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Petrobras tem um novo problema nas mãos: os sindicatos

A Petrobras, que enfrenta a queda dos preços do petróleo, um escândalo de corrupção e a carga de dívida mais pesada do setor petrolífero, tem mais um problema


	Logotipo da Petrobras: trabalhadores da empresa iniciaram nesta semana uma greve que reduziu a produção diária e paralisou pelo menos 25 plataformas offshore
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Logotipo da Petrobras: trabalhadores da empresa iniciaram nesta semana uma greve que reduziu a produção diária e paralisou pelo menos 25 plataformas offshore (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2015 às 18h28.

A Petrobras, empresa petrolífera estatal brasileira que enfrenta a queda dos preços do petróleo, um abrangente escândalo de corrupção e a carga de dívida mais pesada do setor petrolífero global, tem um novo problema nas mãos: os sindicatos.

Os trabalhadores da empresa iniciaram nesta semana uma greve que reduziu a produção diária e paralisou pelo menos 25 plataformas offshore.

Diferentemente dos anos anteriores, quando os funcionários exigiram aumentos salariais e uma fatia maior dos lucros, desta vez eles estão lutando por algo mais ilusório: a interrupção dos cortes de gastos e das vendas de ativos que os investidores dizem ser necessária para salvar a pressionada empresa de petróleo de ser superada por sua dívida.

A reação no solo e as exigências do sindicato ressaltam o tamanho da queda da antes poderosa Petrobras.

Em essência, os petroleiros querem voltar o relógio, para quando o petróleo era negociado acima de US$ 100 o barril e a Petrobras era o motor do crescimento econômico do Brasil -- "uma exigência impossível, que torna improvável uma rápida resolução da disputa trabalhista", disse Adriano Pires, presidente da CBIE, uma consultoria de energia do Rio de Janeiro.

“O sindicato está ignorando a realidade pela qual a empresa está passando”, disse Pires. “Essa é uma greve que acarretará custos para a Petrobras e para o Brasil”.

Justamente quando os investidores pensavam que as coisas não poderiam piorar para a Petrobras, a greve que começou em 1º de novembro ameaça reduzir a produção mensal e o profundamente necessário fluxo de caixa. A empresa está em dificuldades após a desvalorização de 30 por cento do real neste ano, que inchou o tamanho de sua dívida em dólares quando convertida para a moeda local.

O presidente da empresa, Aldemir Bendine, disse que quer vender mais de US$ 15 bilhões em ativos até o fim do ano que vem e reduzir as despesas de capital em mais de um terço. Isso ameaça aumentar o desemprego, que já está no nível mais alto dos últimos cinco anos e meio, porque o Brasil está no meio de uma recessão que, segundo projeções, será a mais longa desde a Grande Depressão.

Produção diária

As ações da Petrobras caíram 19 por cento neste ano e sua classificação de crédito foi cortada em setembro pela Standard & Poor’s, transformando a empresa na maior tomadora de empréstimos de grau especulativo do mundo.

Apesar de a Petrobras ter dito em um comunicado que a produção diária foi cortada em 13 por cento na segunda-feira e em 8,5 por cento na terça-feira, para a Federação Única dos Petroleiros, conhecida como FUP, a empresa está subestimando o impacto do movimento. A pior greve das últimas décadas foi uma paralisação de um mês de duração ocorrida em 1995, quando os trabalhadores lutaram contra a abertura do setor petrolífero à concorrência.

“A resistência dos trabalhadores às vendas de ativos para resolução dos problemas financeiros da Petrobras é um assunto ainda mais difícil para a administração da empresa resolver” do que as exigências salariais, disseram Frank McGann e Vicente Falanga, analistas do Bank of America, em nota a clientes na terça-feira. “Não há forma de a Petrobras reduzir essa carga de dívida para níveis aceitáveis em um período razoável sem uma venda bastante significativa de ativos se não houver um aumento muito nítido nos preços do petróleo por um longo período”.

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