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Ofertas para comprar a Reuters e o Yahoo esquentam setor de mídia

Microsoft está interessada na empresa de tecnologia; Reuters confirma proposta de compra, mas não revela interessado

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

O mercado de mídia foi agitado nesta sexta-feira (4/5) por duas novas ofertas de compra. De acordo com o jornal americano New York Post, a Microsoft está em conversas preliminares para uma eventual oferta de compra do Yahoo. Já a Reuters, uma das maiores agências de notícias e dados para o mercado financeiro, confirmou que recebeu uma proposta de aquisição, mas não revelou o grupo interessado. Segundo o jornal britânico Financial Times, a agência canadense Thomson é apontada pelos especialistas como o comprador mais provável.

As novas propostas são mais um sinal de que o setor de mídia vive uma fase inédita de consolidação. No início desta semana, a News Corporation, do empresário Rupert Murdoch, lançou uma oferta hostil de compra da agência de notícias Dow Jones. O valor proposto é de 60 dólares por ação, o que totaliza 5 bilhões de dólares. Mas a oferta pode despertar um verdadeiro leilão pela empresa, já que a família Bancroft, proprietária da agência de notícias, estaria dividida quanto ao negócio. Alguns analistas afirmam que o preço final pode chegar a 100 dólares por papel.

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No caso da Microsoft, o Yahoo é visto pelos especialistas como um alvo óbvio. A eventual aquisição colocaria a Microsoft em condições concretas de competir com o Google pela publicidade online. Se concretizada, a compra elevaria a fatia da Microsoft no mercado americano de propaganda digital para 38,4%, praticamente o triplo do que detém hoje. O Google possui 48,3%.

O banco Goldman Sachs está assessorando a empresa de Bill Gates na operação. Com base no preço de fechamento dos papéis nesta quinta-feira, o Yahoo está avaliado em 38,2 bilhões de dólares. Mas os especialistas afirmam que o valor da transação poderia ultrapassar 50 bilhões.

Esta não é a primeira vez que Gates tenta se aliar ao Yahoo. No início do ano, o site recusou uma oferta da Microsoft para adquirir uma fatia da unidade de negócios responsável pela ferramenta de buscas.

Reuters

As ações da Reuters subiram quase 30%, embora a companhia tenha informado aos investidores de que as conversas sobre a oferta de compra estão apenas no início. O valor de mercado da empresa, considerada a cotação de ontem, é de 7,75 bilhões de libras, ou cerca de 15,4 bilhões de dólares.

De acordo com o FT, comprar a Reuters pode não ser uma tarefa tão fácil. A Reuters Founders Share Company detém 30% do capital da empresa. Quando a agência de notícias foi listada na bolsa, em 1984, os controladores fizeram questão de enfatizar que desejavam manter a independência da companhia.

O interesse pela Reuters coincide com a recuperação financeira da empresa nos últimos anos, capitaneada por Tom Glocer, seu executivo-chefe. Glocer causou polêmica na organização, ao ser o primeiro dirigente sem experiência em jornalismo nos 156 anos de existência da Reuters.

Glocer iniciou um forte programa de corte de custos, lançamento de novos produtos e mudança de cultura administrativa. Entre os resultados, o executivo elevou a rentabilidade da empresa, após três anos de estagnação. Os lucros, em 2006, também cresceram, após recuarem em 2005.

Consolidação no Brasil

Para Milena Zaniboni, analista da Standard & Poor's, é improvável que o setor brasileiro de mídia assista a um processo tão intenso de consolidação. Primeiro, porque a legislação impede que investidores estrangeiros detenham mais de 30% do capital das empresas de mídia. Mesmo no caso de investidores não ligados ao setor, como os fundos de private equity, adquirir uma participação minoritária em companhias brasileiras não é uma opção muito atraente. O negócio só seria interessante, se os fundos pudessem sair da operação em um momento lucrativo - na abertura de capital da empresa investida, por exemplo.

"As aquisições no Brasil serão mais pontuais, feitas por empresas nacionais para completar seu portfólio. Ainda estamos muitos estágios atrás dos americanos, no processo de consolidação", afirma Milena.

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