Nova fase da crise destrói empregos e assusta banqueiros
Os grandes banqueiros do país apontam o desemprego como uma preocupação crucial
Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2015 às 21h52.
Os primeiros sinais da próxima grande crise da economia brasileira já começaram a aparecer nas poluídas cidades industriais que rodeiam São Paulo .
O mercado de trabalho , que por muito tempo foi a única fonte de dados positivos na economia, passou a se deteriorar – e rapidamente. A taxa de desemprego, que era de 4,3% no final de 2014, já subiu para 7,6%.
As demissões podem ser vistas claramente nessa região, que abriga fábricas de automóveis construídas há décadas por gigantes como Ford e Volkswagen.
O estado de São Paulo hoje perde cerca de 20.000 empregos por mês, de acordo com a Fiesp.
Em conversas reservadas, os grandes banqueiros do país apontam o desemprego como uma preocupação crucial. Ele está por trás de boa parte da insatisfação popular com a presidente Dilma Rousseff, ajudando a impulsionar movimentos por seu impeachment.
E, mais do que isso, o aumento do número de desempregados ameaça piorar a recessão -– que já deve ser a pior desde 1990 --, deixando milhões de brasileiros que alimentaram o crescimento na última década sem meios de pagar suas dívidas.
Rossini Santos está exatamente nessa situação. O metalúrgico, hoje com 43 anos, tomou um empréstimo em 2009 para financiar sua casa, perto da fábrica de componentes de autopeças na qual trabalhava.
Em 2014, meses depois de um novo financiamento para compra de um carro, a fábrica entrou em recuperação judicial -– meses depois, Santos foi demitido, e agora recebe R$ 1.380,00 mensais em seguro-desemprego, um terço do que ganhava.
Os indicadores dão poucas razões para otimismo.
A economia, que entrou em recessão no segundo trimestre, deve se retrair 3% esse ano, segundo estimativas do Itaú –- o banco também estima que o desemprego ultrapasse 10% em 2016. O real acumula a maior desvalorização entre moedas de mercados emergentes, enquanto a inflação se aproxima de 10%.
A demora na reação da taxa de desemprego não é anormal -– o indicador geralmente é visto como um número atrasado da situação econômica –- mas a velocidade do avanço nos últimos meses tem surpreendido economistas.
Em conversas informais com grandes banqueiros do país, o assunto sempre vem à tona como um dos fatores que poderiam piorar a crise. A preocupação é que a deterioração só começou, e ainda terá efeitos mais sérios no consumo e, em última instância, nos índices de inadimplência.
Para Marcílio Moreira, ministro da Fazenda nos anos 1990, a situação ainda vai piorar “em termos de produção, inflação e desemprego.”
Isso é uma má notícia para Santos. Já não é fácil encontrar empregos em sua cidade de Santo André, parte do ABC. A região é o berço da indústria automobilística e também onde o ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou sua carreira política como sindicalista.
Os pagamentos dos empréstimos de Santos têm de ser feitos todo mês, até 2039. Seu seguro desemprego acaba no final do ano.
Os primeiros sinais da próxima grande crise da economia brasileira já começaram a aparecer nas poluídas cidades industriais que rodeiam São Paulo .
O mercado de trabalho , que por muito tempo foi a única fonte de dados positivos na economia, passou a se deteriorar – e rapidamente. A taxa de desemprego, que era de 4,3% no final de 2014, já subiu para 7,6%.
As demissões podem ser vistas claramente nessa região, que abriga fábricas de automóveis construídas há décadas por gigantes como Ford e Volkswagen.
O estado de São Paulo hoje perde cerca de 20.000 empregos por mês, de acordo com a Fiesp.
Em conversas reservadas, os grandes banqueiros do país apontam o desemprego como uma preocupação crucial. Ele está por trás de boa parte da insatisfação popular com a presidente Dilma Rousseff, ajudando a impulsionar movimentos por seu impeachment.
E, mais do que isso, o aumento do número de desempregados ameaça piorar a recessão -– que já deve ser a pior desde 1990 --, deixando milhões de brasileiros que alimentaram o crescimento na última década sem meios de pagar suas dívidas.
Rossini Santos está exatamente nessa situação. O metalúrgico, hoje com 43 anos, tomou um empréstimo em 2009 para financiar sua casa, perto da fábrica de componentes de autopeças na qual trabalhava.
Em 2014, meses depois de um novo financiamento para compra de um carro, a fábrica entrou em recuperação judicial -– meses depois, Santos foi demitido, e agora recebe R$ 1.380,00 mensais em seguro-desemprego, um terço do que ganhava.
Os indicadores dão poucas razões para otimismo.
A economia, que entrou em recessão no segundo trimestre, deve se retrair 3% esse ano, segundo estimativas do Itaú –- o banco também estima que o desemprego ultrapasse 10% em 2016. O real acumula a maior desvalorização entre moedas de mercados emergentes, enquanto a inflação se aproxima de 10%.
A demora na reação da taxa de desemprego não é anormal -– o indicador geralmente é visto como um número atrasado da situação econômica –- mas a velocidade do avanço nos últimos meses tem surpreendido economistas.
Em conversas informais com grandes banqueiros do país, o assunto sempre vem à tona como um dos fatores que poderiam piorar a crise. A preocupação é que a deterioração só começou, e ainda terá efeitos mais sérios no consumo e, em última instância, nos índices de inadimplência.
Para Marcílio Moreira, ministro da Fazenda nos anos 1990, a situação ainda vai piorar “em termos de produção, inflação e desemprego.”
Isso é uma má notícia para Santos. Já não é fácil encontrar empregos em sua cidade de Santo André, parte do ABC. A região é o berço da indústria automobilística e também onde o ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou sua carreira política como sindicalista.
Os pagamentos dos empréstimos de Santos têm de ser feitos todo mês, até 2039. Seu seguro desemprego acaba no final do ano.