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Os bastidores da Forever 21 no Brasil

Embora tenha feito tanto barulho na chegada, com preços surpreendentemente baixos, fundador da varejista cobra de seus executivos o silêncio e a discrição

Forever 21 no shopping Morumbi: marca causou frenesi na capital paulista há duas semanas e, sete dias depois, no Rio (Julia Carvalho/EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 31 de março de 2014 às 08h24.

São Paulo - Quando a primeira adolescente chegou ao shopping Morumbi, às 5h30 da madrugada, para a estreia da Forever 21 no Brasil, o coreano Do Won Chang já estava longe.

Reservado e avesso a entrevistas, o fundador da varejista de moda americana fez um bate e volta em São Paulo, na quinta-feira anterior, só para brindar e cortar a fita inaugural na presença de convidados. E foi embora na manhã seguinte, rumo ao Chile, onde está prestes a abrir mais uma loja.

Chang ficou sabendo pelo telefone que quase 2 mil pessoas fizeram fila de três horas para entrar na unidade e mais duas para conseguir passar o cartão no caixa e sair com as sacolas amarelinhas de sua marca, que causou um frenesi na capital paulista há duas semanas e, sete dias depois, no Rio.

Para acalmar a multidão, foram distribuídos cachorros-quentes e água mineral. No esforço de tentar organizar o caos, os vendedores e os 150 seguranças contratados contaram até com a ajuda dos executivos escolhidos pelo coreano para comandar a operação no Brasil.

Embora tenha feito tanto barulho na chegada, com preços surpreendentemente baixos - uma regata, a R$ 8,90 e jeans a R$ 34,90 -, Chang cobra de seus executivos o silêncio e a discrição.

A porta-voz Kristen Stricker, que veio de Los Angeles com o chefe, era a única habilitada a falar sobre a operação brasileira - sem dar muitos detalhes. Por ela, a imprensa nacional soube que a marca criou uma joint venture com um parceiro local para atuar no País. Números e nomes foram omitidos.

“Encontrar um parceiro foi o que mais atrasou a chegada da marca ao mercado brasileiro”, diz Eduardo Novaes, diretor de desenvolvimento da empresa de shoppings Multiplan, dona dos empreendimentos que vão abrigar as sete primeiras lojas da Forever 21 no Brasil: duas em São Paulo, duas no Rio, uma em Ribeirão Preto, e as outras em Brasília e Porto Alegre. “As conversas com a varejista em Los Angeles começaram há 5 anos.”


Mas só em julho de 2013 Chang conseguiu criar a tal joint venture no Brasil. A empresa foi registrada como Highland Park, com capital social de R$ 17,2 milhões. A matriz americana tem 90% do negócio e os outros 10% estão nas mãos de um empresário do Panamá, chamado Aaron David Basher Zebede. “

Ele é o contato de Mr. Chang na América Latina, onde a rede iniciou a expansão no ano passado”, diz o advogado da marca no Brasil, Fabian Sperli. Foi por meio deste panamenho, diz o advogado, que a empresa conheceu os executivos que contratou no País.

Time

Não foi fácil chegar até eles. O escritório da Forever 21, no 18º andar de um prédio na Avenida Juscelino Kubitschek, em São Paulo, ainda está sendo montado. Apenas 11 pessoas trabalham ali, mas há espaço para acomodar no mínimo quatro vezes mais. O presidente é o uruguaio Osvaldo Roizner, praticamente um desconhecido no mundo do varejo brasileiro, mas, como ele mesmo diz, cheio de “conexões”.

Ainda com sotaque carregado, Roizner afirma ter se mudado para o Brasil há 25 anos para trabalhar com importação de confecções. Hoje, ele é dono de uma empresa na China e ficava pouco em São Paulo, até ser contratado pela Forever 21.

Os outros diretores também vieram do circuito das ‘tradings’, empresas que trabalham com importação e exportação de produtos. O executivo de marketing, Eduardo Barberi, é sócio de uma loja online que importa roupas infantis e vende no atacado, chamada SelfBaby.

O diretor-geral, Edson Pera, que foi executivo da C&A na década de 90 e depois montou uma trading, é sócio de Barberi nesse negócio de roupas para bebê. Quem completa o time de executivos da Forever é o empresário André Piedade, conhecido no setor por ter trazido para o Brasil a grife americana 7 for all mankind, de jeans. “Agora, estamos todos dedicados, em tempo integral, à Forever 21”, diz Roizner.

Isso inclui organizar filas, descarregar mercadorias de madrugada e cobrar das clientes no caixa. “Estou dormindo três horas por noite.”


Tão cedo ele não terá de volta suas oito horas de sono. A empresa planeja inaugurar 20 lojas até o fim do ano que vem - quase uma por mês. Está em estudo uma unidade de rua, no bairro dos Jardins, em São Paulo.

Outra meta é iniciar, em breve, a produção local. Neste momento, os executivos brasileiros buscam no Paraná um fornecedor de móveis para mobiliar as unidades. O próximo passo será produzir no Brasil calçados, jeans e malharia.

As primeiras lojas da Forever 21 foram totalmente importadas - das peças nas araras até as lâmpadas. Isso é um desafio para a varejista americana, enquadrada numa categoria de lojas chamada de ‘fast-fashion’, que produz e repõe a mercadoria nas vitrines rapidamente. “Para manter o ritmo de reposição, em vez de trazer os produtos de navio, fretamos um avião, que nos entrega mercadorias novas duas vezes por semana”, diz Roizner.

Ele e sua equipe também estão tentando achar um jeito de acabar com as filas dentro e fora da loja.

O número de peças por cliente foi limitado a seis no provador, por exemplo. Nos fins de semana, eles passaram a distribuir pulseiras para controlar a entrada e estão estudando a possibilidade de usar tablets na fila do caixa para agilizar o pagamento.

“Estamos assustados com tudo isso”, diz o uruguaio. Não é só ele. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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São Paulo - Quando a primeira adolescente chegou ao shopping Morumbi, às 5h30 da madrugada, para a estreia da Forever 21 no Brasil, o coreano Do Won Chang já estava longe.

Reservado e avesso a entrevistas, o fundador da varejista de moda americana fez um bate e volta em São Paulo, na quinta-feira anterior, só para brindar e cortar a fita inaugural na presença de convidados. E foi embora na manhã seguinte, rumo ao Chile, onde está prestes a abrir mais uma loja.

Chang ficou sabendo pelo telefone que quase 2 mil pessoas fizeram fila de três horas para entrar na unidade e mais duas para conseguir passar o cartão no caixa e sair com as sacolas amarelinhas de sua marca, que causou um frenesi na capital paulista há duas semanas e, sete dias depois, no Rio.

Para acalmar a multidão, foram distribuídos cachorros-quentes e água mineral. No esforço de tentar organizar o caos, os vendedores e os 150 seguranças contratados contaram até com a ajuda dos executivos escolhidos pelo coreano para comandar a operação no Brasil.

Embora tenha feito tanto barulho na chegada, com preços surpreendentemente baixos - uma regata, a R$ 8,90 e jeans a R$ 34,90 -, Chang cobra de seus executivos o silêncio e a discrição.

A porta-voz Kristen Stricker, que veio de Los Angeles com o chefe, era a única habilitada a falar sobre a operação brasileira - sem dar muitos detalhes. Por ela, a imprensa nacional soube que a marca criou uma joint venture com um parceiro local para atuar no País. Números e nomes foram omitidos.

“Encontrar um parceiro foi o que mais atrasou a chegada da marca ao mercado brasileiro”, diz Eduardo Novaes, diretor de desenvolvimento da empresa de shoppings Multiplan, dona dos empreendimentos que vão abrigar as sete primeiras lojas da Forever 21 no Brasil: duas em São Paulo, duas no Rio, uma em Ribeirão Preto, e as outras em Brasília e Porto Alegre. “As conversas com a varejista em Los Angeles começaram há 5 anos.”


Mas só em julho de 2013 Chang conseguiu criar a tal joint venture no Brasil. A empresa foi registrada como Highland Park, com capital social de R$ 17,2 milhões. A matriz americana tem 90% do negócio e os outros 10% estão nas mãos de um empresário do Panamá, chamado Aaron David Basher Zebede. “

Ele é o contato de Mr. Chang na América Latina, onde a rede iniciou a expansão no ano passado”, diz o advogado da marca no Brasil, Fabian Sperli. Foi por meio deste panamenho, diz o advogado, que a empresa conheceu os executivos que contratou no País.

Time

Não foi fácil chegar até eles. O escritório da Forever 21, no 18º andar de um prédio na Avenida Juscelino Kubitschek, em São Paulo, ainda está sendo montado. Apenas 11 pessoas trabalham ali, mas há espaço para acomodar no mínimo quatro vezes mais. O presidente é o uruguaio Osvaldo Roizner, praticamente um desconhecido no mundo do varejo brasileiro, mas, como ele mesmo diz, cheio de “conexões”.

Ainda com sotaque carregado, Roizner afirma ter se mudado para o Brasil há 25 anos para trabalhar com importação de confecções. Hoje, ele é dono de uma empresa na China e ficava pouco em São Paulo, até ser contratado pela Forever 21.

Os outros diretores também vieram do circuito das ‘tradings’, empresas que trabalham com importação e exportação de produtos. O executivo de marketing, Eduardo Barberi, é sócio de uma loja online que importa roupas infantis e vende no atacado, chamada SelfBaby.

O diretor-geral, Edson Pera, que foi executivo da C&A na década de 90 e depois montou uma trading, é sócio de Barberi nesse negócio de roupas para bebê. Quem completa o time de executivos da Forever é o empresário André Piedade, conhecido no setor por ter trazido para o Brasil a grife americana 7 for all mankind, de jeans. “Agora, estamos todos dedicados, em tempo integral, à Forever 21”, diz Roizner.

Isso inclui organizar filas, descarregar mercadorias de madrugada e cobrar das clientes no caixa. “Estou dormindo três horas por noite.”


Tão cedo ele não terá de volta suas oito horas de sono. A empresa planeja inaugurar 20 lojas até o fim do ano que vem - quase uma por mês. Está em estudo uma unidade de rua, no bairro dos Jardins, em São Paulo.

Outra meta é iniciar, em breve, a produção local. Neste momento, os executivos brasileiros buscam no Paraná um fornecedor de móveis para mobiliar as unidades. O próximo passo será produzir no Brasil calçados, jeans e malharia.

As primeiras lojas da Forever 21 foram totalmente importadas - das peças nas araras até as lâmpadas. Isso é um desafio para a varejista americana, enquadrada numa categoria de lojas chamada de ‘fast-fashion’, que produz e repõe a mercadoria nas vitrines rapidamente. “Para manter o ritmo de reposição, em vez de trazer os produtos de navio, fretamos um avião, que nos entrega mercadorias novas duas vezes por semana”, diz Roizner.

Ele e sua equipe também estão tentando achar um jeito de acabar com as filas dentro e fora da loja.

O número de peças por cliente foi limitado a seis no provador, por exemplo. Nos fins de semana, eles passaram a distribuir pulseiras para controlar a entrada e estão estudando a possibilidade de usar tablets na fila do caixa para agilizar o pagamento.

“Estamos assustados com tudo isso”, diz o uruguaio. Não é só ele. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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