Negócios

Os bastidores da disputa entre a Tata Steel e a CSN

Livro conta como Ratan Tata, presidente do Grupo Tata, chegou à oferta que derrotou os brasileiros na disputa pela Corus

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

Leia, abaixo, um trecho do livro O romance da Tata Steel, do historiador Russi Lala. Nele, o autor relata os momentos finais da disputa entre a CSN e os indianos pela compra da anglo-holandesa Corus.

Planejando para o futuro - Capítulo 18

A Tata Steel tem alguns ativos sobre os quais vale a pena discorrer. A fonte de matéria-prima, os modernos processos de produção de aço, o domínio do mercado doméstico e as altas margens de lucro de um produto de qualidade fazem com que a empresa seja uma das mais lucrativas do mundo.

Um outro ativo é a relação receita antes dos juros, da depreciação e da tributação - a maior comparada à de outras gigantes mundiais. Em 2006, os números são: Tata Steel, 42%; Posco (Coréia), 28% e Arcelor-Mittal (anglo-holandesa), 16%. Com todos esses ativos, o presidente, Ratan Tata, queria transformar a Tata Steel de uma fábrica pequena na Índia para uma gigante mundial. Por coincidência, quando o presidente do conselho e o presidente da anglo-holandesa Corus se encontraram com Tata em Mumbai, houve um clique. A Corus tinha a mesma filosofia e cultura da Tata. A equipe da Corus havia ficado muito impressionada com a visita a Jamshedpur (onde fica uma das fábricas da Tata Steel) e começou a negociar uma possível compra da siderúrgica por parte do grupo Tata. A primeira oferta pela empresa anglo-holandesa foi feita antes do final de 2006. No entanto, antes que a proposta de 9 dólares por ação fosse apresentada aos acionistas da Corus, a CSN, uma siderúrgica brasileira com produção anual de cinco milhões de toneladas, entrou em cena e fez uma proposta maior. A proposta fez com que a venda da Corus entrasse na regra 32.5 do código de fusões e aquisições e o leilão foi suspenso.

De acordo com as leis do leilão, as duas empresas podiam fazer no máximo nove ofertas. As oito primeiras seriam abertas. Se elas não fossem suficientes para apontar um vencedor, a última proposta seria feita num envelope fechado. Na noite do dia 30 de janeiro de 2007, o presidente do grupo Tata, Ratan Tata, se trancou ao lado de outros quatro executivos do grupo num quarto do hotel Taj Mahal. Na sala de leilões em Londres, um executivo da empresa representava o grupo: Arunkumar R. Ghandi, um expert em fusões e aquisições.

As chances da Tata Steel e da CSN eram de 50% cada. Na última rodada antes das propostas fechadas, as duas empresas haviam feito a mesma proposta - 11,80 dólares por ação - os Tata tinha que decidir qual seria a próxima proposta. Eles até estavam preparados para pagar mais pela Corus, mas decidiram que a proposta seria de 12,16 dólares por ação. B. Muthuraman, um dos executivos da Tata, diz que, naquela altura do campeonato, não foi uma estratégia e nem havia um plano de ação. "Por que decidimos que a proposta final seria de 12,16 dólares por ação? Como chegamos a esse número? Eu não sei". Quando abriram a proposta da CSN, era ela 10 centavos de dólar menor. "Se tivéssemos apostado mais alto, teríamos que pagar mais pela empresa. Quem nos protegeu de não pagar mais? Não fomos nós". Um homem religioso, ele acredita que a contenda contou com uma intervenção divina.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Negócios

ApexBrasil e EXAME lançam o prêmio Melhores dos Negócios Internacionais 2024. Inscreva-se

Como a chef carioca Alessandra Montagne despontou na terra de Alain Ducasse

'Fabricado em Cantão': marcas chinesas garantem espaço nos Jogos Olímpicos de Paris

Uber expande frota com 100 mil carros elétricos da BYD na América Latina e Europa

Mais na Exame