Negócios

OGX sustenta que Tubarão Martelo pode gerar US$ 11 bi

Documento assinado pelo advogado Sergio Bermudes e protocolado na CVM, leva em conta a recente avaliação da consultoria internacional DeGolyer&MacNaughton


	OGX: defesa da petroleira de Eike Batista afirma que a administração da OGX "tem confiança que resultados da exploração podem ser ainda mais auspiciosos"
 (Divulgação)

OGX: defesa da petroleira de Eike Batista afirma que a administração da OGX "tem confiança que resultados da exploração podem ser ainda mais auspiciosos" (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de outubro de 2013 às 14h48.

Rio - A petição inicial da recuperação judicial da OGX fundamenta a viabilidade econômica da recuperação da petroleira nas projeções apresentadas para os campos de Tubarão Martelo e BS-4, no qual a empresa detém 40%.

No item batizado de "olhando para o futuro", a companhia afirma que Tubarão Martelo, na Bacia de Campos, poderá gerar receitas de US$ 11 bilhões, sem explicitar em que período. Já o campo BS-4, na Bacia de Santos, teria um cenário de geração de receita de US$ 6,2 bilhões.

O documento, assinado pelo advogado Sergio Bermudes e protocolado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), leva em conta a recente avaliação da consultoria internacional DeGolyer&MacNaughton para as reservas de Tubarão Martelo. A consultoria é a mesma autora das avaliações anteriores, depois revisadas para baixo.

Talvez por isso a petição destaque que o relatório "dada a responsabilidade do avaliador e o fato de ter sido elaborado no auge da crise do grupo OGX, adotou certamente premissas conservadoras".

A defesa da petroleira de Eike Batista afirma que a administração da OGX "tem confiança que os resultados da exploração podem ser ainda mais auspiciosos".

Em relatório apresentado pelas consultorias financeiras internacionais Blackstone e Lazard ao longo das negociações com credores externos, a estimativa da DeGolyer é que Tubarão Martelo gere receita de US$ 6,18 bilhões no período 2014-2023.

As reservas do campo BS-4, em que a OGX tem como sócias a Queiroz Galvão (30%) e a Barra Energia (30%), foram analisadas pela certificadora independente Gaffney Cline & Associates. A receita estimada na certificação de setembro de 2013 é baseada em reservas prováveis.

O time de advogados da OGX lembra que uma reestruturação "impõe sacrifícios" e informa que as quatro companhias da OGX incluídas na recuperação judicial reduziram drasticamente suas despesas administrativas.


A justificativa do processo de recuperação judicial evidencia a urgência de obter os cerca de US$ 200 milhões até abril do ano que vem, sendo ao menos US$ 75 milhões ainda este ano, necessários para viabilizar a produção em Tubarão Martelo,que tem início previsto para novembro.

Na última apresentação feita aos credores internacionais de bônus, a companhia destacava que essas despesas cairiam de US$ 703 milhões para US$ 452 milhões no período 2014-2018.

O documento encaminhado ontem à 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro descreve a trajetória da OGX. O relato destaca o pioneirismo da companhia no desenvolvimento de negócios, "graças à tenacidade empresarial, ao descortino, às iniciativas inovadoras que o sr. Eike Batista, sempre aclamado pelo seu êxito, corajosamente tomou".

Também ressalta que os fatos relevantes e prospectos divulgados ao público pela empresa sempre advertiram sobre o altíssimo risco envolvido na atividade de exploração de petróleo.

A campanha exploratória privada de R$ 10 bilhões, entretanto, esbarrou na expectativa frustrada no campo de Tubarão Azul, o primeiro explorado economicamente pelo grupo. As dificuldades geológicas e tecnológicas encontradas na área acabaram também afetando as perspectivas dos campos de Tubarão Tigre, Tubarão Areia e Tubarão Gato.

A OGX amargou um prejuízo de R$ 1,9 bilhão com os contratempos em Tubarão Azul, R$ 718,5 milhões com poços em Tubarão Areia e R$ 996,6 milhões em Tubarão Tigre e Gato. Tudo isso após buscar US$ 3,6 bilhões via emissão de bonds no exterior para por em prática seu plano de negócios.

"O fato de que muitos poços não ofereceram a quantidade de petróleo necessária a torná-los produtivos repercutiu, negativamente, na receita do grupo e, por consequência, na sua capacidade de honrar, nos termos originariamente contratados, as obrigações financeiras assumidas", afirma a petição.

Bermudes confirma que a dívida do grupo soma R$ 11,2 bilhões. O passivo inclui as obrigações com os detentores de bônus e fornecedores. De acordo com a defesa da OGX não há qualquer endividamento bancário ou créditos com garantias reais. A companhia também afirma que não tem dívidas trabalhistas expressivas e que está em situação regular com a Receita Federal.

Embora admita que a dívida é elevada, a OGX argumenta que pode se reestruturar graças a seus ativos, expertise e capacidade de trabalho dos funcionários.

E lista uma série de "verdades esquecidas" pela imprensa, como o fato de a OGX ter realizado a maior campanha exploratória privada da história do País, com 120 poços perfurados, os investimentos sociais da empresa - entre os quais o apoio às Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio - e a extração do seu primeiro óleo apenas 25 meses após sua descoberta na Bacia de Campos.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEnergiaGás e combustíveisIndústria do petróleoOGpar (ex-OGX)OGXP3PetróleoRecuperações judiciais

Mais de Negócios

Grupo de certificados digitais de MG compra empresa, faz fusão e passa a valer R$ 300 milhões

EXCLUSIVO: Natura prepara primeiro fundo de investimentos em startups; anúncio ocorrerá nesta semana

Essa startup quer fazer R$ 25 milhões com comida para pets que até você pode comer

Não invista em uma franquia sem antes responder a estas 4 perguntas

Mais na Exame