Onda de aquisições da Shell evidencia corrida por energia limpa
Companhia gastou mais de 400 milhões de dólares em uma série de aquisições nas últimas semanas
Reuters
Publicado em 26 de janeiro de 2018 às 11h30.
Londres - A Shell gastou mais de 400 milhões de dólares em uma série de aquisições nas últimas semanas, de uma empresa de energia solar a pontos de recarga de carros elétricos, intensificando sua corrida para crescer além do negócio de petróleo e gás e reduzir suas emissões de carbono.
As aquisições são ainda de pequeno porte diante do orçamento anual de 25 bilhões de dólares da petroleira anglo-holandesa para investimentos, mas seus primeiros passos nos setores de energia solar e de varejo em eletricidade em muitos anos mostram uma crescente urgência em desenvolver negócios em energia limpa.
Os investimentos não se limitaram a renováveis como biocombustíveis, energia solar e eólica. A Shell, assim como suas rivais BP, Exxon Mobil e Chevron, está apostando em uma crescente demanda por gás, o combustível fóssil menos poluente, como fonte que produzirá a energia para abastecer a esperada expansão dos carros elétricos nas próximas décadas.
Para isso, a Shell fechou em dezembro a compra da fornecedora independente de energia britânica First Utility, por cerca de 200 milhões de dólares, segundo diversas fontes próximas ao negócio. O valor da aquisição não havia sido divulgado anteriormente.
A Shell recusou-se a comentar.
Mais cedo neste mês, a companhia voltou a investir no setor solar após um hiato de 12 anos, com a compra de uma fatia de 43,86 por cento na Silicon Ranch Corporation, por 217 milhões de dólares.
Nos últimos três meses de 2017 a Shell também investiu em dois projetos para desenvolver estações de carga de veículos elétricos em rodovias europeias e assinou acordos para comprar energia solar no Reino Unido e desenvolver redes de energia renovável na Ásia e na África.
Segundo analistas do Bernstein, as grandes petroleiras investiram mais de 3 bilhões de dólares em aquisições renováveis ao longo dos últimos cinco anos, a maior parte dos recursos em energia solar.
As fusões e aquisições "verdes" hoje representam em média 13 por cento da atividade total de M&A, disseram os analistas.
Outras empresas também fizeram investimentos, como a BP, que voltou à energia solar com um investimento de 200 milhões de dólares na geradora solar Lightsource, no final do ano passado, seis anos após sair do setor com grandes prejuízos. A Total também comprou uma empresa de produção de baterias, a Saft, por 1 bilhão de dólares em 2016.