo, comprado da BP e da Maersk Energia; 70% do Campo de Frade, adquirido da Chevron e 10% do Campo de Manati. Com a conclusão esperada pela compra de 80% do campo de Tubarão Martelo, negociada com a Dommo Energia, e dos outros 30% do campo de Frade, a Petrorio espera atingir cerca de 33.000 barris por dia (bpd) de produção, dos atuais 24.000 bpd.
Em entrevista recente à EXAME, Roberto Monteiro, presidente da Petriorio, disse que a companhia poderia voltar às compras ainda neste ano . Ele afirmou que a Petrorio está de olho em novas aquisições e participando de processos de venda de ativos da Petrobras.
O executivo garante que a Petrorio consegue redesenvolver os campos e aumentar a produção em 20% a 30%, dependendo do ativo.
Além das aquisições, a companhia tem ao menos 3 projetos relevantes, sendo a conexão do campo de Tubarão Martelo com o de Polvo um dos mais relevantes, pois haverá uma economia significativa de recursos para a produção. Segundo Monteiro, o aluguel de uma plataforma de produção (do tipo FPSO) pode chegar a custar 40 milhões de dólares por ano.
Um dos grandes trunfos da Petrorio é o baixo custo de operação após o pagamento de royalties – o chamado lifting cost – de aproximadamente 17 dólares por barril. Segundo a empresa, este patamar deve cair, o que confere competitividade mesmo em um cenário de alta volatilidade dos preços.
Em três anos, os papeis da companhia valorizaram quase 10 vezes. Antes da pandemia do novo coronavírus, a Petrorio era uma das queridinhas da bolsa de valores. O que atrapalhou o seu desempenho foi a queda brutal dos preços do petróleo, resultado da conjuntura de redução da demanda global e excesso de oferta.
Em comunicado ao mercado, a PetroRio destacou o feito de ingressar no Ibovespa na posição 63 entre 77 empresas listadas, "à frente de companhias tradicionais, de receitas e valor de mercado superiores, o que evidencia uma forte visibilidade da companhia nos mercados de capitais locais e internacionais". O texto ressalta ainda a procura maior de fundos de investimentos pelo papel PRIO3.
"A entrada da Petrorio no Ibovespa não é surpresa para o mercado, as prévias já indicavam esse movimento, mas é natural que agorao fluxo de compra do papel se eleve, o que no geral é positivo", diz Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos.
Campos maduros e oportunidades
Além da Petrorio, outra petroleira de campos maduros vem se destacando no país, a 3R Petroleum. Controlada pela Starboard, do ramo de reestruturação de empresas em dificuldades, a 3R registrou pedido de abertura de capital na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O movimento reforça as oportunidades na revitalização de campos maduros, uma atividade amplamente desenvolvida em mercados como dos Estados Unidos e no Mar do Norte.
Com o pedido da 3R, a bolsa brasileira ganharia sua sexta petroleira, depois de Petrobras, Petrorio, Enauta, Dommo e Eneva (que também tem outros negócios em energia).