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Oferta para mercado de food service ainda é precária

Para consultor especializado, indústria precisa aprender a lidar com um setor que cresceu 13% e fez compras de 38 bilhões de reais em 2005

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

Para os brasileiros em geral, o mercado de food service representa a manteiga embalada que os espera na mesa do restaurante, o sachê de mostarda oferecido na padaria, o saquinho de açúcar que adoça o café da manhã tomado no hotel. Aos olhos da indústria de alimentos e bebidas, este setor, formado por toda a cadeia de produção e distribuição de refeições fora de casa, significa uma demanda crescente por matéria-prima que ainda não conseguiu encontrar uma oferta estruturada, mesmo oferecendo em troca bilhões de reais em compras por ano.

Ainda que o setor de refeições fora de casa já venha crescendo a taxas de dois dígitos nos últimos dez anos, foi só a partir de 2003, segundo Enzo Donna, da consultoria especializada ECD, que a indústria de alimentos e bebidas percebeu que poderia embarcar nessa onda fornecendo matéria-prima em condições ideais para a produção de refeições. Encontrar embalagem, temperatura, quantidade de produto adequados para que cada estabelecimento possa ganhar agilidade e eficiência no serviço prestado ao cliente era tudo o que bastava para se criar um novo mercado consumidor. Três anos depois, a oferta já está formada, mas ainda não consegue acompanhar o ritmo de crescimento do food service, diz Donna. "O que acontece é que hoje muitos operadores de food service ainda têm de recorrer a mercados atacadistas, concentrando a energia nas compras e descuidando do atendimento".

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Aproximadamente 1 milhão de estabelecimentos - entre restaurantes, hotéis, padarias, lanchonetes, empresas de catering e outros - produzem refeições no Brasil. Eles se aproveitam de uma tendência da população brasileira, a de cada vez menos cozinhar a própria comida. De acordo com Donna, a cada quatro refeições que uma pessoa faz hoje no Brasil, uma é feita fora de casa. Com a mulher cada vez mais presente no mercado de trabalho e ausente no lar, essa proporção deve crescer nos próximos anos, diz Donna, expandindo ainda mais o mercado de food service. "Dentro de dez, quinze anos, o brasileiro fará duas das quatro refeições fora de casa", afirma.

Os números do setor são o maior estímulo para que a indústria se prepare para atender bares, lanchonetes e restaurantes, entre outros: nos últimos dez anos, as vendas das companhias de alimentos e bebidas para os operadores de food service cresceram 263%, enquanto as vendas das mesmas empresas para o varejo avançaram 117%, nas contas do consultor. Só no ano passado, o food service gastou 38 bilhões de reais para comprar matéria-prima, 13% a mais do que em 2004. Nos Estados Unidos, onde a população faz 50% de suas refeições fora de casa, esse valor deve alcançar 511 bilhões de dólares neste ano.

Além de tudo, diz Donna, já está provado que o food service é mercado consumidor que garante ganhos ao vendedor. Na contabilidade das dez principais indústrias que atendem o setor de refeições fora de casa, a participação do food service no faturamento fica entre 7% e 10% - já no lucro, o setor ganha peso e é responsável por 15% a 18% do total. "O mercado de food service é extremamente rentável para a indústria de alimentos e bebidas porque não tem o custo do canal, como gastos com campanhas promocionais dentro do supermercado, por exemplo".

Para o consultor, a medida mais urgente a ser tomada pela indústria é descobrir as necessidades dos operadores de food service, principalmente dos menores, que ainda preferem recorrer aos centros atacadistas por questões de custo. Esta barreira pode ser vencida, diz Donna, com uma estratégia simples: a exposição direta. "O que falta é as empresas criarem ou encontrarem distribuidores que mostrem os produtos a esses pequenos operadores", afirma. Chance para isso haverá ainda neste mês, em São Paulo, onde uma feira reunirá cerca de 1 500 empresas do setor, entre indústria, operadores e distribuidores.

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