Nubank chega a 5 milhões de clientes e já é um dos maiores do mundo
Cartão roxo chega a 5 milhões de clientes no crédito e 2,5 milhões na conta digital. Segundo o CEO, David Vélez, Nubank é maior banco digital fora da Ásia.
Mariana Desidério
Publicado em 27 de setembro de 2018 às 12h09.
Última atualização em 27 de setembro de 2018 às 14h30.
São Paulo – O banco digital Nubank alcançou a marca de 5 milhões de clientes no cartão de crédito e afirma ser o maior banco digital fora da Ásia. A companhia está entre os cinco maiores emissores de cartão de crédito do país. No serviço de conta digital, a fintech alcançou a marca de 2,5 milhões de clientes.
“Somos o maior do mundo, se não contarmos os países asiáticos”, afirmou o CEO David Vélez em evento para a imprensa nesta quinta-feira, em que o Nubank anunciou novo design para seus cartões.
Na visão de Vélez, a opção por começar a operar via cartão de crédito foi uma das grandes responsáveis pelo crescimento da empresa. “Muitos bancos digitais começaram com débito, e é mais difícil conquistar o cliente com isso. Porque é uma marca pedindo que você deposite o seu dinheiro. Começar com o cartão de crédito, somos nós que confiamos no cliente, é uma operação com maior risco também”, explica Vélez.
O CEO comentou também a regulamentação do setor financeiro no Brasil. Um dos gargalos é o prazo de pagamento dos cartões aos comerciantes. O Brasil é um dos poucos países no mundo em que, por lei, os lojistas só recebem 30 dias após a compra com cartão de crédito ser feita. O comerciante pode pedir para antecipar seu pagamento e, em troca, pagar um percentual à gestora de pagamentos, taxa que varia entre 2 a 3% e já é descontada antes do depósito.
No fim de 2016, quando o Banco Central sugeriu mudar a regra de 30 dias para dois dias, como é no mercado americano, o Nubank ameaçou fechar as portas. Em reportagem publicada essa semana, EXAME mostrou que a fintech Beblue atrasou o pagamento aos comerciantes por falta de caixa, expondo este problema do setor.
Para Vélez, a tendência é que esse prazo de 30 dias diminua, mas não com uma medida imediata do órgão regulador, e sim com mais concorrência no mercado. "Se fizer essa mudança de um dia para o outro, as taxas vão duplicar. Vemos um monte de novas empresas cometindo nesse mercado, co isso as margens baixam, muitas já oferecem prazos menores, nós e outros oferecemos cartões sem tarifas. Isso tudo traz mais concorrência. O maior risco é um regulador tomar decisões sem entender as várias partes dessa cadeia, que é complexa. A gente tem um relacionamento excelente com o Banco Central e eles estão focados em aumentar a concorrência", afirmou.
Foi-se o tempo em que só bancos ofereciam serviços financeiros. Além das fintechs como o próprio Nubank, há no mercado uma tendência que leva gigantes como Uber a oferecer serviços de pagamento. Questionado sobre as consequências de uma possível chegada de concorrentes de peso ao Brasil, Vélez afirma que o setor não funciona no modo "winner takes all". "Se você olhar para o mercado chinês, por exemplo, há vários players que se substituem em um ponto, colaboram entre si em outro, competem em algum momento", disse. O próprio Nubank tem visto a ampliação de sua gama de concorrentes no Brasil e, mesmo assim, "nossos números só aumentam", comparou.
Novidade
O banco lança na semana que vem um novo design para seus cartões, que passarão a fazer pagamentos contactless, ou seja, apenas aproximando o cartão da máquina, sem necessidade de digitar a senha. O número do cartão ficará na parte de trás do plástico e há mais destaque para o nome do cliente. “É como se fosse feito especialmente para o cliente, como um cartão de visitas”, disse Mariana Netto, gerente de marca da companhia.
O Nubank chegou ao mercado em 2013 como um cartão de crédito digital sem anuidade e fez sucesso num ambiente marcado pela concentração em grandes instituições financeiras – com serviços caros muitas vezes pouco transparentes. Mais recentemente, a empresa passou a oferecer também contas digitais.
No primeiro semestre do ano, seu valor de mercado foi avaliado em mais de 1 bilhão de dólares, o que colocou o Nubank na seleta lista de unicórnios brasileiros.