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OGX confirma calote de US$ 45 milhões a credores

Medo dos investidores é confirmado, e OGX informa que está em processo de revisão da estrutura de capital


	Eike Batista: OGX é a primeira empresa do ex-bilionário a dar um calote em credores
 (Marcos Issa/Bloomberg)

Eike Batista: OGX é a primeira empresa do ex-bilionário a dar um calote em credores (Marcos Issa/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2014 às 07h51.

São Paulo - Confirmando o temor dos investidores, a OGX, petrolífera de Eike Batista, informou nesta terça-feira que não vai pagar os 45 milhões de dólares que vencem hoje, referentes aos juros que deveriam ser distribuídos ao credores de bônus.

Em fato relevante, a empresa justificou a medida, dizendo que está em "processo de revisão de sua estrutura de capital relacionada, por sua vez, à revisão do seu plano de negócios".

No comunicado, a OGX informa que contratou a assessoria dos bancos Lazard e Blackstone para negociar com os credores da empresa.

A suspensão do pagamento abre espaço para que a OGX peça recuperação judicial, a fim de lidar com o pesado endividamento que a sufoca. Na coluna Radar da edição de Veja desta semana, por exemplo, consta que a petrolífera já decidiu recorrer à proteção judicial.

Os juros referem-se à emissão de notes feita pela OGX em março de 2012. Na ocasião, a empresa captou 1,063 bilhão de dólares no mercado, com papéis que vencerão em abril de 2022. Em troca, prometeu juros de 8,375% ao ano, pagos semestralmente, em abril e outubro.

Pode piorar

Segundo a petrolífera de Eike, as cláusulas da emissão determinam que a empresa tem 30 dias para adotar medidas que impeçam o vencimento antecipado dos papéis. Isso significa que, passado esse prazo, a situação da empresa pode se complicar ainda mais. Caso não haja uma solução, os credores podem cobrar o resgate total de emissão - os 1,063 bilhão de dólares - e não apenas os juros que a empresa pagaria até 2022.

Esta é a primeira empresa de Eike a dar um calote em credores, o que complica ainda mais a situação do ex-bilionário. O problema é que isso pode gerar um efeito-dominó. Alguns analistas já apontam que a situação da OGX pode arrastar para a inadimplência a sua coirmã OSX, a empresa de construção naval especializado em petróleo de Eike.


Atualmente, a OGX é o maior cliente da OSX, que já viu a petrolífera cancelar a encomenda de duas plataformas.

Não pago

Os problemas da OGX se aprofundaram no início de setembro, quando a empresa decidiu exigir de Eike o aporte de 1 bilhão de dólares anunciado em outubro do ano passado. Pelo contrato - tecnicamente chamado de "put" -, Eike é obrigado a comprar ações da OGX por um preço muito acima de suas cotações atuais de mercado.

O ex-bilionário comunicou a empresa, oficialmente, de que não daria o dinheiro - e ainda iria questionar a decisão da diretoria. Ele argumentou que somente os membros independentes do conselho de administração poderiam tomar essa decisão, embora o acordo preveja explcitamente que, na ausência destes, a diretoria também poderia decidir.

Se o impasse não se resolver em 60 dias - contados a partir de setembro -, a divergência irá para uma câmara de arbitragem.

Queimando caixa

Mas, mesmo que a OGX recebesse cheques polpudos de Eike, eles talvez não resolvessem os problemas de caixa da empresa. Primeiro, o 1 bilhão de dólares viria em prestações – o primeiro desembolso seria de 100 milhões de dólares. O restante seria injetado à medida que a empresa precisasse honrar compromissos.

A velocidade de queima do caixa da OGX, porém, impressiona. O número mais comentado do balanço da empresa, no segundo trimestre, foi a queda de 822 milhões de dólares em seu caixa, em relação ao primeiro trimestre. A empresa festejou o Réveillon com 1,14 bilhão de dólares em caixa, mas terminou junho com 326 milhões.

Somente o “trivial” (custos de produção, despesas de exploração, despesas com vendas e gerais e administrativas) consumiu quase 190 milhões de reais no segundo trimestre. As despesas financeiras, que consideram os desembolsos com juros de financiamentos, tomaram outros 150 milhões de reais.

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