Negócios

O que as empresas têm a ensinar sobre investimento na infância

Executivos debatem papel do setor privado no investimento social para a educação infantil em evento promovido por EXAME e VEJA

Educação na primeira infância: André Lahoz Mendonça de Barros, Julio Gay-Ger, Gustavo Schmidt e José Luiz Egydio Setúbal debatem o papel das empresas (Flávio Santana/Site Exame)

Educação na primeira infância: André Lahoz Mendonça de Barros, Julio Gay-Ger, Gustavo Schmidt e José Luiz Egydio Setúbal debatem o papel das empresas (Flávio Santana/Site Exame)

Luiza Calegari

Luiza Calegari

Publicado em 25 de setembro de 2017 às 10h46.

Última atualização em 6 de dezembro de 2018 às 12h36.

São Paulo – Em um país tão desigual quanto o Brasil, a eficiência da iniciativa privada pode inspirar outros setores da sociedade até em temas como a atenção à primeira infância. Além de promover iniciativas internas que ajudam a transformar a cultura empresarial, executivos precisam “exportar” boas práticas para setores envolvidos diretamente com o desenvolvimento infantil.

De que forma essas intersecções podem ser realizadas foi o tema do debate “O papel do setor privado no investimento em primeira infância”, o primeiro do evento “Os desafios da primeira infância – Por que investir em crianças de zero a 6 anos vai mudar o Brasil”, organizado pelas revistas VEJA e EXAME e apoiado pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, pela Fundación Femsa e pela United Way Brasil.

Julio Gay-ger, presidente da farmacêutica Eli Lilly no Brasil, Gustavo Schmidt, presidente da Kimberly-Clark, e José Luiz Egydio Setúbal, médico pediatra e presidente da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, discutiram a responsabilidade das empresas no desenvolvimento social e infantil, em conversa mediada por André Lahóz Mendonça de Barros, diretor de redação de EXAME.

O consenso entre os executivos é de que o governo não tem condições de arcar com toda a responsabilidade sobre a educação infantil. Por isso, o setor privado precisa assumir protagonismo nessa área, especialmente na promoção de boas condições sociais para que as famílias possam oferecer atenção e cuidado para as crianças.

Setúbal, da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, é categórico ao observar que as práticas empresariais têm impacto positivo, mas são insuficientes para levar a mudanças sociais efetivas. Ele defende que as empresas se engajem em campanhas, por vezes simples, mas de grande impacto, como a de incentivo à leitura promovida pelo banco Itaú.

Já Julio Gay-ger, da Eli Lily, destaca que o principal legado da iniciativa privada para o primeiro e o terceiro setores é a prestação de contas. "No Brasil, temos a cultura do voluntariado, mas não a do investidor social. Podemos convencer as pessoas a investirem, a darem dinheiro para iniciativas sociais, adotando a prática da iniciativa privada de prestação de contas. É preciso mostrar para onde vai o dinheiro, que ele está gerando resultados”, defendeu.

Gustavo Schmidt, da Kimberly-Clark, acredita que a sensibilidade dos empresários para os assuntos sociais está aumentando, e que as mudanças promovidas dentro do ambiente corporativo são bastante promissoras. “Sempre falamos de diversidade, mas quando visitamos empresas, as pessoas que estão lá são sempre as mesmas: as que tiveram um background familiar favorável, apoio e suporte. Agora começamos a prestar atenção, e o nosso maior desafio, na América Latina, é democratizar o acesso ao bem-estar social”.

Boas práticas

Os executivos também elencaram boas práticas das próprias empresas que podem ajudar a inspirar mudanças na sociedade.

Gustavo Schmidt mencionou a extensão da licença-paternidade, além de subsídios a cuidadores para os filhos de mães das empresas, para que elas possam continuar viajando. “Também não adianta dar licença-maternidade e depois obrigar a pessoa a trabalhar 10 horas por dia para a empresa. Você precisa mostrar que a empresa está preocupada com o bem-estar da família dos funcionários, é só isso que gera engajamento”, defendeu.

Schmidt ainda citou um programa de voluntariado canadense, que ele quer implantar no Brasil, para abraçar crianças que nasceram prematuras em situação vulnerável. “Parece bobo para a gente, porque a maioria de nós aqui provavelmente teve acesso a esse cuidado no começo da vida, alguém que nos deu afeto. Mas muitas crianças não têm, e essa atitude pode ser poderosa”.

Julio Gay-ger, da Eli Lily, também citou alguns programas de voluntariado na empresa. “Todo dia 28 de setembro nós temos um dia do voluntariado, voltado para vários setores. E o que a gente observa é que as pessoas se envolvem tanto que continuam com o trabalho, mesmo fora da data patrocinada pela empresa”, contou.

André Lahóz Mendonça de Barros também lembrou a iniciativa da revista EXAME, que lançou o Guia de Responsabilidade do Empresário, quando ainda não se falava tão amplamente em sustentabilidade. “Isso criou uma competição positiva”, comentou.

Veja os vídeos feitos para o evento com crianças do Acre e de São Paulo:

https://www.youtube.com/watch?v=8kVa4cQIch8

 

https://www.youtube.com/watch?v=W6VuKKVCaJg

Acompanhe tudo sobre:CriançasEducaçãoEducação no BrasilEmpresas privadaseventos-exameExecutivosPatrocinado

Mais de Negócios

Como um adolescente de 17 anos transformou um empréstimo de US$ 1 mil em uma franquia bilionária

Um acordo de R$ 110 milhões em Bauru: sócios da Ikatec compram participação em empresa de tecnologia

Por que uma rede de ursinho de pelúcia decidiu investir R$ 100 milhões num hotel temático em Gramado

Di Santinni compra marca gaúcha de calçados por R$ 36 milhões

Mais na Exame