Neoenergia abre pior temporada de balanços em 12 anos
Resultado deve mostrar queda no consumo de energia e aumento da inadimplência, mas o pior virá com as empresas de aviação, e até com as varejistas
Denyse Godoy
Publicado em 21 de julho de 2020 às 07h00.
Última atualização em 21 de julho de 2020 às 07h07.
Apertem os cintos. A temporada de divulgação dos balanços corporativos brasileiros referentes ao segundo trimestre de 2020 está começando. Por causa da pandemia do novo coronavírus , que congelou a economia mundial a partir de março e ainda está longe do fim, as empresas de capital aberto devem anunciar os piores resultados desde a crise financeira global de 2008.
A primeira companhia a publicar seus números, após o fechamento do pregão desta terça-feira, 21, é a Neoenergia , maior grupo privado do setor elétrico brasileiro, com 13,5 milhões de clientes em cinco estados incluindo São Paulo e a Bahia. Deve dar uma boa ideia do que o investidor vai ver nas próximas semanas.
Com a redução no consumo (especialmente dos clientes empresariais) e aumento da inadimplência (notadamente dos residenciais), a receita da Neoenergia deve ter caído 1,8% no período de maio a junho deste ano em relação ao mesmo período de 2019, para 5,59 bilhões de reais, pelos cálculos do banco de investimentos Credit Suisse. O lucro deve ter despencado 41,6% no mesmo intervalo, a 303,1 milhões de reais.
Muito piores do que essas quedas devem ser as do setor de aviação. O banco de investimentos BTG Pactual, do mesmo grupo que controla a EXAME, estima uma baixa trimestral de 90% nas receitas da Gol, a maior companhia aérea do país, para 325 milhões de reais, e um prejuízo de 2,39 bilhões de reais, mais de dez vezes superior aos 195 milhões registrados no segundo trimestre de 2019.
De acordo com o BTG, entre as poucas empresas que devem ter se saído melhor nesse cenário de terra arrasada se destacam as produtoras de carne. Os lucros da JBS devem ter subido 122%, para 3,8 bilhões de reais, e os da Marfrig, 763%, para 863 milhões de reais, de acordo com o BTG.
Estrelas da bolsa de valores, como o varejista Magazine Luiza, de móveis e eletroeletrônicos, e a rede de lojas de roupas Renner provavelmente não escaparam incólumes. Para o Magalu, a estimativa é que o lucro de 388 milhões de reais do segundo trimestre de 2019 tenha virado um prejuízo de 154 milhões entre abril e junho deste ano, enquanto a Renner deve ter amargado um prejuízo de 125 milhões de reais no segundo trimestre de 2020, contra um lucro de 235 milhões no ano passado.
Aos investidores, só resta torcer para que a economia se recupere logo desse tombo histórico.