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O homem que ajudou a Sony a voltar ao topo dos games

Shu Yoshida, presidente dos estúdios de games da Sony, defendeu alguns dos maiores sucessos no ramo e mostrou que os clientes podem pagar bem por bons títulos

Shuhei Yoshida, presidente dos estúdios mundiais de videogames da Sony (Patrick T. Fallon/Bloomberg)

Shuhei Yoshida, presidente dos estúdios mundiais de videogames da Sony (Patrick T. Fallon/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 23 de fevereiro de 2015 às 21h41.

Tóquio - “Quantas pessoas vieram aqui pelos videogames?”, perguntou um apresentador na abertura da festa do PlayStation da Sony Corp. em Las Vegas em dezembro. A multidão bramou.

“E quantas vieram para dar um abraço em Shu Yoshida?”. O barulho ficou ainda mais alto.

O homem em questão é uma celebridade improvável. Baixinho e de óculos, Shuhei Yoshida, 50, é presidente dos estúdios mundiais de videogames da Sony.

O que ele fez para ganhar tanto carinho foi defender alguns dos maiores sucessos no ramo e demonstrar que as pessoas estão dispostas a pagar US$ 70 por títulos de primeira classe até mesmo em um mundo com milhares de videogames grátis para smartphones.

Enquanto isso, ele ajudou o CEO Kazuo Hirai a levar a Sony para uma surpreendente recuperação. A unidade de videogames da empresa não apenas sobreviveu, mas também teve o melhor lançamento de um console da história com o PlayStation 4. A divisão é um dos motivos pelos quais a Sony está prestes a ter seus maiores lucros desde 1998, quando fabricava reprodutores de música MiniDisc e produziu o filme “MIB: Homens de Preto” (sim, o primeiro).

“Yoshida e sua equipe tiveram sorte com a inspiração”, disse James Mielke, executivo da startup de videogames em nuvem Shinra Technologies Inc. “Certamente ele é uma estrela. Mas é uma estrela de qualidade humilde”.

O sucesso dos videogames ajudou a alimentar um crescimento acelerado no preço das ações da Sony. Elas fecharam a 3.205,5 ienes em hoje, tendo subido 81 por cento nos últimos 12 meses.

Não é exagero dizer que a vida de Yoshida são os jogos de computador. Ele cresceu jogando fliperamas e títulos da Nintendo Co., com sede em Kyoto, sua cidade natal.

Ele se uniu à divisão de videogames da Sony há mais de duas décadas, enquanto a empresa estava desenvolvendo seu primeiro PlayStation. Hoje ele utiliza cinco consoles para garantir que seja possível jogar videogames de qualquer região.

Na sua casa, ele usa um Wii U com seus gêmeos de nove anos, e deixa conteúdos mais adultos para seu escritório.

Estratégia independente

Como diretor do estúdio, ele adotou uma abordagem extraordinariamente inclusiva. Ele trabalha com os desenvolvedores da Sony para criar jogos como “Uncharted” e também apoia criadores independentes, abrindo seu talão de cheques para ajudar a produzir sucessos como “Journey”.

Yoshida usa o Twitter para elogiar hits independentes, fazer piadas sobre a concorrência e falar com os jogadores. Seus seguidores cresceram até chegar a 153.000, na mesma faixa que Sheryl Sandberg do Facebook Inc.

Ele até virou uma personagem utilizável pelo estúdio independente Capybara Games Inc. (seu dublê digital emprega um smartphone para derrotar inimigos com tweets que dizem “Eu amo o PS4!”).

A estratégia da Sony com independentes entrou em foco por volta de 2010, disse Yoshida. À medida que os principais estúdios se focavam nos títulos das suas franquias, a crescente popularidade dos videogames para smartphones jogados em iPhone da Apple Inc. e em dispositivos com o Android do Google Inc. ameaçava o futuro dos consoles. Estouros como “Angry Birds”, da Rovio Entertainment Oy, que teve mais de 2 bilhões de downloads, ameaçaram de forma quase imediata os consoles portáveis da Sony.

A resposta de Yoshida foi cortejar desenvolvedores independentes com dinheiro e apoio na produção em troca por certo grau de exclusividade. A Sony trabalha com criadores nos EUA, na Europa e no Japão.

Ecossistemas

“Tudo se resume a ecossistemas em concorrência”, disse Yoshida. “Isto se aplica à Apple, ao Google, à Amazon e à Microsoft. A plataforma abrange os conteúdos e serviços que funcionam no seu hardware, mas também várias parcerias. É uma época interessante, porque seus rivais também podem ser seus sócios”.

Não que Yoshida dê uma folga na concorrência. Em um tweet recente, ele defendeu o PlayStation Portable contra o smartphone da Apple.

“Seu iPhone tem ‘Uncharted’?”.

Um jogador lhe pediu sua opinião sobre o Xbox One.

“Desculpa, caí no sono. Você me perguntou pelo HTC One?”.

Seus fãs adoraram.

“Por que todos os executivos não podem ser como você?”, perguntou um deles.

“Eles são adultos”, respondeu Yoshida.

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