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No futuro, carne vermelha pode ter tributação por desmatamento, diz Fitch

Consultoria diz que países podem vir a tributar carne por danos ambientais e maus tratos a animais, mas vê como "improvável" imposto sobre o setor no Brasil

(Thierry Zoccolan/AFP)
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Carolina Riveira

Publicado em 15 de agosto de 2019 às 06h00.

Última atualização em 15 de agosto de 2019 às 06h00.

Londres -- A carne vermelha pode ser alvo de impostos mais altos devido às críticas ao papel do setor na mudança climática , no desmatamento e na crueldade contra os animais , segundo um relatório da consultoria Fitch Solutions Macro Research.

A ideia ainda é preliminar e enfrenta muita oposição de pecuaristas, mas surge como tendência na Europa Ocidental, disse o grupo de pesquisa. Se os impostos realmente forem implementados, a medida poderia incentivar mais pessoas a consumir proteínas de aves ou à base de plantas e ajudar a impulsionar produtos que substituem a carne.

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"O aumento global dos impostos sobre o açúcar torna fácil prever uma onda semelhante de medidas regulatórias visando o setor de carnes", disse a Fitch Solutions. No entanto, "é altamente improvável que um imposto seja implementado em breve nos Estados Unidos ou no Brasil".

Na Alemanha, alguns políticospropuseramaumentar os impostos sobre vendas de produtos de carne para financiar melhores condições de vida dos animais. Uma pesquisa do grupo de mídia Funke mostrou que a maioria dos alemães, ou 56,4%, apoia a medida, sendo que mais de um terço a classificou como "muito positiva". Cerca de 82% dos eleitores do Partido Verde são a favor. Propostas semelhantes têm sido introduzidas na Dinamarca e na Suécia desde 2016, segundo a Fitch Solutions.

A Universidade Goldsmiths, em Londres, anunciou na segunda-feira que deixará de vender carne bovina no campus como parte de uma iniciativa para combater a mudança climática. A decisão foi criticada pela National Farmers Union (união nacional dos fazendeiros, em inglês), do Reino Unido, segundo a qual é "excessivamente simplista" escolher apenas um produto alimentar como resposta ao aquecimento global.

Os impostos sobre carnes e açúcar são polêmicos há muito tempo. Pouco depois de assumir o cargo em julho, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson sugeriu que aboliria o imposto do Reino Unido sobre bebidas açucaradas e disse que há formas melhores de combater a obesidade.

A Fitch disse que os preços de carne suína e bovina na Europa Ocidental são relativamente baixos, por isso qualquer imposto adicional teria que causar uma grande mudança nos preços de varejo para mudar os hábitos de compra dos consumidores.

O maior argumento contra a carne bovina no momento não é apoiado nos efeitos para a saúde, mas para a mudança climática. Em relatório divulgado este mês, as Nações Unidas disseram que a agricultura, a silvicultura e outros tipos de uso da terra contribuem com cerca de 25% das emissões de gases de efeito estufa.

A indústria de carne também tem sido criticada após estudos que vincularam o excesso de consumo de carne vermelha e processada a doenças como problemas cardíacos e câncer. A Fitch Solutions relacionou essas preocupações às questões de saúde que levaram ao imposto sobre o açúcar: “Um imposto sobre carnes poderia, portanto, emergir como uma política semelhante ao imposto sobre o açúcar, apoiada na teoria de que a carne de fato contribui para uma dieta equilibrada, mas que seu consumo excessivo é um problema de saúde pública".

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