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Oferta pública inicial de ações da Gol capta US$ 284 milhões

O volume total captado ficou dentro das previsões da Gol, mas o interesse dos investidores pessoa física, sobretudo no Brasil, surpreendeu a companhia

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

O volume total captado pela oferta pública da Gol atingiu 284 milhões de dólares por meio da emissão de 33,05 milhões de ações preferenciais. Os recursos serão divididos entre a Gol Linhas Aéreas Inteligentes, que realizou uma emissão primária de 18,750 milhões de papéis, e pelos acionistas que efetuaram uma oferta secundária de 14,3 milhões de ações: a Comporte Participações (do grupo de transporte rodoviária Áureo) e a BSSF Air Holdings, do grupo americano AIG Capital Partners.

O volume total captado ficou dentro das previsões da Gol, mas o interesse dos investidores de varejo, sobretudo no Brasil, surpreendeu a companhia. A demanda das pessoas físicas levou a companhia aérea a aumentar em 40% a quantidade de papéis ofertados. Com isso, do total de 33,05 milhões de ações preferenciais oferecidas, 9,254 milhões foram colocadas e 23,796 milhões foram lançadas no exterior, sob a forma de 11,898 milhões de American Depositary Shares (ADSs). Cada ADS correspondeu a duas ações. O preço de oferta foi de 26,57 reais por ação.

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Os investidores físicos brasileiros ficaram com 41% dos papéis lançados na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Já nos Estados Unidos, o varejo absorveu 20% do que foi ofertado na Bolsa de Nova York. "Os brasileiros que investiram são usuários da Gol e concordam com a política da companhia. Além disso, os brasileiros têm mais facilidade de absorver os conceitos da empresa", disse Constantino de Oliveira Oliveira Jr., presidente da Gol. Para a oferta pública, o lote mínimo para compra dos investidores individuais foi de 1 mil reais e o máximo, de 300 mil reais. No exterior, os maiores compradores foram institucionais, como fundos de investimento.

As ofertas primária e secundária garantiram à Gol um free float (parcela de ações preferenciais em poder do mercado) de 17,6%. Segundo as regras do Nível 2 da Bovespa, a empresa precisa atingir free float de 25% em três anos. A primeira alternativa é exercer o direito de green shoe previsto no prospecto da operação. Por ele, a Gol tem o direito de realizar mais uma emissão, nos próximos 30 dias, que corresponda a até 15% do 33 milhões de ações lançadas na oferta de hoje. Segundo Oliveira Jr., não se sabe quantas ações poderiam ser oferecidas pelo green shoe.

A segunda possibilidade é a AIG Capital Partners animar-se com a valorização dos papéis da Gol e decidir se desfazer dos 5,4% a 5,6% de ações da companhia aérea que a empresa americana ainda detém. A AIG tinha cerca de 12,5% de participação na Gol, mas vendeu parte disso nesta oferta pública. A última possibilidade, conforme o presidente da empresa aérea, é uma nova emissão primária. "Provavelmente, para cobrirmos a diferença do free float, seria preciso outra emissão", disse.

Pregão e planos

Em seu primeiro dia, a Gol fechou o pregão com 3 266 negócios realizados, que movimentaram 64,969 milhões de reais. Foram comercializados 2,276 milhões de açoes. Os papéis abriram em alta. Na primeira negociação, já foram cotados em 28,50 reais cada um. No fechamento, baixaram para 28 reais. Em relação ao valor da oferta primária, a valorização foi de 5,38%.

A negociação dos papéis da Gol começou simultaneamente na Bovespa e na Bolsa de Nova York. Para tanto, as ações da empresa só foram liberadas para compra e venda no Brasil a partir das 10h40, embora o pregão de outros papéis tenha começado às 10h. O presidente do Conselho de Administração da companhia, Constatntino de Oliveira, tocou a campainha que marca o início das transações na Bovespa, enquanto seu filho, Oliveira Jr., tocava o sino da bolsa novaiorquina.

De Nova York, por teleconferência, Oliveira Jr. anunciou que três novas aeronaves Boeing 737-300 integrarão a frota, a partir de julho ou agosto. Os aparelhos serão usados em novas rotas para o Nordeste e em fretamentos. O executivo disse, ainda, que não há prazo para que a empresa comece a operar vôos internacionais.

Segundo ele, os recursos captados no mercado serão usados pela companhia, sobretudo, para quitar a aquisição das aeronaves encomendadas à Boeing, no mês passado. O contrato alcança 8,6 bilhões de reais e envolve a compra de 43 aviões 737-800 Next Generation. Do total, 15 são pedidos firmes, a serem entregues entre 2007 e 2009. Os restantes são opções de compra que podem ser concluídas entre 2005 e 2010. Cerca de 85% da operação é financiada pelo Eximbank. "Os 15% serão bancados pela própria empresa, com os recursos da captação", disse Oliveira Jr."O aumento de capital torna mais fácil a transformação das opções de compra assinadas com a Boeing em pedidos firmes, mas a decisão final será baseada na demanda do mercado."

O dinheiro também servirá, segundo o executivo, para assegurar um baixo índice de alavancagem financeira na Gol, o que favorecerá a manutenção de sua estratégia de atuar como uma companhia aérea de baixos custos. Oliveira Jr. negou, porém, que isso significa que a empresa se envolverá em algum tipo de guerra de tarifas com suas concorrentes. "A política de baixos preços da Gol é mantida por nossa estrutura enxuta", afirmou.

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