Onde a China não ameaça
O vinho chinês ainda tem um longo caminho pela frente até estar à altura de competir no mercado internacional
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Da Redação
Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h12.
Não acontecerá como no mercado têxtil brasileiro. Ou no de brinquedos americanos. Ou no de computadores pessoais, com o avanço da Lenovo sobre a divisão de PCs da IBM. Apesar do investimento maciço de milhões de dólares e de milhares de hectares das melhores terras nas províncias do oeste, os vinhedos da China ainda não a credenciam como uma competidora importante no mercado de vinhos. "Os produtores estão plantando muitas vinhas, mas sem a tecnologia certa", disse a EXAME RESERVA o consultor Michel Rolland, um dos mais respeitados enólogos do mundo. "A qualidade não é muito empolgante." Mesmo o incipiente mercado consumidor interno, movido por uma classe média estimada em 200 milhões de pessoas, já percebeu a dificuldade de harmonizar o tradicional pato laqueado com um rótulo chinês. Segundo estudo da consultoria portuguesa Market Access, que assessora produtores nacionais interessados em explorar a sede chinesa, o mercado com maior potencial de crescimento é o de importados -- hoje responsável por apenas 5% do total dos 520 milhões de garrafas de vinho consumidos por ano. O levantamento prevê que, nos próximos anos, 8,3% da população chinesa -- cerca de 100 milhões de pessoas -- estará investindo sua renda crescente em rolhas internacionais, especialmente as francesas e as do Novo Mundo (Austrália e Chile, entre elas).
Assim como os exportadores, os produtores nacionais estão se movimentando para atender melhor a demanda interna, hoje concentrada em vinhos chineses de baixa qualidade, vendidos nos supermercados a partir de 1,65 dólar a garrafa. A Yantai Changyu, maior vinícola do país, por exemplo, está oferecendo salários anuais em torno de 100 000 dólares a enólogos com experiência comprovada "preferencialmente em Bordeaux". A Suntime International Wine Company, dona dos maiores vinhedos do país, contratou a consultoria de um produtor do Vale do Loire, na França, para supervisionar o cultivo das uvas -- cabernet sauvignon, na grande maioria. De acordo com os críticos do setor, eles estão no caminho certo: o desafio imediato é a capacitação para alinhar a produção aos padrões internacionais de controle, armazenamento e qualidade -- tarefa para não menos que cinco anos. Como se pode ver, o pato laqueado chinês ainda terá de se resignar por um bom tempo a fazer como seu colega francês, ao molho de laranja: deixar-se escoltar por um bom tinto encorpado de Bordeaux.
Não acontecerá como no mercado têxtil brasileiro. Ou no de brinquedos americanos. Ou no de computadores pessoais, com o avanço da Lenovo sobre a divisão de PCs da IBM. Apesar do investimento maciço de milhões de dólares e de milhares de hectares das melhores terras nas províncias do oeste, os vinhedos da China ainda não a credenciam como uma competidora importante no mercado de vinhos. "Os produtores estão plantando muitas vinhas, mas sem a tecnologia certa", disse a EXAME RESERVA o consultor Michel Rolland, um dos mais respeitados enólogos do mundo. "A qualidade não é muito empolgante." Mesmo o incipiente mercado consumidor interno, movido por uma classe média estimada em 200 milhões de pessoas, já percebeu a dificuldade de harmonizar o tradicional pato laqueado com um rótulo chinês. Segundo estudo da consultoria portuguesa Market Access, que assessora produtores nacionais interessados em explorar a sede chinesa, o mercado com maior potencial de crescimento é o de importados -- hoje responsável por apenas 5% do total dos 520 milhões de garrafas de vinho consumidos por ano. O levantamento prevê que, nos próximos anos, 8,3% da população chinesa -- cerca de 100 milhões de pessoas -- estará investindo sua renda crescente em rolhas internacionais, especialmente as francesas e as do Novo Mundo (Austrália e Chile, entre elas).
Assim como os exportadores, os produtores nacionais estão se movimentando para atender melhor a demanda interna, hoje concentrada em vinhos chineses de baixa qualidade, vendidos nos supermercados a partir de 1,65 dólar a garrafa. A Yantai Changyu, maior vinícola do país, por exemplo, está oferecendo salários anuais em torno de 100 000 dólares a enólogos com experiência comprovada "preferencialmente em Bordeaux". A Suntime International Wine Company, dona dos maiores vinhedos do país, contratou a consultoria de um produtor do Vale do Loire, na França, para supervisionar o cultivo das uvas -- cabernet sauvignon, na grande maioria. De acordo com os críticos do setor, eles estão no caminho certo: o desafio imediato é a capacitação para alinhar a produção aos padrões internacionais de controle, armazenamento e qualidade -- tarefa para não menos que cinco anos. Como se pode ver, o pato laqueado chinês ainda terá de se resignar por um bom tempo a fazer como seu colega francês, ao molho de laranja: deixar-se escoltar por um bom tinto encorpado de Bordeaux.